Autor: Pastor Gilberto Stefano
IgrejaBatista da Fé,
Rua JamilDib Lufti, nr. 165
JardimSanta Clara
17500-000Marília, São Paulo
Fonte:www.palavraprudente.com.br
[01] A ORIGEM DO APELIDO "CRISTÃO"
[02] A GRANDE DESFRATERNIZAÇÃO DAS IGREJAS CRISTÃS
[03] A ORIGEM DOS "ANABATISTAS"
[04] AS PERSEGUIÇÕES CONTRA OS ANABATISTAS
[05] IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS ATÉ O SÉCULO XII
[06] IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS DO SÉCULO XII a XV
[07] OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
[08] A QUEDA DO APELIDO ANABATISTA
[09] OS BATISTAS
[10] A HISTÓRIA DAS IGREJAS ERRADAS APÓS A EXCLUSÃO
Os Católicos e Os Protestantes
[11] A Igreja Adventista do Sétimo Dia e Os Testemunhas de Jeová
[12] Os Pentecostais, Os Neo-Pentecostais e Os Carismáticos
CAPÍTULO I
O significadopara a palavra cristão hoje é bem diferente do significado usado nas escrituras.Hoje, qualquer um que segue uma religião denominada "cristã", acha seno direito de dizer que é um cristão. Alguns são tão depravados em sua forma deviver que de maneira nenhuma fazem jus a essa palavra. Outros são tão errados biblicamentee mesmo assim insistem em achar-se cristãos. E aí está o problema: O próprio indivíduoachar-se um cristão quando não o é.
A palavra cristão como é usada na bíblia é um apelido. E este apelido referia-seaos crentes que andavam de uma forma digna. A conduta (dentro da família e da sociedade),a transformação interior e exterior, sucediam a profissão de fé destes crentes.Tamanha era a transformação que se tornavam impossíveis de não serem notados. Entãoa própria sociedade, testemunhando esta transformação, chamava-os de "cristãos".Assim, ser apelidado de cristão seria uma grande honra a qualquer crente.
É errado, mesmo numa igreja considerada correta, chamar pessoas não regeneradasde cristãos. Não vemos na Bíblia um só exemplo dos apóstolos considerarem verdadeiroscrentes aqueles que ainda viviam no pecado. Paulo nos dá um grande exemplo dissoem I Co 6,9-11; quando fala que: "Os injustos não herdarão o reino de Deus", e numa lista muitoampla dá exemplo do que é ser um injusto: "Não vos enganeis, nem impuros, nem idólatras, nemadúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados,nem maldizentes, nem roubadores, herdarão o reino dos céus, e tais fostes algunsde vós".Alguns Coríntios foram achados nos pecados mencionados acima. Foram! Mas o sanguede Jesus lavou-os, santificou-os e os justificou. O pecado era coisa do passadona vida destes crentes. Achar que se é um cristão por pertencer a uma igreja denominadade cristã é um grande erro. A maior igreja cristã do mundo tem um bilhão e duzentosmilhões de fiéis. Todos idólatras, ou então não estariam lá. Herdarão os mesmoso reino dos céus? Se não herdarão os reino dos céus porque é certo chamá-los decristãos?
O verdadeiro significado da palavra "cristão" não está tanto neste lindoapelido. Está na pessoa que aceita Jesus como seu salvador e vive dignamente comoum verdadeiro discípulo do Senhor Jesus Cristo.
A palavra cristão também não é um nome próprio dado por Jesus aos seus discípulos.Ele jamais chamou um de seus apóstolos ou qualquer outra pessoa de "cristão".Ele simplesmente chamava-os de "discípulos" ou "seguidores".Esta palavra, no sentido que é usada na Bíblia, é nada mais e nada menos que umapelido dado aos discípulos ou membros da igreja de Jesus Cristo.
O apelido"cristão" surgiu pela primeira vez na cidade de Antioquia em referenciaaos discípulos de Cristo naquela cidade (At 11,26). Foram assim chamados pelos moradoresdaquela grande metrópole devido ao bom exemplo que davam e por sempre testemunhara respeito de Jesus. Desde então o apelido pegou e suplantou os outros apelidosque eles tinham, como por exemplo o de "nazarenos", apelido pelo qualeram conhecidos os discípulos pelos judeus (At 24,5).O apelido cristão generalizou-sede tal forma que em pouco tempo todos os membros das igrejas de Cristo foram assimchamados. Não houve outro que representasse tão bem os discípulos de Cristo atémeados do terceiro século, período no qual houve a necessidade de acrescentar umsobrenome a este apelido.
Até o século terceiro não havia nenhuma instituição denominacional como temos hoje.Não havia a Igreja Católica, ou a Igreja Batista, ou a Igreja Anglicana. Havia apenasa Igreja de Jesus Cristo, e como vimos, seus membros foram apelidados de cristãos.Jesus, ao instituir sua igreja, nunca chamou-a por um nome como Católica ou Batista.Chamava-a de "minha igreja" (Mat. 16,18), ou quando muito, colocava onome da cidade onde ela se encontrava, "Igreja de Esmirna" (Apoc. 2,8).
O crescimentodos cristãos foi espantoso. O núcleo formado por Cristo em Jerusalém se espalhoupara a Judéia, Galiléia e Samaria. Não tardou muito e o evangelho atravessou asfronteiras da Palestina atingindo a Síria, Chipre e toda a Ásia Menor. Mais algumtempo e toda a costa norte e sul do mediterrâneo possuía grandes centros de cristãos.Nos lugares mais longínquos não seria tão difícil encontrar um cristão professandoa fé bíblica.
O crescimento inicial foi conseqüência do espírito missionário que havia no coraçãodos apóstolos. Esse espírito foi transmitido a primeira geração de convertidos,os quais, até o segundo século, conseguiram espalhar o evangelho em quase todo omundo conhecido. O fator de não ter um local específico para a reunião de cultos(ainda que havia um lugar especial onde eles se reuniam aos domingos, e a julgarpelo que diz Paulo era sempre no mesmo local - I Co 11,18 e 20 ), facilitava o esparramardo evangelho. O costume de prédios par as igrejas favorece no conforto e na questãodenominacional, mas desfavorece no sentido de trazer novas pessoas a Jesus. A julgarpelas escrituras será preciso as igrejas verdadeiras repensarem o fator prédio.
O crescimentoveio acompanhado do ciúmes do judaísmo e das religiões pagãs, sendo as últimas protegidaspelo império. De princípio o judaísmo perseguiu e fez vítimas como Estevão e o apóstoloTiago. Décadas depois o paganismo entrou em ação, e com o apoio dos imperadores,suas vítimas chegaram aos milhões. Trajano, imperador entre 98 a 117, decretou umofício em que o cristianismo em si já constituía um crime, e todos que nele fossemencontrados deveriam ser julgados e punidos com a morte. Ofícios como este voltarama ser decretados por outros imperadores, e bem como este davam força às religiõespagãs para tentarem destruir a igreja de Cristo.
Entretanto as igrejas permaneciam de pé e aumentando cada vez mais. Tertuliano,escreveu certa vez que: "o sangue dos cristãos era uma semente. Quanto mais matava mais crescia."
A perseguição teve seu lado positivo. Muitos por verem que os cristãos sofriam asatrocidades calados tiveram curiosidade de conhecer o movimento. Ao conhecerem diversosse convertiam ao Senhor. A perseguição ajudou a fortalecer a fé de muitos crentes.É certo que muitos se desviaram, mas os fiéis se tornaram ainda mais fiéis. Alémdo que, foi preciso formar um cânon do Novo Testamento, pelo qual, foi regida aigreja primitiva e tem sido regidas as verdadeiras igrejas de Jesus até o presente.
Estas igrejas eram na sua maioria igrejas fiéis. Sempre houve as erradas. Desdeo tempo apostólico as heresias entraram e permaneceram em algumas igrejas de Cristo.Infelizmente as heresias cresceram de tal forma que por causa delas houve no terceiroséculo uma grande desfraternização das igrejas cristãs.
CAPÍTULO II
Oterceiro século é marcado por um acontecimento muito importante na história dasigrejas de Cristo. Mais exatamente no período que vai desde o ano de 225 até o anode 253. Neste tempo houve uma declaração de desfraternização entreas igrejas por motivos doutrinários e organizacional.
Eram tempos difíceis. Apesar das conversões acontecerem em grande número, as igrejassofriam externa e internamente. Externamente, devido às perseguições já mencionadas.Internamente, porque as igrejas estavam sendo corrompidas por dois erros absurdostotalmente antibíblicos. Um deles chegava ao ponto de substituir a salvação queé através da graça. O outro tirava a chefia de Cristo sobre sua própria igreja.
Desde os primórdios da igreja sempre foi um problema a questão de como o homem poderiaalcançar o céu. O ensinamento de Jesus e posteriormente dos apóstolos eram unânimes:"Pela graçasomos salvos". O Novo Testamento nunca deixou dúvidas sobre este assunto.Mesmo nas igrejas primitivas esse foi um problema sério. O primeiro concílio dasigrejas em Jerusalém foi realizado justamente para resolve-lo. O próprio apóstoloPedro, vendo que havia contenda sobre o assunto, deixou claro que: "cremos que seremos salvos pela graça". Portanto, o ensinamentobíblico sobre a questão é que o único meio de se chegar ao céu é por Jesus, pelagraça, e, usando como meio de alcançá-la, a nossa fé.
Não contentes com esse princípio, e querendo fazer uma mudança não autorizada nasEscrituras, muitos pastores começaram a ensinar que a salvação não era apenas pelagraça. Implantaram um novo meio de salvação: O batismo. Pensavam: "A Bíblia tem muito a dizer em relaçãoao batismo. Muita ênfase é colocada na ordenança e no dever concernente a ela. Evidentementeela deve ter algo a ver com a salvação". Dessa forma criou corpo a ideia de REGENERACÃO BATISMAL,ou seja, o indivíduo precisa ser batizado para ir ao céu. Colocou-se a água do batismono lugar do sangue de Jesus. Esse erro é pai de um erro futuro que ainda demorariaa aparecer: O batismo infantil.
Além desse grave erro [ensino da regeneração batismal] houve um outro. Foi o surgimentodentro das igrejas de uma hierarquia temporal. Um erro que fere a autoridade únicado Senhor Jesus Cristo sobre sua igreja. Nenhum dos apóstolos, jamais, em versículoalgum do Novo Testamento, quis a primazia entre os outros na igreja primitiva. Nãovemos na Bíblia homens como Pedro, Paulo, ou qualquer outro apóstolo subjugar seusirmãos na fé, ou ainda requerer deles uma cega sujeição. Eles se consideram homenscomuns, sujeitos aos desejos da carne e com possibilidade de queda (At l0,15-16;Rom 7,24).
Mas alguns pastores não entendiam dessa forma. Viam no cristianismo um meio de alcançara primazia entre seus semelhantes. Muitos começaram a se desviar do ensinamentode que todos os membros são iguais dentro da igreja. O pastor começou a exercerum papel de "chefão". Alguns historiadores relatam esse erro da seguinteforma:
O pastor de Hermas (cerca de 150 A.D.): "Mestres dignos não faltam, mas há também tantos falsosprofetas, vãos, cúpidos (desejosos) pelas primeiras sés, para os quais a maior coisana vida não é a prática da piedade e da justiça senão a luta para o posto de comando."
O HistoriadorMosheim: "Os pastoresaspiravam agora a maiores graus de poder e autoridade do que possuíam antes. Nãosó violavam os direitos do povo como fizeram um arrocho gradual dos privilégiosdos presbíteros..."
Os membros já não eram considerados irmãos, mas súditos do "bispo".[Estes] comandavam a igreja como se comanda um exército. João cita o exemplo deum crente chamado Diótrefes. O apóstolo deixa claro que esse homem "buscavaa primazia entre eles", referindo-se, é claro, aos irmãos na fé. Diótrefestornou-se tão audacioso, que, quando João escrevia para a igreja ele impedia queos irmãos lessem a carta. Esse é só um simples exemplo do que acontecia já no tempodos apóstolos. Pedro ao comentar o assunto diz que o pastor é o servo e não o senhorda igreja (I Pedro 5:1-4). Aliás, a palavra por ele usada é muito clara: "Não como tendo domínio sobrea herança de Deus". O pastor jamais deve ser o chefe da igreja, mas o servo queirá conduzir o rebanho.
Essa terrível ideia de um bispo monárquico governar os demais pastores teve iníciona pessoa de Clemente (95 A.D.), pastor da igreja em Roma. Foi ele o primeiroa buscar a primazia entre os demais. Chegou a envolver-se num problema que não lhepertencia por direito, querendo mandar numa igreja a qual não pastoreava, que foia igreja de Corinto. Depois dele foi Inácio, bispo de Antioquia na Síria,que viveu entre os séculos I e II. Ele exorta todos os cristãos a obedecerem o bispomonárquico e aos presbíteros (20,2). Chegou a comparar a obediência ao bispo monárquicocom as cordas de uma harpa. Ele é o primeiro a contrastar o ofício do bispo ao dopresbítero e a subordinar os presbíteros ou anciãos ao bispo monárquico, e os membrosdas igrejas a ambos. Mas deve-se a Cipriano, bispo de Cártago (morto em 258),que foi um dos principais autores desta mudança de governo da igreja, pois pugnoupelo poder dos bispos com mais zelo e veemência do que jamais fora empregada nessacausa.
Como se pode observar, não foi uma lei feita do dia para a noite. Foi uma heresiaque aos poucos penetrava dentro das igrejas, a saber, nas igrejas maiores dos grandescentros.
Esse erro [ditadura do bispo sobre os presbíteros, e destes sobre as ovelhas] veioa favorecer a outro de tamanha maldade. Foi o erro de uma igreja ter autoridadesobre outra igreja. A Bíblia ensina que a igreja deve ser independente ou seja:a igreja de Antioquia não tinha autoridade sobre a igreja de Éfeso; a igreja deÉfeso não tinha autoridade sobre a igreja de Laodicéia; e assim por diante. No livrode Apocalipse, quando Cristo conversa com as sete igrejas da Ásia, ele trata cadauma individualmente. Cada uma tem seu próprio anjo (pastor), e nenhuma será recompensadaou corrigida pelo erro da sua co-irmã.
Acontece que os pastores de muitas igrejas não viam as coisas como Deus ensinou.Viam a sua ganância acima da vontade de Deus. Os pastores das grandes igrejas comoa de Roma, Alexandria, Antioquia, e muitas outras, iniciaram um processo de subjugaras igrejas menores. Eram tempos difíceis. O imperador perseguia a igreja. Juntocom as perseguições vinha a fome. Com isso as igrejas maiores engrandeciam-se, enuma falsa humildade, ajudavam as menores. Foi assim que principalmente Roma passoua gozar de uma distinção especial. Essa ajuda tinha um preço muito alto: A submissãode muitas igrejas menores. A igreja co-irmã deixava de ser uma igual para tornar-sevassala.
Na luta para ver qual igreja ia ser a maior entre as igrejas erradas, prevaleceua igreja de Roma, mas é claro, sem o consentimento dos grandes bispos monárquicos,iniciando-se assim uma luta interna entre as igrejas heréticas. Esse assunto serátratado mais cuidadosamente na origem da igreja Católica.
Apesardestes dois erros terem invadido as igrejas de Cristo, houve muitas, senão a maioria,que não admitiam os tais. Houve tentativas no sentido de trazer as igrejas desviadasde volta ao verdadeiro costume bíblico. Entretanto, o poder político das igrejasfiéis era quase nada. A maioria destas igrejas eram pequenas congregações, e seuspastores [eram] homens simples com o único objetivo de fazer a vontade de Deus.Alguns não eram tão simples assim, como o pastor Montano, que veementemente pregouem toda a Ásia contra essas heresias (160 d.C.) e Tertuliano (a partir de 202 d.C.)no ocidente. Este último chegou mesmo a desafiar várias vezes os pastores heréticos,principalmente o de Roma, a voltar a obedecer às Escrituras.
O fato é que as igrejas erradas ou heréticas não voltaram a obedecer a Bíblia. Pior.Conforme os anos passavam mais erradas elas se tornaram. O assunto chegou a um pontoque as igrejas certas deixaram de aceitar os membros vindos das igrejas heréticas.Essa não aceitação, que a luz das escrituras é recomendada - pois se alguém crêque o batismo salva deixa de acreditar que só Jesus salva - foi acrescida com orebatismo dos membros vindos das igrejas desobedientes. Daí ter surgido o apelido"anabatista" [rebatizador] para os seguidores de Montano e, principalmente,para as igrejas da Ásia Menor.
O rebatismo dos membros vindos das igrejas erradas acabou se tornando o objeto dadivisão da cristandade. As igrejas erradas (por serem grandes, mais famosas e politicamentemais aceitas) não aceitaram passivamente a atitude das igrejas que rebatizavam seusmembros. Iniciaram-se grandes controvérsias a respeito do assunto. Realizaram-semuitos concílios para tentar resolver a situação. Dois deles se deram em Cártagoem 225, um composto de 18 e o outro de 71 pastores, em ambas as assembleias ficoudecidido que o batismo dos heréticos - que pregavam a salvação pelo batismo e iniciavamo sistema hierárquico católico - não devia ser considerado como válido. Os historiadoresMcClintock e Strong comentam como se deu essa desfraternização: V.I pg 210.
"Na Ásia Menore na África, onde por muito tempo rugiu amargamente o espírito da controvérsia,o batismo só foi considerado válido quando administrado na igreja correta. Tão grandesforam as disputas sobre a questão, que dois sínodos se convocaram para investigá-la.Um em Icônio e outro em Sínada da Frígia, os quais confirmaram a opinião da invalidadedo batismo herético. Da Ásia passou a questão à África do Norte. Tertuliano concordoucom a decisão dos concílios asiáticos em oposição à prática da igreja Romana. Agripinoconvocou um concílio em Cártago, o qual chegou a uma decisão semelhante aos da Ásia.Assim ficou a matéria até Estevão, bispo de Roma, no ano de 253, provocado pelaambição, que procedeu em excomungar os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galáciae Cilícia, aplicando-lhes os epítetos de rebatizadores e anabatistas".
Fica evidente que entre as igrejas erradas estava a de Roma. Sendo assim, ela foiexcluída no ano de 225 juntamente com as outras igrejas heréticas. A atitude dobispo romano de excluir os pastores da Ásia mostra a que ponto estava sua vontadede assenhorar-se do rebanho de Deus. Mas sua atitude de nada valeria, pois, um membroexcluído não pode excluir ninguém. Outro historiador, Neander, V.I pg 318, tem oseguinte relato sobre estes acontecimentos:
"Mas aqui,outra vez, foi um bispo romano, Estevão, que, instigado pelo espírito de arrogânciaeclesiástica, dominação e zelo sem conhecimento, ligou a este ponto (salvação pelobatismo) uma importância dominante. Daí, pelo fim do ano de 253, lavrou uma sentençade excomunhão contra os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, estigmatando-oscomo anabatistas, um nome, contudo, que eles podiam afirmar que não mereciam porseus princípios: porque não era o seu desejo administrar um segundo batismo àquelesque tinham sido batizados, mas disputavam que o prévio batismo dado por heregesnão podia ser reconhecido como verdadeiro. Isto induziu Cipriano, o bispo [de Cártago]a propor o ponto para a discussão em dois sínodos reunidos em Cártago em 225 A.D.,[tenso sido] um composto de 18, outro de 71 pastores, ambas as assembleias declarando-sea favor das ideias de que o batismo de heréticos não devia ser considerado comoválido".
Num resumo simples destes dois relatos verifica-se que, no ano de 225 A.D., as igrejasreúnem-se em concílios e decidem pela exclusão das igrejas que administravam o batismocomo forma de salvação, que eram, justamente, as igrejas que admitiam um bispo monárquicosobre as igrejas. Entre as igrejas erradas estão as de Roma, Antioquia, Cártagoe muitas outras. Entre as igrejas fiéis está uma muito conhecida pelos estudantesda Bíblia, a igreja de Éfeso.
A partirdesta data, 253 d.C., as igrejas de Cristo se dividiram em dois grandes blocos.[De um lado,] os anabatistas, assim chamados por não aceitarem o batismo das igrejaserradas, e [do lado oposto] os católicos, nome dado às igrejas heréticas desde oano de 170 por Inácio, pastor de Antioquia [ele escreveu "Onde quer queo bispo apareça, ali deve o povo estar; como onde quer que Jesus Cristo estiver,ali estará a Igreja Católica. Não é lícito batizar ou dar comunhão sem o consentimentodo bispo. Por outro lado, tudo o que tem a sua aprovação é agradável a Deus. Assim,tudo o que for feito será seguro e válido." - Carta ao Esmirnaenses, 8].O futuro destes dois grupos deu razão aos fiéis para o fato de terem excluído osdemais. Com o passar do tempo as igrejas erradas, como veremos, multiplicaram aindamais suas heresias. Enquanto isso, vivendo conforme as Escrituras, os cristãos anabatistaslutavam para sobreviver e manter de pé as chamas do evangelho.
CAPÍTULO III
Como vimosno final do capítulo dois, com a desfraternização dos cristãos entre os anos de225 a 253 A.D., surgiu dois grandes blocos de cristãos. O bloco dos anabatistase o bloco das igrejas erradas. Neste capítulo trataremos especificamente com o futuroque tomaram as igrejas fiéis cognominadas de "anabatistas".
Nos livrosde história e em muitas enciclopédias encontraremos algumas notas sobre quem foramos anabatistas. Em alguns livros são chamados de "dissidentes", e em outrosde "seita de heréticos". Há escritores que, não querendo se comprometercom sua maioria de leitores católicos ou protestantes, chama-os de "fanáticosreligiosos".
Observando estas poucas entre muitas referências erradas sobre eles, podemos analisarcuidadosamente. Eram dissidentes? Não. Dissidente é uma pessoa que [muda seu pensamentoe, por isso,] se separa de outro por algum motivo. Eles não [mudaram de doutrinanem, em consequência disso,] se separaram de ninguém. Apenas não concordavam comheresias dentro da igreja. Se uma igreja tem 20 membros. Quinze resolvem mudar afé. Cinco permanecem fiéis. Quem dissidiu? Os quinze que estão no erro ou os cincoque permaneceram fiéis? É evidente que dissidente é aquele que saiu daquilo queestá certo e firmado.
Chamá-los de um ajuntamento de heréticos é o mesmo que chamar os apóstolos de heréticos.Não foram os anabatistas que mudaram de fé. Nunca foi a intenção de um anabatistamudar aquilo que Deus ordenou. Heréticos foram os pastores e membros das igrejaserradas, os mesmos que posteriormente foram conhecidos como católicos. Os anabatistasnão eram uma facção [de desvio] de cristãos. Eles eram os verdadeiros cristãos.Portanto, seita foi a igreja - Católica - que surgiu tendo como membros indivíduose pastores excluídos por motivos biblicamente corretos.
Também não eram fanáticos religiosos. Seguir a Cristo como manda as escrituras nãoé ser fanático, é ser discípulo verdadeiro. Discordar de heresias não é fanatismo,é zelo pela palavra de Deus. Seria os apóstolos fanáticos? Zaqueu foi um fanáticopor querer fazer a vontade de Deus? Paulo foi um fanático quando condenou a idolatria?Pedro foi um fanático quando discordou da salvação pelas obras? De forma alguma.A maior prova de que os anabatistas não eram fanáticos está no exemplo dos primeiroscristãos mencionados no livro de Atos.
Podemos afirmar com certeza que os anabatistas foram os verdadeiros seguidores deJesus entre os anos de 225 até os anos de 1600. Homens que amavam servir a Cristo.Eram cristãos que não concordavam com o erro grotesco de ver pessoas acreditandoque o batismo ajudava na salvação; Cristãos que não aceitavam em ver um bispo monárquicoquerendo mandar no rebanho de Deus. Igrejas que tiveram a coragem de excluir domeio cristão original as igrejas heréticas. Foram eles os autênticos sucessoresdos apóstolos na obediência a Jesus e a sua Palavra.
O própriotítulo confessa que o sobrenome dado aos cristãos fiéis - anabatistas - é um apelido,e tem tudo a ver com o propósito para o qual ele foi dado. Anabatistas é uma palavragrega que significa "batizar outra vez". O prefixo "ana" querdizer outra vez, e a raiz "batista" significa mergulhar ou batizar naságuas. Assim, quando uma igreja era chamada de anabatista por outra, significavaque ela batizava outra vez os membros vindos das igrejas erradas.
Este apelidofoi usado pela primeira vez na Ásia Menor para distinguir, nesta região, as igrejasfiéis das erradas. O local mais aceito como sua origem é na Frígia, local de ondesaiu o pastor Montano para pregar contra os dois erros mencionados no segundo capítulo,os quais, corrompiam as igrejas cristãs. Montano foi um pastor muito itinerante,e por isso sua mensagem se esparramou por toda Ásia Menor, fazendo que as igrejasdessa região permanecessem fiéis à doutrina recebida pelos apóstolos. Montano viveucerca de 156 A.D. Foi justamente nessa época que as igrejas da Ásia Menor resolveramrebatizar membros vindos de igrejas erradas. Então pela primeira vez uma igrejafoi conhecida como "anabatista".
Oficialmente, o apelido "anabatista" é usado em 253 A.D., pelo bispo romanoEstevão que, indignado com o fato de ver sua igreja excluída pelas igrejas da Ásia,resolveu chamá-las de "anabatistas". O fato é que, depois do bispo romanoter se manifestado, todas as igrejas que não concordavam com a ideia de Salvaçãoatravés do batismo, nem concordavam com a necessidade de um bispo monárquico, foramconhecidas como anabatistas.
Talvez oleitor esteja confuso e pergunte o porquê dos cristãos terem a necessidade de receberoutro apelido além de cristão.
Um crente fiel ao Senhor tem muito amor aos ensinos da Bíblia. Jesus ao enviar agrande comissão dá três ordens: Fazer discípulos; batizar; e ensinar as coisas queele ordenou. Então, uma igreja fiel irá: pregar, batizar e ensinar o que ele ordenou.Note que ele diz: "vos tenho ordenado". Ordem é ordem. Mandamentos sãomandamentos. A igreja não pode fazer aquilo que não lhe foi ordenado, mas somenteo que Jesus mandou. Por isso as igrejas fiéis não podiam e nem podem se submetera erros heréticos como mudar o plano de salvação e a chefia da igreja!
A exclusão das igrejas erradas pelas igrejas fiéis, que ocorreu a partir de 225A.D., foi uma atitude necessária para a conservação do evangelho puro e original.Assim como um membro profano deve ser excluído do seio da igreja, da mesma formauma igreja profana deve ser excluída da comunhão com as outras igrejas [, as quepermanecem] fiéis. O próprio Senhor Jesus nos ensina no livro de Apocalipse queo simples fato de uma igreja não ser fria nem quente é motivo de ser "vomitada".Queiram os ecumênicos ou não, já no segundo século havia dois tipos de cristãos:os fiéis ao evangelho e os infiéis. Os infiéis, excluídos em 225, já não tinhammais o direito de batizar, ao menos que se reconciliassem. Como isso não aconteceuperderam totalmente a ordem do batismo. Aceitar o batismo de uma igreja excluídaé o mesmo que aceitar que um crente excluído saia por aí batizando todo mundo. Conclui-seque o rebatismo de membros vindos de uma igreja excluída é algo necessário, poisquem não recebe o batismo de uma igreja biblicamente aceita, não recebeu o batismocristão.
Portanto, o apelido anabatista, só apareceu porque as igrejas erradas não quiseramse arrepender de seus erros. Além do que, não se chamaram assim, mas foram pelasigrejas erradas assim chamados. O fato dos anabatistas não terem repudiado o apelidosignifica que o mesmo estava de acordo com uma realidade da época, ou seja, precisavahaver rebatizadores para enfrentarem as heresias das igrejas erradas.
CAPÍTULO IV
Como vimosnos capítulos anteriores, as igrejas fiéis, a partir do ano de 253.A.D., foram decididamenteconhecidas pelas igrejas erradas pelo apelido de anabatistas. No presente capítuloestudaremos as aflições que esses crentes passaram para permanecerem leais ao ensinode Jesus. Foram duas fases distintas de perseguição. Na primeira fase a perseguiçãofoi sofrida juntamente com as igrejas erradas, pois, para todos os efeitos, os pagãosnão saberiam bem distinguir quem era o certo e quem era o errado. Aos pagãos o queinteressava era eliminar o cristianismo. Essa fase durou até o ano de 313 A.D. Apartir desta data, o Imperador Constantino fez uma proposta de casar o Estado coma Igreja. As igrejas erradas aceitaram o convite. As fiéis não. Começou então asegunda fase de perseguição. Neste período vemos as igrejas fiéis sofrendo perseguiçõesnas mãos de igrejas erradas. Abaixo temos um breve relato destas duas fases de perseguição.
Até o anode 313 A.D., os cristãos - fiéis ou errados - sofriam as perseguições vindas comos editos lançados pelos imperadores. As primeiras conhecidas foram as de Nero (54-68).Pedro e Paulo morreram nesse período. A perseguição estourou pela segunda vez em95 durante o governo despótico de Domiciano. Foi nesse período que o apóstolo Joãoficou preso em Patmos. Outras se deram em 112 por Plínio, e em 161-180 por MarcoAurélio. Estas perseguições foram locais e esporádicas até o ano de 250, quandose tornaram gerais e violentas, começando com uma dirigida por Décio. Muitos pastoresse desviaram nesta perseguição. Em 303, Diocleciano ordenou o fim das reuniões cristãs,a destruição das igrejas, a deposição dos oficiais da igreja, a prisão daquelesque persistissem em seu testemunho de Cristo, e a destruição das Escrituras pelofogo. Um último edito obrigou os cristãos a sacrificarem aos deuses pagãos sob apena de morte, caso recusassem.
Esta primeira fase de perseguição criou dois problemas internos [aos círculos cristãos]que necessitavam de solução. Um dos problemas foi as duas duras controvérsias quetiveram lugar no Norte da África e em Roma, envolvendo a maneira de tratar aquelesque tinham oferecido sacrifícios em altares pagãos, quando da perseguição movidapor Décio, e aqueles que entregaram Bíblias na perseguição dirigida por Diocleciano.As igrejas fiéis depuseram do cargo os pastores que caíram durante este período.Foi o caso do bispo de Cártago, Felix. Já as igrejas erradas achavam que estavatudo bem, afinal de contas eram tempos de perseguição. Assim, apoiado pelo bispode Roma, Felix manteve-se no cargo de pastor. Esta atitude separou ainda mais asigrejas fiéis das erradas. Os donatistas surgiram desta questão.
[Donatistas defendiam que o batismo administrado pelas igrejas de pastores traditoresera inválido: o pastor devia ser reexaminado e reordenado (se genuinamente arrependido),e seus batizados deviam ser evangelizados e rebatizados. (o nome "pastorestraditores" refere-se àqueles que negaram sua fé durante a perseguiçãode Diocleciano mas que, tão logo passou a perseguição e veio a bonança, foramprontamente perdoados e readmitidos nas más igrejas)]
A perseguição movida por Diocleciano provocou o segundo problema, que foi o do Cânondo Novo Testamento. Se o possuir epístolas podia levá-los a morte, os cristãos precisavamestar seguros de que os livros pelos quais poderiam padecer a morte eram realmentelivros canônicos. Esta preocupação ajudou nas decisões finais acerca de qual literaturaera sagrada. Foi assim que resolveu-se aceitar os atuais vinte e sete livros doNovo Testamento seguindo a seguinte ideia: verificar se ele tinha sinais de apostolicidade;verificar se foi escrito por um apóstolo ou por alguém ligado intimamente aos apóstolos;verificar a eficácia do livro na edificação da igreja quando lido publicamente;e verificar sua concordância com a regra de fé dos apóstolos. [ver http://www.biblicaltraining.org/blog/curious-christian/7-10-2012/what-criteria-were-used-determine-canon-scripture ]
Em 313, com o editode Milão, Constantino fez cessar a perseguição aos cristãos em todo o império egradualmente foi cumulando-os de favores. O imperador logo percebeu a clara divisãoentre os cristãos. Percebera a importância de ser apoiado pela hierarquia de umareligião poderosa. Mas precisava que essa hierarquia fosse unânime em sua fidelidadeao Estado. Assim, embora pagão, presidiu concílios da Igreja e obrigou-a a unificar-se.Devido a essa atitude foi prontamente contrariado pelos anabatistas. Indignado,e aliando-se aos cristãos errados, baniu e perseguiu os fiéis que não concordaramcom sua unificação das igrejas. Começaram as terríveis perseguições das seitas cristãsoficiais - protegidas pelo imperador - contra as não oficiais, os anabatistas, quese mantiveram independentes do governo. Pela primeira vez na história, a partirdo ano 313, encontramos a página mais triste da história das igrejas. Encontramoscristãos errados perseguindo os cristãos fiéis. Esta perseguição, além de visaro extermínio dos anabatistas, também foi a mais longa. Durou mais de mil e trezentosanos, vindo a terminar após a Reforma no século XVII.
As heresias que levaram as igrejas erradas a serem excluídas eram de princípio duas:Salvação pelo batismo e a ideia de um bispo monárquico. Agora, com a igreja se tornandoa religião oficial do Estado, e estando sob a orientação e o comando do Imperador,temos mais uma heresia, e esta feriu a independência da igrejas para com o Estado.Para a infelicidade dos fiéis, era esta uma heresia que dava muita força aos cristãoserrados. Os pastores das igrejas heréticas tornaram-se mais fortes do que já eram.O bispo de Roma logo despontou como soberano sobre os demais. Até algumas igrejasfiéis, vendo neste casamento o cessar da perseguição, debandaram de lado, diminuindoconsideravelmente o número das igrejas fiéis às Escrituras.
Protegidos e armados com o apoio dos imperadores, as igrejas heréticas mostraramsua verdadeira face. A face da intolerância. A face de um caráter depravado quenão tinha nada de Cristo. A face do ódio contra quem era fiel a Cristo. Lideradospelo bispo Romano no Ocidente e pelo bispo de Constantinopla no Oriente, as igrejasheréticas passaram a perseguir cruelmente as igrejas fiéis. Proibiu-se o direitode culto; proibiu-se a livre interpretação das Escrituras; proibiu-se o rebatismo;quem não pertencesse à igreja oficial - ou Católica - seria perseguido e condenadoà morte. Qualquer pessoa que fosse rebatizada pelos anabatistas sofreria a penade morte. Os pastores anabatistas foram a uma condenados à fogueira, ao afogamento,à tortura e a toda sorte de assassinato e extermínio possível.
Assustados com a perseguição e na busca da sobrevivência, as igrejas fiéis fugiamde lugar a lugar. Iniciou-se o período de migração dos anabatistas para os paísesonde havia a tolerância religiosa. Portanto, a partir do século IV vamos encontrá-losem diversos países e com diversos nomes. No capítulo seguinte serão estudadas estasfugas mais detalhadamente.
Foi vistono capitulo anterior que o motivo da fuga dos anabatistas deveu-se ao plano de extermíniopor parte das igrejas heréticas. O plano, primeiramente elaborado pelo imperadorConstantino, foi seguido pelos seus sucessores e levado a cabo pelos bispos dasprincipais igrejas heréticas, como as de Roma e Constantinopla. Em qualquer enciclopédiao leitor poderá encontrar como foi feito este plano. Chamava-se INQUISICÃO. Duroumais de 1200 anos e matou mais de 50.000.000 (cinqüenta milhões) de anabatistasem todo o mundo. Vejamos o relato da enciclopédia BARSA sobre a Inquisição:
"Se bemque a Inquisição só se apresentasse em plena pujança no século XIII, suasorigens, contudo, remontam ao século IV. A partir de então data a perseguição àquelesque não aceitavam o credo católico. Tinham seus bens confiscados e eramcondenados à morte. As perseguições foram acentuadas no século IV e V. Doséculo VI ao IX as perseguições diminuíram. Aumentaram, porém, a partir daúltima parte do século X, registrando então numerosos casos de execuções dehereges, na fogueira ou por estrangulamento. O papa Inocêncio III (1198-1215)foi responsável por uma cruzada contra os albingenses (anabatistas do sul daFranca), após a qual praticou execuções em massa".
Note na frase acima: "suas origens ... remontam ao século IV". Foi justamenteneste período - após 313 A.D - que os cristãos heréticos, por terem unido a Igrejacom o Estado, conseguiram forças para destruir os cristãos fiéis. Fica claro, segundoeste relato da BARSA, que o motivo ou a intenção dos cristãos heréticos era o deexterminar os anabatistas, e o método que usaram foi a famosa INQUISICÃO.
No mesmo relato mencionado somos informados de que as perseguições foram acentuadasnos séculos IV e V. Só Deus sabe quantos cristãos fiéis foram rudemente assassinados.Quando diz que "do século VI ao IX as perseguições diminuíram", não foipelo fato de haver misericórdia por parte dos católicos. Quer dizer que não tinhamtantos anabatistas para eles matarem, pois, após trezentos anos de perseguição egenocídio, ficaram poucos para contarem a história. A partir do século X, lá pelosanos 900, quando em alguns países o números de anabatistas aumentava, a perseguiçãorecrudescia, ou seja, era mais sanguinária.
Um dos motivos pelo qual, no século XVI, os anabatistas apareceram em grande númerona Alemanha, Boêmia, Países Baixos e Inglaterra, é que nestes lugares a Inquisiçãoera bem menor. No sul da Europa, devido à influência papal, era quase impossívelum anabatista sobreviver.
Sem a liberdade de cultos e com a vida constantemente ameaçada, os anabatistas sótiveram uma saída. Fugir para os montes e lugares distantes. Fugir da inquisiçãopromovida pela ira e maldade papal.
O motivo pelo qual os anabatistas eram perseguidos foram:
- não submissão à hierarquia religiosa;
- não aceitação do batismo como um sacramento ou algo que tenha a ver com a salvação;
- pregar que a salvação é só pela graça sem a ajuda das obras;
- negar o culto aos santos;
- negar que Maria é mãe de Deus.
CAPÍTULO V
Não é fáciltraçar um lugar exato para o movimento dos anabatistas [ou uma tabela dizendoem que países ou regiões em que os rebatizadores estavam, a cada século], pois osmesmos mudavam-se durante os períodos de graves perseguições. Outro problema é os[vários] apelidos que eles levavam. Houve tempo em que mais de um apelido foi usadopara designar o mesmo grupo de pessoas, é o caso dos montanistas na Ásia,Paulicianos na Armênia e Donatistas na África do Norte, todos viveramna mesma época entre os séculos IV ao VIII [e tinham doutrinas muitosemelhantes nos aspectos básicos, uma vez que cada uma era procurava serbasicamente idêntica à do Novo Testamento]. No período que vai desde o ano 160 até1100, houve pelo menos quatro grandes e influentes grupos de anabatistas. São eles:
- os Montanistas - principalmente na Ásia Menor;
- os Novacianos - na Ásia Menor e na Europa;
- os Donatistas - por toda a África do Norte; e
- os Paulicianos - primeiramente no oriente médio, indo para o centro europeu ede lá para os Alpes no sul e regiões campestres no norte da Europa.
Os apelidos que receberam derivavam-se ou de um nome pessoal (exemplo: Donatistasde Donato) ou podia ser derivado de um lugar (exemplo: Albingenses da cidade deAlbi no sul da Franca). Porém, o que mais importava nestes quatro grupos, não erao nome que recebiam, mas se realmente eram fiéis às doutrinas da Bíblia.
Oficialmente,os "montanistas" foram os primeiros cristãos a serem chamados de anabatistaspelos cristãos infiéis ou hereges. O apelido montanista vem do nome próprio MONTANO,que foi um pastor frígio que viveu aí por volta de 156 A.D.
Foi um movimento que varreu toda Ásia Menor num momento em que as [demais] igrejasestavam sendo destruídas pelas heresias da [doutrina da] salvação pelo batismo ea ideia de um bispo monárquico. Os montanistas insistiam em que os que tivessemdecaído da primeira fé deveriam ser batizados de novo.
O historiador contemporâneo Earle E. Cairns diz que o movimento "foi uma tentativade resolver os problemas de formalismo na igreja e a dependência da igreja da liderançahumana quando deveria depender totalmente do Espírito Santo." E também acrescentouque o "montanismo representou o protesto perene suscitado dentro da igrejaquando se aumenta a força da instituição e se diminui a dependência do EspíritoSanto." (O Cristianismo Através dos Séculos, pg 82 e 83).
Como sua mensagem era uma necessidade para as igrejas, o movimento espalhou-se rápidopela Ásia Menor, África do Norte, Roma e no Oriente. Algumas igrejas grandes chegarammesmas a serem chamadas de Montanistas. Foi o caso da igreja de Éfeso. Tertuliano,considerado um dos maiores Pais da Igreja, por ser bom estudante da Bíblia, atendeuaos apelos do grupo e tornou-se montanista. Apesar de serem radicais quanto às regrasde fé de uma igreja, formavam um povo humilde e manso.
As igrejas erradas logo reagiram contra esse movimento. No concílio de Constantinopla,em 381 (portanto, nesta época, a igreja e o Estado já estavam casados um com o outro),os pastores das igrejas heréticas ou católicas declararam que os montanistas deviamser olhados como pagãos, serem julgados e mortos [! como isto atesta que asigrejas estatais que sistematicamente mandaram caçar e assassinar crentesdiscordantes delas, buscando o extermínio total deles, tais igrejas estataisseguiram o exemplo do fratricida Caim!]
As igrejas erradas tinham verdadeiro ódio aos montanistas. O próprio Montano é visto[pelas igrejas erradas] como um arqui-herege da Igreja [errada, a católica]. Oslivros inventam e condenam o movimento chamando-o de pagão e anti-cristão. Na verdade,pagãos e anti-cristãos eram os membros das igrejas erradas. Assim que as igrejaserradas se casaram com o Estado veio a perseguição das mesmas contra os montanistas.
O segundogrupo de anabatistas oficialmente conhecido é o dos "novacianos". Assimcomo os montanistas, este apelido [novaciano] é proveniente do nome próprio "Novácio".Novácio foi um pastor da Ásia Menor que viveu em cerca de 251 A.D. Pouco sabemossobre sua pessoa, mas, a julgar pelos [testemunho dos] membros de sua igreja, elefoi um homem fiel a Deus. Os novacianos formaram o primeiro grupo a ser chamadode catharis, ou seja, os puros. Isso devido à pureza de vida que levavam. Temosalgumas informações a respeito destes anabatistas pelos maiores historiadores dahistória da Igreja:
Mosheim, Vol. I, pag 203:
"Rebatizavama todos que vinham do Catolicismo".
Orchard em Allix's Piedmont C 17, pg. 176:
"As igrejas,assim formadas sobre o plano de comunhão restrita e de rígida disciplina, receberama alcunha de puritanos. Formaram a corporação mais antiga de igrejas cristãs dasquais temos qualquer notícia, e uma sucessão delas, provaremos, continuou até hoje.Tão cedo como em 254 esses dissidentes (cristãos verdadeiros) são acusados de tereminfeccionado a França com as suas doutrinas, o que nos ajudará no estudo dos albingenses...
Estas igrejas existiram por sessenta anos sob um governo pagão, durante cujotempo os velhos interesses corruptos em Roma, Cártago e outros lugares não possuíammeios senão os da persuasão e da censura para pararem o progresso dos dissidentes.Durante este período as igrejas novacianas foram muito prósperas e foram plantadaspor todo o império romano. É impossível calcular o benefício do seu serviço à comunidade.Conquanto rígidos na disciplina, cismáticos no caráter, foram achados extensivose numa condição florescente quando Constantino subiu ao trono em 306 A.D."
W. N. Nevins, comenta que: "Na conclusão do quarto século, tinham os novacianos três ou quatroigrejas em Constantinopla, assim como em Nice, Nicomédia, Cocíveto e Frigia, todaselas grandes e extensivas corporações, além de serem muito numerosas no ImpérioOcidental. Havia diversas igrejas em Alexandria no século quinto. Aqui Cirilo, ordenadobispo dos Católicos Romanos, fechou as igrejas dos novacianos. O motivo foi o rebatismodos católicos. Foi lavrado um edito em 413 pelos imperadores Teodósio e Honóriodeclarando que todas as pessoas rebatizadas e os rebatizadores seriam punidos coma morte. Conformemente, Albano, zeloso ministro com outros, foram assim punidospor batizar. Como resultado da perseguição nesse tempo, muitos abandonaram as cidadese buscaram retiro no país e nos Vales do Piemonte, onde mais tarde foram chamadosde valdenses.".
O Dr. Robinson, em Eclesiastical Reserches, 126, traça a continuidades dosanabatistas [rebatizadores, sob diversos nomes a eles dados através dosséculos] até à Reforma e à aparição do movimento [novamente chamado de] anabatistado século XVI. E acrescenta: "Depois, quando as leis penais os obrigaram a se esconder em lugaresretirados e a adorarem a Deus secretamente, foram designados por vários nomes".
Parece que o movimento dos novacianos, apesar de se iniciar um século depois domovimento montanista, cresceu mais que o primeiro, pelo menos no ocidente. Enquantoo Montanismo crescia na Ásia Menor e no Oriente, os novacianos cresciam mais noocidente. Um terceiro grupo, os donatistas, crescia mais na África do Norte.
Os donatistasformaram o terceiro grupo cujos membros eram oficialmente chamados de anabatistas.Foram assim chamados devido serem da mesma opinião que Donato, pastor na cidadede Cártago por volta do ano 311 A.D.
Este movimento apareceu em Cártago durante a perseguição de Diocleciano. O motivofoi simples: Recusaram comunhão comum com os pastores apóstatas como foi o casode Felix, pastor da maior igreja em Cártago. Felix sacrificou [em adoração] aosídolos e [em adoração] ao imperador, durante a perseguição de Diocleciano. Muitosfiéis morreram na mesma época por recusar agir da mesma forma. Findada a perseguição,Felix ordenou ao ministério Ciciliano, que era acusado de ser um traidor. Donatosolicitou a sua deposição, pois sustentava que o fato de não ter sido fiel no tempoda perseguição invalidava a possibilidade de Felix ordenar. Esta solicitação é justae bíblica. Se um pastor é deposto de seu cargo por cair na apostasia, que direitoele terá de ordenar alguém? Apoiado pelos pastores das grandes igrejas do ocidente,Felix permaneceu no cargo. Desapontados em ver as Escrituras sendo atropeladas,os cristãos fiéis do norte da África fizeram o mesmo que os do Oriente, Ásia Menore do Ocidente: excluíram da comunhão os pastores e igrejas infiéis. Os que assimagiram foram conhecidos como Donatistas.
Donatistas e Novacianos eram idênticos em sua doutrina e disciplina. Crispim, historiadorfrancês, diz deles que concordavam: "Primeiro, pela pureza dos membrosda igreja, por afirmarem que ninguém deverá ser admitido na igreja senão tais comoverdadeiros crentes santos e reais.
Depois, pela pureza da disciplina da igreja.
Terceiramente, pela independência de cada igreja. Quartamente, eles batizavam outravez aqueles cujo primeiro batismo tinham razão de pôr em dúvida".
Não há dúvida de que a maior identificação que liga os quatro grupos de anabatistasprimitivos - montanistas, novacianos, donatistas e paulicianos - foi a recusa emaceitar as heresias pós-apostólicas das igrejas erradas. Isso os levou a rebatizaros membros vindos dessas igrejas e, consequentemente, recusar a comunhão com asmesmas. O certo é que todas [as igrejas dos quatro grupos], por defenderem as verdadesbíblicas, receberam o apelido de anabatistas [que significa rebatizadores].
Um fato interessante da história dos donatistas é a disposição de Agostinho, o tãofamoso pai da igreja, concentrar discursos públicos acusatórios contra esses fiéis,mais precisamente contra o bispo donatista Petiliano. Agostinho tentou censurá-losem palavras, mas diante da Bíblia não houve como vencê-los, pois a Bíblia dava-lhesrazão. Perdendo o combate em palavras, Agostinho passou a persegui-los com a espadaimperial. Condenou os donatistas nas seguintes questões:
- Eram separatistas. Negavam-se a unirem com as igrejas oficiais [aplaudamos isso!];
- Insistiam no rebatismo dos que passavam da igreja oficial para a deles [aplaudamosisso!];
- Eram irredutíveis em questão de fé [aplaudamos isso!];
O bispo donatista Petiliano, contra quem Agostinho concentrar discursospúblicos acusatórios, assim respondeu ao bispo católico: - "Pensai vós em servir a Deus matando-noscom as vossas mãos? Enganais a vós mesmos. Deus não tem assassinos por sacerdotes.Cristo nos ensina a suportar a perseguição, não vingá-la". E o bispo donatistaGaudencio diz: - "Deus não nomeou príncipes e soldados para propagarem a fé.Nomeou profetas e pescadores".
Os bispos católicos (alguns na África) começaram uma nova moda a partir de 370 A.D.Foi a de batizar criancinhas recém-nascidas. Uma ideia prontamente defendida porAgostinho, que fez o seguinte comentário: "Quem não quer que as criancinhasrecém-nascidas do ventre das suas mães sejam batizadas para tirarem o pecado original...seja anátema". Essa ideia tão antibíblica foi totalmente recusada pelosdonatistas. Aumentaram, assim, as divergências entre católicos e donatistas.
O crescimento desse grupo de anabatistas foi espantoso. No concílio feito por TeodósioII em 441, na cidade de Cártago, compareceram 286 bispos da igreja oficial e 279bispos donatistas. Robinson declara que: "tornaram-se tão poderosos que a corporaçãocatólica invocou contra eles o interesse do imperador Constantino [a favor dos católicos],pelo que os donatistas inquiriram: - que tem o imperador a ver com a igreja? Quetêm os cristãos a ver com o rei? Que têm os bispos a ver no tribunal?". O historiadorOrchard, relatou que: "tornaram-se quase tão numerosos quanto os católicos romanos". E o historiador Jonesdiz na sua Conferência Eclesiástica, Vol. I, pg 474: "Rara era a cidade ou vila na Áfricaem que não houvesse uma igreja donatista".
O crescimento foi tanto que espantou Constantino.. Este imperador, que dizia-secristão, encheu as igrejas oficiais de favores. Na História da Igreja Católica,página 20, temos o seguinte relato: "O clero foi colocado no mesmo pé de igualdade dos sacerdotespagãos em matéria de isenção e obrigação civis. Eram permitidos os testamentos emfavor da igreja". O mesmo livro, na página 20, diz: "Constantino fez doações, saídasdo tesouro público para a igreja que começava a acumular bens e grandes rendimentos".
Estes favores porém, só eram concedidos às igrejas oficiais, justamente aquelasque venderam a fé por privilégios humanos, aquelas que desde o princípio precisaramser excluídas por mudarem até o plano de salvação. Na página 24 do livro já mencionado,segue-se o seguinte relato: "Aboliram a lei da crucificação, porém, não estendeu nenhum dessesfavores aos cristãos dissidentes, os montanistas por exemplo. No seu entusiasmode preservar a unidade de fé e disciplina, o imperador mostrou-se tão ativamentehostil para com os dissidentes, tais como os donatistas, que qualquer um que novamenteestivesse preocupado com a futura liberdade da igreja teria passado um mal bocado". No livro O Papadona Idade Média, página 24, esse relato é confirmado: "Constantino não podia tolerar, especialmentea diversidade das crenças e dos cultos que caracterizava a igreja enquanto aindavaga a confederação. Manifestou essa resolução imediatamente, quando, após os sínodospoucos categóricos de Roma, Cártago, e Arles, condenou pessoalmente os donatistasno ano de 316 A.D."
O movimento [Donatista] foi praticamente exterminado com a chegada dos muçulmanos.Em 722 A.D., o islamismo tomou conta do norte da África. As igrejas cristãs na África,tanto donatistas, como as católicas - tanto as de rito ocidentais como as orientais- foram destruídas. O movimento sobreviveu com outros nomes em outros lugares. Os[cristãos do norte da África] que conseguiram sobreviver foram para o sul da França,em Albi, ou para os Alpes no sul da Europa, como o Piemonte. Devido aos decretosde punição com a morte de quem não batizasse as criancinhas, ficaram os donatistaspraticamente impedidos de entrar nas cidades ocidentais e orientais da Europa.
Os Paulicianospodem ter sido o mais antigo grupo de anabatistas que se conhece. A falta de dadossobre o seu princípio, e o falso relato das igrejas orientais sobre eles, dificultamuma data exata para o início desse movimento.
As tradições narradas pelos monges da igreja grega dizem que os paulicianos surgiramna segunda metade do século sétimo, tendo como fundador um tal Constantino. RealmenteConstantino , um pastor pauliciano, existiu. Mas era simplesmente uma pastor, que,em 690 A.D., foi morto por lapidação [apedrejamento] por ordem dos bispos gregos.
Na História de Gibbon, VI, pg 543, Gibbon classifica o paulicianismo comoa forma primitiva [isto é, original] do cristianismo: "De Antioquia e Palmira deve tersido espalhada para a Mesopotâmia e a Pérsia; e foi nestas regiões que se formoua base da fé, que se espalhou desde as cordilheiras do Tauro até o monte Arará.Foi esta a forma primitiva do Cristianismo."
Noutro lugar, V, pg 386, diz ele: "O nome pauliciano, dizem os seus inimigos que se derivade algum líder desconhecido; mas tenho certeza de que os paulicianos se gloriaramda sua afinidade com o apóstolo aos gentios".
O livro A Chave da Verdade, escrito pelos próprios paulicianos, citado porGregório Magistos no décimo primeiro século, e descoberto pelo Sir. Fred C. Conybeare,de Oxford, em 1891, na Biblioteca do Santo Sínodo, em Edjmiatzin da Armênia, afirmanas páginas 76-77 que [os paulicianos] são de origem apostólica: "Submetamo-nos então humildementeà santa igreja universal, e sigamos o seu exemplo, que, agindo com uma só orientaçãoe uma só fé, NOS ENSINOU. Pois ainda recebemos, no tempo oportuno, o santo e preciosomistério do nosso Senhor Jesus Cristo e do pai celestial: a saber, que no tempode arrependimento e fé. Assim COMO APRENDEMOS DO SENHOR DO UNIVERSO E DA IGREJAAPOSTÓLICA, prossigamos; e firmemos em fé verdadeira aqueles que não receberam osanto batismo (na margem: a saber, os latinos, os gregos e armênios que nunca forambatizados); como assim nunca provaram do corpo nem beberam do santo sangue do nossoSenhor Jesus Cristo. Portanto, de acordo com a Palavra do Senhor, devemos traze-losà fé, induzi-los ao arrependimento, e dar-lhes o batismo - rebatiza-los." [ênfase porHélio]
Fica claro que eles não se denominavam paulicianos, porém, "a igreja Santa, Universal e Apostólica". As igrejas romanas,gregas e armênias eram duramente condenadas por eles. Condenavam principalmenteo batismo por imposição (praticado pelos imperadores) e o batismo infantil. [Exemplosde batismo por imposição: no ano 311, Constantino ordenou que todos os soldadosde seu exército passassem através de um rio (com cavalos e tudo mais!), e os declaroubatizados. Justiniano, imperador de 527 a 563, ordenou que todos os habitantes doimpério fossem batizados.]
Outro relato interessante é o do professor Wellhausen, na biografia que escreveusobre Maomé, na Enciclopédia Britânica, XVI, pg 571, pois ali os paulicianossão chamados de "sabian", que é uma palavra árabe que significa "batista".
Na enciclopédia acima mencionada é dito que os sabianos - ou batistas - encheram,com seus adeptos, a Síria, a Palestina, e a Babilônia. O maior grupo estava fixadonas regiões montanhosas do Ararat e do Tauros. O motivo de escolherem este lugarde tão difícil acesso é a perseguição movida contra eles pelas igrejas gregas. EnquantoMontanistas, Novacianos e Donatistas eram perseguidos mais pelas igrejas romanas,as igrejas gregas perseguiam os paulicianos no oriente.
O crescimento não podia deixar de despertar os inimigos. No ano de 690, o já mencionadopastor Constantino foi apedrejado por ordem do imperador, e seu sucessor foi queimadovivo. A imperatriz Teodora instigou uma perseguição na qual, dizem, foram mortos,na Armênia, cem mil paulicianos.
Por incrível que pareça, [os Paulicianos] foram tolerados por muito tempo pelosmaometanos. Isso os deixou à vontade e foram eles os grandes missionários da idadedas trevas entre os anabatistas. Espalharam-se pela Trácia em 970, pela Bulgária,Bósnia e Sérvia após o ano 1100. Em todos estes lugares foram como missionáriosenviados pelas igrejas paulicianas. O historiador Orchard revela que "um número considerável de paulicianosesteve estabelecido na Lombardia, na Insubria, mas principalmente em Milão, aí pelomeado do século onze, e que muitos deles levaram vida errante na Franca, na Alemanhae outros países, onde ganharam a estima e admiração da multidão pela sua santidade.Na Itália foram chamados de Paterinos e Cátaros. Na França foram denominadosbúlgaros, do reino de sua emigração, também publicanos e boni homines,bons homens; mas foram principalmente conhecidos pelo termo albigenses,da cidade de Albi, no Languedoc superior".
Em 1154, um grupo de paulicianos emigrou para a Inglaterra, tangidos ao exílio pelaperseguição. Uma porção deles estabeleceu-se em Oxford. Willyan Newberry conta doterrível castigo aplicado ao pastor Gerhard e ao povo. "Seis anos mais tarde outra companhiade paulicianos entrou em Oxford. Henrique II ordenou que fossem ferreteados na testacom ferros quentes, chicoteados pelas ruas da cidade, suas roupas cortadas até àcintura e enxotados pelo campo aberto. As vilas não lhes deviam proporcionar abrigoou alimento e eles sofreram lenta agonia de frio e fome." É interessante lembrarao leitor que João Wycliff (1320-1384), considerado a "estrela d'alva"da Reforma, iniciou justamente em Oxford sua luta para reformar a podridão do catolicismo.Sem dúvida ele teve algum contato com algum sobrevivente dos paulicianos.
A partir do século XII ,o nome pauliciano foi caindo em desuso. Conforme suas emigraçõese campos missionários, foram recebendo novos nomes ou se fundindo com os outrosgrupos de anabatistas da Europa. No sul o nome perdeu-se entre os albingensese valdenses. No centro e norte da Europa foi aos poucos prevalecendo o nomede "anabatistas".
CAPÍTULO VI
Os anabatistasdos séculos XII ao XV são a continuação ou os descendentes diretos dos anabatistasprimitivos. A única coisa que vai mudar é o sobrenome do apelido. Vimos que na primeirageração de anabatistas havia quatro grandes correntes, que iam desde o Oriente Médioaté a Europa. A partir do século XII, a mais forte destas correntes (os paulicianos)fundiu sua identidade com os irmãos europeus que serão estudados neste capítulo.
Dois grandes grupos de anabatistas apareceram neste período. Esse número pode serbem maior, mas me falta conhecimento para integrá-los aos demais. Não é nossa ideiatrabalhar com hipóteses. Trabalhamos com declarações e documentos de estudiososno assunto de história das igrejas. Por isso consideraremos apenas dois grupos comoautênticos anabatistas. São eles: os albingenses e os valdenses. Ahistória de amor pela palavra de Deus, e a perseguição que sofreram decorrente desteamor, é uma das histórias mais lindas e tristes que já li.
Após osquatro grupos primitivos de anabatistas, os albigenses é o primeiro a se destacarcomo seus descendentes. Já se notou que os montanistas, donatistas e novacianos,após a investida de Roma e Constantinopla sobre eles, foram obrigados a se refugiarna região dos Pirineus, sul da Franca. Também os paulicianos, a partir do séculoXI, se fixaram nestes lugares. Foi exatamente assim que Deus guardou sua igrejapura e viva, para descobri-la novamente ao mundo e pregar as boas novas. Os velhosnomes morreram, mas a fé permaneceu a mesma. A doutrina também não mudou. Tambémnão mudou o costume de rebatizar os católicos, e por isso todos os dois grupos eramidentificados como seus antecessores, ou seja, "anabatistas".
Alguns historiadores traçam a origem dos albigenses como tendo provindo dos paulicianos(Enc. Brit. I, pg 45), enquanto outros afirmam que eles se achavam no sulda França desde os primeiros dias do cristianismo. Este apelido não provém do nomede um pastor famoso, como, por exemplo, os novacianos. É um apelido provenientedo lugar onde os anabatistas se encontravam. Albi era uma cidade no distrito dealbigeois, no sul da França.
Após a perseguição desencadeada por Roma e Constantinopla sobre os montanistas,novacianos e donatistas, estes três grupos, sem exceção, ficaram impedidos de pregarnas cidades do ocidente e do oriente onde prevalecia o poder papal. A prática derabatizar os católicos era punida com a morte. Então, num gesto de conseguir a sobrevivênciada fé e da ordem apostólica, estes grupos procuraram esconder-se nos Alpes e nosPirineus. Ao chegarem nestes lugares perderam o antigo apelido e foram conhecidospor outros apelidos: ALBIGENSES - pelo lugar onde se refugiaram; CÁTAROS - Devidoa pureza de vida que levavam; HOMENS BONS - Pela inegável integridade desses crentes;e ANABATISTAS - por rebatizaram os que vinham do catolicismo romano ou ortodoxo.
Não existia diferença entre as doutrinas dos recém-chegados a esse refúgio - comofoi o caso dos paulicianos - e os anabatistas já instalados ali há quase um milênio- a saber, os montanistas, novacianos e donatistas. Mesmo vindos de cantos totalmentediferentes e de diversos lugares do mundo antigo, ao chegarem nos vales dessas montanhas,uniam-se facilmente uns com os outros. O crescimento dos anabatistas neste lugarfez o dr. Allix calcular o seu número em três milhões e duzentos mil pessoas sónos Pirineus. (O Batismo Estranho e os Batistas, pg 63). É maravilhoso sabercomo Deus guardou os anabatistas por tantos séculos e depois ajuntou-os num mesmolugar. É maravilhoso saber que a podridão do catolicismo não conseguiu penetrarnessas igrejas de Jesus Cristo por todos estes séculos.
Qualquer pessoa pode por si mesma fazer um estudo minucioso sobre as atrocidadescometidas contra os albigenses. O que o catolicismo fez por mais de um século contraesse grupo de anabatistas pode ser lido em qualquer biblioteca de uma simples escolapública. Basta pegar uma enciclopédia e abrir na página de Inocêncio III. Este papacatólico foi um dos muitos que mataram friamente anabatistas por mais de mil e trezentosanos. Só que as atrocidades deste papa foram todas registradas e não podem ser escondidasda sociedade. Para a igreja católica ele é um santo. Para mim, o mais usado porSatanás, em seu tempo.
O Papa Inocêncio III (1198-1216) desencadeou contra os anabatistas de Albi o quefoi chamada de "a quarta cruzada". A chacina, iniciada em fins do séculoXII, iria se prolongar até meados do século XIII. Centenas de milhares de albigenses- também chamados de cátaros e bons homens, foram cruelmente assassinados pelo mandatopapal. Houve em 1167, na cidade de Toulouse, o chamado "Concílio Albigense".Assunto: Tratar simplesmente dos hereges anabatistas que lá viviam. O resultadodesse concílio foi a quarta cruzada, posta em vigor pelo papa Inocêncio III. Em22 de Julho de 1209, quase toda a população de Béziers foi massacrada. O papa Inocêncioe seus sucessores, em nome de Deus, matavam anabatistas como se mata porcos. Algunsalbigenses que conseguiram se refugiar em Montségur (foram estes os últimos albigensesanabatistas a assim serem chamados), conseguiram sobreviver [somente] até o anode 1244.
O escritor Nicolas Poulain assim descreveu o seu fim:
"A 16 de Marcode 1244, os sitiadores prepararam uma enorme fogueira no sopé do rochedo de Montségur.Então, os 200 [últimos] sobreviventes saíram do refúgio e desceram em lenta procissãoaté seus carrascos. Os sãos sustinham os enfermos; de mãos dadas, entoavam hinosreligiosos. Entre eles, havia uma mãe com sua filha doente... impassíveis, todosentraram nas chamas... o local onde foi erguida a fogueira ainda é conhecido comoo "campo dos queimados"; ali se erigiu uma estela [um marco de pedra,memorial ou de comemoração] funerária onde foi gravada a seguinte inscrição: "EMMEMÓRIA DOS CÁTAROS, MÁRTIRES DO PURO AMOR CRISTÃO."
E ainda há quem defenda um homem como Inocêncio III. E ainda há quem ache a igrejacatólica ser a igreja que Jesus deixou. Não, não é. Deus não tem assassinos comopastores. Sua igreja não é uma igreja assassina, pois, "a porta do infernonão prevalecerá contra minha igreja." Se o leitor duvida do que aqui está escritoprocure saber por si mesmo a verdade. Mas busque a verdade.
A perseguiçãoque o papado moveu contra os albigenses durante várias décadas levou os anabatistasa se deslocarem para muitos lugares. O nome albigense era sinônimo de morte. Surgiuentão um outro apelido para designar os anabatistas deste tenebroso período. Foramchamados de Valdenses.
Os livros relatam que os valdenses se originaram de um rico comerciante de Lionem 1176. Seu nome era Pedro de Valdo, daí [vem o nome] valdenses. Mas a verdadeé que esse grupo é uma continuação dos albigenses. Vendo os anabatistas albigensesque a perseguição no sul da França não ia ter fim - como não teve - fugiram paraoutras localidades. Em suas fugas iam evangelizando e rumando sempre para o norteda Europa. Foi onde Pedro de Valdo se converteu, e por ser famoso, os inimigos logoapelidaram os antigos albigenses de Valdenses.
[Correção por Hélio: Até mesmo alguns reformadores (por exemplo, Beza)reconheceram que a Igreja Valdense foi organizada não por Valdo, mas peloshabitantes do Vale de Vaudois (donde derivou-se o nome Valdense), nos AlpesItalianos, cerca de 120 AD, a partir de quando eles passaram de pai para filhoos ensinamentos que receberam dos apóstolos. A Bíblia Latina, a Itálica, foitraduzida do grego (depois chamado de Textus Receptus) o mais tardar em 157 AD.http://www.giveshare.org/library/bible/waldensesandbible.html (TheWaldenses and the Bible. The Primitive Baptist Library)]
Significativo é o depoimento de Raisero Sachoni. Ele foi por dezessete anos um dosmais ativos pregadores dos "Cátaros" ou "Valdenses". Mais tardeuniu-se à ordem [de frades católicos mendicantes] dominicana, apostatando da fé.Tornou-se um acérrimo inimigo dos Valdenses, e por isso o papa o fez ser inquisitorda Lombardia. Por muitos anos, até à sua morte, acusou e mandou matar seus ex-irmãosanabatistas. Foi um judas. Sua opinião sobre a origem dos valdenses é como se segue:
"Entre todasas seitas não há mais perniciosa à igreja (católica, é claro) do que os valdenses.Por três razões:
- Primeira, porque é a mais antiga, pois alguns dizem que data do tempo de Silvestre,325 A.D. (Silvestre foi o papa que, junto com Constantino, condenou os donatistas,montanistas e novacianos), outros [dizem que data] do tempo dos apóstolos.
- Segunda, é a mais largamente espalhada, porque dificilmente haverá um país ondenão existam.
- Terceira, porque, se outras seitas horrorizam aos que a ouvem, os valdenses, pelocontrário, possuem uma grande aparência de piedade. Como matéria de fato, eles levamvidas irrepreensíveis perante os homens e no que respeita à sua fé, aos artigosdo seu credo, são ortodoxos. Sua única falta é que blasfemam contra a igreja e oseu credo".
O testemunho desse apóstata é muito importante. Não é fácil para um prelado católicodizer que [os anabatistas Valdenses] "datam do tempo de Silvestre (ano 325A.D.) ou dos apóstolos".
Outro escritor, dessa vez um francês, Michelet, diz na Historie de France,II, pg 402, Paris 1833: "Os valdenses criam numa continuidade secretaatravés da Idade Média, igual à da Igreja Católica".
ENeander adiciona na History of the Christian, pg 605, Vol. IV, 1859: "Nãoé sem fundamento a afirmação dos valdenses deste período (1100 em diante), a respeitoda antigüidade de sua seita, e que tinha havido, desde o tempo da secularizaçãoda igreja, a mesma oposição (à igreja Romana) que eles sustentavam".
Os historiadores que se tem especializado na história dos valdenses sustentam aideia de que as doutrinas dos valdenses não se originaram com Pedro Valdo. Diz Faber,The Waldenses and Albigenses: "A evidência que acabo de produzir,prova, não somente que os valdenses e albigenses existiram antes de Pedro de Lião;mas também que, no tempo do aparecimento dele nos fins do século doze, havia duascomunhões de grande antigüidade (O autor refere-se aos albingenses e valdenses aodizer que existiam duas comunhões). Segue-se, portanto, que, mesmo nos séculos dozee treze, as igrejas valdenses eram tão antigas, que a sua origem remota foi atribuída,mesmo pelos seus inimigos inquisitoriais, ao tempo além da memória do homem. Osromanistas mais bem informados do período não ousaram fixar a data da sua origem.Eram incapazes de fixar a data exata dessas veneráveis igrejas. Tudo que se sabeé que eles tinham florescido ao longo do tempo, e que eram muito mais antigos doque qualquer seita moderna".
Portanto, se alguém quer saber a origem dos valdenses, saiba que, apesar de receberemesse apelido somente a partir de 1100, já eram conhecidos como albigenses, paulicianos,donatistas, novacianos e montanistas. Tinham de diferente apenas o apelido, maseram todos de uma mesma comunhão. Também todos, sem exceção, foram chamados de "anabatistas".O fato de aparecer paralelamente no mesmo período albigenses e valdenses, não querdizer que os valdenses não seja uma continuação dos albigenses. Quer dizer que duranteum período de mais ou menos meia década, enquanto o apelido albigense caía em desuso,crescia o nome valdense. É o que chamo de período de transição. O estudante notaráque a mesma coisa aconteceu no século XVI. Neste período, enquanto caía o apelidoanabatista, surgia o apelido batista.
Suas doutrinas eram idênticas à dos primitivos anabatistas. Há dois documentos,datados de cerca do ano 1260 A.D., escritos por católicos que descrevem os valdenses:Um deles diz: "os valdenses se vestiam com relativa simplicidade, comiam ebebiam moderadamente, sempre eram laboriosos estudiosos, havendo entre eles muitoshomens e mulheres que sabiam de cor todo o Novo Testamento".
O outro documento é o tratado de Davi de Augsburgo, escrito sobre os "pobresde Lião" ou valdenses, e impregnado de ódio e antipatia. Este documento dizque os valdenses proclamavam-se "discípulos de Cristo e sucessores dos apóstolos"e, quando eram excomungados [pelas igrejas papistas romanistas], regozijavam-secom o fato de terem de sofrer perseguição como outrora os apóstolos, "nas mãosdos escribas e fariseus". O documento informa que eles rejeitavam os milagreseclesiásticos e os festivais, ordens, bênçãos, etc., dizendo que essas coisas foramintroduzidas pelo clero cobiçoso; batizavam os que abraçavam seus princípios, dizendoalguns deles que o batismo de crianças não vale nada, pois elas são incapazes decrer. Não criam que o sangue e o corpo de Cristo estão na eucaristia, limitando-sea abençoar o elemento como um símbolo. Celebravam a ceia, recitando palavras doevangelho; negavam o purgatório, o concubinato, o sacerdotalismo, o legalismo, etc.
APerseguição aos Valdenses
Assim como os albigenses, os valdenses foram tenazmente perseguidos pela IgrejaCatólica. A Inquisição matou, queimou, afogou, esfolou, torturou e fez muito maispara destruir os valdenses. Só para o estudante ter uma idéia, o Papa João XXII(1316-1334), tendo um rendimento farto e regular dos impostos criados por ele mesmo,gastava 63% do tesouro papal para financiar a guerra contra os anabatistas e osmuçulmanos. (O Papado na Idade Média, pg 140 e 143). O papado obrigou o povoa pagar impostos com o intuito de financiar guerras visando o extermínio dos anabatistas.Em todos os países era passada a chamada "rota romana" com os ad doc -que significa "a isto" - pressionando e atormentando o povo a pagar otributo para o papa.
No final do século XV os valdenses ainda estavam de pé. Suas forças estavam nosvales dos Alpes. Tinham uma escola prática em Milão e de ramificações em zonas distantescomo a Calária e a Apúlia. Possuidores de um noviciado e de seminários independentes,os valdenses punham em campo uma grande quantidade de missionários itinerantes,os quais conheciam de cor longas passagens dos evangelhos e das epístolas.
Infelizmente, muitos se ligaram com os hussitas [seguidores do mártir JohnHuss] na Boêmia e com os Lolardos na Inglaterra. Isso degradou em muito a purezade muitas igrejas valdenses, pois estas igrejas, assim como as protestantes, pregavamuma fé em que podia-se pegar em armas para defender direitos [ué, Hélio vêcomo permitido pela Bíblia que defendamos nossa vida e da nossa família, e que,como soldados convocados, defendamos nossa pátria contra invasores]. No séculoXVI, a euforia da Reforma também varreu uma grande parte dos valdenses. Acreditoque isso destruiu o grupo como denominação. Alguns se aliaram com os luteranos naAlemanha, outros a Zuinglio na Suíça, e uma grande parcela com Calvino. Os fiéis,que não se misturaram, continuaram anabatistas puros. Até hoje existe algumas igrejascom o nome denominacional "valdense" [pena que a maioria delas pareceter se tornado ecumênica e de evangelho social, ver http://www.waldensian.org/]
CAPÍTULO VII
Tenho vistomuitos historiadores da Igreja tentando responder erroneamente a questão de ondevieram os anabatistas do século XVI. A resposta correta é simples: Não vieram, jáestavam. O movimento anabatista do século XVI é uma continuação dos movimentos anabatistasque atravessaram toda a Idade Média. Os costumes são iguais; a doutrina é a mesma;os membros tinham a mesma característica diante da sociedade. O fato de sabermosmais sobre os anabatistas do século XVI do que os anabatistas da Idade Média, nãose deve ao fato de estarmos incertos sobre a existência dos últimos. Deve-se aofato de que agora já tinham inventado a imprensa. E também, com a divisão do catolicismono advento da Reforma, teríamos informações oficiais de dois lados, o catolicismoe o protestantismo. Além do que o século XVI está bem mais próximo de nossa épocaque o século IV. Pense bem: O que você sabe sobre o papa Silvestre do século IV?Quase nada. Que tal verificar na sua memória o que você sabe sobre Lutero, Cabral,e outros que viveram no século XVI? Tenho certeza que as informações sobre os últimossão bem mais amplas. Porque seria diferentes com os anabatistas?
A ORIGEM DOS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
Admitirque os anabatistas atravessaram toda a idade média, mesmo que levando outros nomes,não é uma tarefa fácil. Para igreja católica admitir isso ela estará afirmando tersido exclusão [da comunhão deles] em 225, além do que, [estará reconhecendo] queela [a igreja católica] não é a igreja mais antiga. Para os protestantes - principalmenteluteranos e presbiterianos - é dizer que não foram seus patronos Lutero e Calvinoos resgatadores da verdade.
Os anabatistas têm sua origem nas igrejas anabatistas que conseguiram escapar daperseguição católica durante o período das Trevas, que vai desde século IV até oséculo XVI. Apesar de terem outros apelidos além de anabatistas, estas igrejas eramo verdadeiro cristianismo, e todas, sem exceção, eram chamadas de "anabatistas".
SUAS CARACTERISTICASORGANIZACIONAIS E DOUTRINÁRIAS
O historiadorA.G. Dickens, no seu livro A Reforma, pg 131- 140-141, faz um relato muitosignificativo sobre a origem, organização e doutrina dos anabatistas do século XVI.Ele não defende os anabatistas, mas também não pode negar o fato de serem eles umgrupo de cristãos totalmente diferente do catolicismo e protestantismo. Eis o relatode Dickens:
"Em que sentidopode o anabatismo ser chamado de um movimento? Não podemos certamente falar de umareforma anabatista como falamos de uma reforma luterana, zuingliana ou calvinista.Os anabatistas não tinham nenhum chefe espiritual, nenhum código de doutrina largamenteaceito, nenhum órgão central dirigente (eram independentes). Não influenciaram osgovernos, não modelaram as sociedades nacionais, não conservaram uma administraçãopolítica. Nessa comunidade de crentes fora das margens [isto é, fora docatolicismo romano], a disciplina não se limitava apenas ao batismo. A confissãode Schleitheim, um de seus documentos mais largamente divulgados, redigida em 1527,talvez pelo mártir Miguel Satler, reduz-se a sete artigos:
- O batismo, diz-se, só será concedido aos que conheceram o arrependimento e mudaramde vida, e que entrem na ressurreição de Jesus Cristo.
- Os que estão no erro não podem ser excomungados antes de advertidos por três vezes,e isto deve-se fazer antes do partir o pão, de maneira que uma igreja pura e unidase reuna.
- A ceia do Senhor é só para os batizados, e é um serviço comemorativo.
- Os membros devem deixar o culto papista (católico) e antipapista (protestante),não tomarem parte dos negócios públicos (que eram na sua maioria imoral), renunciamà guerra e às diabólicas e anticristãs arma de fogo.
- Os pastores devem ser sustentados pelas congregações, afim de poderem ler as escrituras,assegurar a disciplina da igreja e dirigir a oração. Se um pastor é expulso ou martirizado,deve imediatamente ser substituído, e ordenado outro, para que o rebanho de Deusnão seja destruído.
- A espada destina-se aos magistrados temporais, a fim de poderem castigar os maus,mas os cristãos não devem usá-la, mesmo em legítima defesa, como também não devemrecorrer à lei ou tomar o lugar dos magistrados.
- São proibidos os juramentos."
O estudante deste tratado pode comparar o elo que liga os anabatistas do séculoXVI aos dos séculos anteriores e aos batistas. São o mesmo povo. Olhe bem para osartigos de fé acima mencionados. Compare com as doutrinas dos batistas. Existe algumacoisa que não está de acordo? São todos o mesmo povo. Todos eram e devem ser verdadeirosseguidores das Escrituras Sagradas.
AS DIVISÕES ENTRE OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
Muitos háque condenam o movimento anabatista do século XVI dizendo que eles por algum tempoapelavam para a violência. Os que assim pensam se esquecem que toda igreja tem seulado ruim. Veja a Igreja de Jesus. Não havia lá o Judas? Era Judas o verdadeirorepresentante da igreja ou um membro errado? Sim, os anabatistas tiveram membrose pastores que não honravam suas doutrinas. E eram justamente aqueles que estavammisturados com as revoluções luteranas, calvinistas e zuinglianas. Foi o caso deMelchior. Dickens afirma no seu livro A Reforma, pg 142 sobre ele:
"Pode-se dizerque a Confissão de Schleitheim, no seu conjunto, contém muitas posições característicase que era aceita pela maior parte dos anabatistas. Fora dela havia muitos preceitosreligiosos ou sociais não aceitos por todos eles e sujeitos a controvérsias. Doutrinasnão incluídas na confissão eram rigorosamente sustentadas por certas comunidades,como a cristologia Melchiorita [ele marcou a volta de Cristo para 1533, emStrasbourg, que seria a nova Jerusalém. Falhou. Isto o levou a ser um dos paisda Rebelião de Munster]."
Para quem não sabe Melchior Hoffiman é acusado de ser anabatista e de fazer um levantecontra o Estado de Lutero na Alemanha. Dickens considera-o "sectários e extremistasà margem [isto é, fora] do anabatismo" (A Reforma pg 143). O historiadorChristian diz que ele nunca foi um anabatista.
Hoje estamos vivendo uma situação parecida. [Porventura] são batistas aqueles quese dizem batistas e não honram os artigos de fé bíblicos? [Porventura] são batistasos batistas que acreditam na salvação pelas obras? [Porventura] são batistas osque acreditam na salvação pela guarda do sábado? Porém na parede da frente de suasigrejas está escrito: Igreja Batista. Realmente, somente é batista quem realmentevive como um batista deve viver. Foi o caso dos anabatistas do século XVI. Uma maçãpodre não invalida as maçãs boas.
OS ANABATISTAS E LUTERO
Os anabatistasdo século XVI e o reformador católico Martinho Lutero escreveram uma página especialdo cristianismo naquele período. Quando Lutero iniciou o seu movimento encontrounos anabatistas um apoio antipapista. [Lutero e os anabatistas] tinham de comumo fato de saberem que o papa era um servo de Satanás. Muitos anabatistas migraram-separa a Alemanha animados com o discurso antipapista de Lutero. A decepção não demoroua chegar. Quando Lutero conseguiu o poder temporal ele passou a perseguir os anabatistas.Primeiro, usando discursos inflamados. Depois usou a intimidação. E por fim, usoua força. Para decepção de muitos de seus admiradores, Lutero não ficou devendo nadaa nenhum papa em questão de crueldade contra os anabatistas. Veja alguns relatossobre a perseguição de Lutero aos camponeses anabatistas feitas pelo escritor StefanZweig em seu livro Os Caminhos da Verdade, páginas 184 e 198:
"Lutero abraçava,sem restrições e definitivamente, a causa da autoridade contra o povo. O asno, diziaele, precisa de pauladas; a plebe deve ser governada com a força... Iniciava-sejá a perseguição aos livres pensadores e aos dissidentes, instaurava-se a ditadurado partidarismo... Arrancava-se a língua aos anabatistas, os atenazavam com ferroscandentes e os condenavam a fogueira como hereges os seus pregadores, profanavam-seos templos, queimavam-se os livros e incendiavam-se as cidades."
Lutero não pode ser visto como um defensor da causa de Deus. Tampouco como alguémque resgatou o direito de ler a Bíblia. Não, de forma alguma. Ditadores não sãohomens de Deus. Homens que matam por causa de doutrina não são homens de Deus. Nãovemos Jesus arrancar a língua de ninguém para pregar o evangelho. Porque então seuspregadores agiriam dessa forma? Lutero perseguiu os anabatistas porque estes nãose sujeitaram a seus caprichos de ditador.
Em Abril de 1525, por ordem de Lutero, o qual chegou a redigir um panfleto, numalinguagem violenta contra os anabatistas, pediu que seus súditos colocassem fimna desordem anabatista que atormentava o seu país. Naquele mês, mais de cem milanabatistas morreram assassinados pelos soldados luteranos. Essa é a verdadeirahistória sobre os anabatistas e Lutero.
OS ANABATISTAS E CALVINO
A relaçãoentre Calvino e os anabatistas do século XVI não foi diferente da que houve comLutero. Todo revolucionário tem a tendência de se tornar um ditador. Aconteceu primeirocom Lutero na Alemanha. Pouco depois aconteceu com Calvino na cidade de Genebra.Nos livros que temos sobre a reforma não se pode esconder os atos de atrocidadesque Calvino cometeu contra feiticeiros, humanistas e aos anabatistas residentesem sua cidade. No livro O Cristianismo Através dos Séculos, pg 254, diz que:
"Para garantira eficácia de seu sistema (o sistema de uma cidade santa), Calvino estabeleceu penalidadesseveras. Vinte oito pessoas foram executadas e setenta e seis exiladas em 1546."
Temos o relato de uma testemunha ocular dos fatos, chamado Sebastião Castellio,que fora um pastor Calvinista e tornou-se depois um humanista, abandonando seu ministériodevido a evidências tais quais temos a seguir:
"Revolta-meo exemplo de como se procede nesta cidade o emprego da violência contra os anabatistas.Eu mesmo vi arrastarem para o cadafalso uma mulher de oitenta anos com sua filha,esta mãe de seis filhos, que não cometeu outro crime senão o de negar o batismodas crianças." (Extraído do livro Uma Consciência Contra a Violência, página115).
Se Calvino fosse um homem de Deus certamente agiria como a Bíblia ensina. Saberiaque somente teremos uma cidade perfeita quando estivermos no céu. Saberia concedera liberdade religiosa a seus concidadãos. Saberia que lugar de pastor não é no comandode cidades e sim conduzindo o seu rebanho. Quem manda matar a mãe de seis criançaspor não aceitarem o erro do batismo infantil não pode ser um homem da dispensaçãoda graça. Os verdadeiros batistas não tem nada a ver com o calvinismo.
OS ANABATISTAS E ZUINGLIO
Zwinglio(ex-sacerdote católico) foi um grande reformador e da mesma época que Lutero. Zuriquefoi a cidade que ele escolheu para fazer notório o seu movimento reformador. Muitosanabatistas foram para lá pensando justamente na liberdade religiosa que os reformadorespregavam antes de se tornarem cruéis ditadores. No começo houve uma grande amizadeentre os anabatistas (principalmente os valdenses) e os simpatizantes de Zwinglio.Muitos anabatistas inclinaram-se para o zwinglianismo, principalmente em setembrode 1532. Parece que a maioria dos valdenses seguiram Zwinglio por este tempo. Masforam decepcionados. Zwinglio aceitou a adesão dos que queriam, mas condenou aquelesque não quiseram se juntar a ele.
Assim que Zurique ficou em suas mãos, Zwinglio iniciou uma perseguição contra osindomáveis anabatistas. Por sua ordem, o senado promulgou uma lei, segundo a qualaquele que se atrevesse a batizar alguém que tivesse sido batizado antes, na infância,fosse afogado. Suas ideias se espalharam por todas as cidades suíças de ascendênciaalemã, e consequentemente, nestes lugares, os anabatistas eram afogados por batizaremseus membros.
PORQUE OS ANABATISTAS NÃO SE UNIRAM COM OS REFORMADORES?
Uma igrejaque representa a pura doutrina deixada pelo Senhor Jesus não poderia se unir comnenhum movimento reformador do século XVI.
- Primeiro, porque, como o próprio nome diz, era uma reforma da igreja Católica.Se queriam reformá-la é porque admitiam que ela era uma igreja de Jesus, quando,na verdade, tinha deixado de ser desde 225.
- Segundo, porque quando os reformadores vieram da igreja Católica, não houve entreseus pastores iniciantes uma conversão de seus pecados. O que houve foi uma convicçãoda parte deles de que a igreja católica estava errada. Até os católicos tinham essaconvicção.
- Terceiro, que, não se convertendo, também não foram e nem podiam ser batizados,ordenança pela qual um crente professa publicamente que está aceitando Jesus e suaIgreja. Se não foram batizados com que autoridade podiam ministrar o batismo oupassar esta autoridade a outros?
As igrejas que saíram da reforma cometiam erros que jamais podiam ser aceitos comosendo realizados pela igreja de Jesus.
- O primeiro é o batismo infantil. Todas as igrejas da Reforma batizavam criançasrecém-nascidas. A Igreja de Jesus nunca realizou e nem permitiu o batismo infantil.
- O segundo erro é a formação de uma igreja oficial [estatal, intimamenteligada ao governo, idealmente controlando-o]. Por exemplo: Luterana na Alemanha;Anglicana na Inglaterra; Presbiteriana na Escócia; Jesus nunca quis casar sua igrejacom o Estado. Antes ensinou: "Dai a César o que é de César e a Deus o que éde Deus".
- Terceiro é a formação de uma hierarquia dentro da igreja, colocando uma igrejaacima da outra e pastores comandando outros pastores.
- O quarto erro é o uso de armas para impedir a liberdade religiosa e se meter emguerras contra católicos.
- O quinto erro é o de praticarem o batismo por aspersão e não por imersão.
Por estes e outros motivos os anabatistas jamais poderiam ter se aliado com as igrejasda reforma.
A OPINIÃO DE HISTORIADORES DA IGREJA SOBRE OS ANABATISTAS
Apesar denão concordar com os historiadores convencionais a respeito da história dos anabatistas(pois eles tratam os tais como dissidentes e hereges), penso ser importante a opiniãodestes homens sobre os anabatistas.
A opiniãode A.G. Dickens, no livro a Reforma: "Durante os últimos anos fizeram-se estudos quenos levam a ver com novo respeito o sopro do idealismo cristão que alimentava osanabatistas. As horríveis crueldades de que foram alvo por parte dos católicos edos protestantes chocam mesmo aqueles que os estudos dos costumes do século XVIendureceu... a maioria destes sectários era constituída por homens sinceros e pacíficos,que teriam podido ser dirigidos sem recorrer ao fogo e ao afogamento... Haveriamuito a dizer, se nos quiséssemos referir aos seus descendentes espirituais, asseitas do século XVII, da Inglaterra e da Nova Inglaterra (os batistas e menonitas),e para podermos afirmar que os anabatistas deram grande contribuição à liberdadereligiosa e cívica." (página 143).
"Uma revisão realista obriga-nos a acrescentar que nenhuma outra seita religiosamostrou maior heroísmo passivo, face à perseguição." (página 141).
Quando afirmamos que os anabatistas são os sucessores autênticos dos apóstolos nãoestamos idealizando uma fantasia. Estamos relatando uma verdade que jamais serápublicada nos livros de história eclesiástica.
CAPÍTULO VIII
Na metadedo século XVI, e no princípio do século XVII, há uma súbita queda do apelido "anabatista"e o aparecimento rápido do apelido "batista" em toda a Europa. Muitosprocuram ligar a fundação das igrejas batistas à pessoa de John Smith (morto em1612). Grandes historiadores como Orchard e Christian já fizeram o favor de desmentiressa teoria. Qualquer estudante da história das religiões, se agir com sinceridade,descobrirá que os batistas são o fim dos anabatistas. Os batistas são a junção dediversos grupos anabatistas em torno desse nome com a queda do prefixo "ana".E isso não aconteceu de repente ou de uma só vez. Foram necessário quase um séculopara que a junção dos anabatistas ao nome batista fosse possível. E só se tornoupossível devido ao laborioso trabalho de resgate de pastores itinerantes que, levantadospor Deus, uniram os diversos grupos ao nome batista e também, ao nome "menonita".
POR QUE O APELIDO ANABATISTA CAIU?
Vimos queno início do século XVI, muitos anabatistas, iludidos com o aparecimento de algunslíderes da reforma, saíram de seus esconderijos e foram habitar nas cidades e povoaçõesonde a reforma explodia. Não demorou muito e toda a Europa Central foi minada coma chegada desses cristãos. No sul da Alemanha, na Boêmia, na Suíça, na França, naHungria e nos países baixos [a Holanda], os anabatistas estavam fortemente organizados.Animados com a chance de novamente poderem pregar publicamente - isso depois de1200 anos - deixaram os Pirineus e os Alpes e marcharam rumo ao norte da Europa.
O sucesso foi imediato. As conversões multiplicavam-se. A cidade de Estraburgo,na França, chegou a ter mais de dez por cento de sua população anabatista. Só naMorávia, o pastor Jacob Hutter, organizou mais de oitenta igrejas em menos de dezanos. Hutter foi morto em 1526 pregando o evangelho. O pastor Hans Huth, encadernadoritinerante, estendeu o evangelho por numerosos países da Europa. Abriu centenasde igrejas no sul da Alemanha e na Áustria. Em 1527 ele foi preso em Ausburgo, interrogadoe submetido a tortura; morreu no mesmo ano, devido a queimaduras publicamente sujeitado.O pastor Hubmaier teve grande participação dos trabalhos na Morávia, onde encontrouauditório e leitores para seus panfletos. Em 1528 ele foi queimado na cidade deViena. Sua esposa foi lançada ao Danúbio com uma grande pedra no pescoço.
Cálculos menores indicam que só nos Países Baixos [Holanda] morreram mais de 30.000anabatistas em menos de cinco anos de perseguição. A perseguição foi brutal e desumana.Além dos casos mencionados acima temos um muito famoso: O martírio de Miguel Satler.Este era um pastor batista. Sendo um homem de muita sabedoria, coube a ele, em 1527,redigir a Confissão de Schleitheim, o credo anabatista. Foi o documento mais largamentedivulgado entre os anabatistas, o qual, como já mencionamos, era um precioso resumodos artigos de fé das igrejas anabatistas e posteriormente batistas. O ato lhe custouo martírio. No livro Breve História dos Batistas, pg 59, temos um comentárioextraído de sua sentença de morte:
"Miguel Satlerdeverá ser entregue ao carrasco. Este o levará até a praça e aí primeiro lhe cortaráa língua. Depois o amarrará a uma carroça e com tenazes incandescentes tirará, porduas vezes, pedaços de seus corpo. Em seguida, a caminho do lugar da execução faráisso cinco vezes mais e depois queimará seu corpo até o pó como um arqui-herege"
Assim ele morreu. Quando já na fogueira, as chamas queimaram as cordas que lhe prendiamas mãos, e ele levantou os dedos indicadores. Era o sinal combinado com os irmãosanabatistas para indicar que os sofrimentos eram suportáveis.
Os anabatistas cresceram tanto no século XVI que despertou o ódio dos católicose protestantes. A ilusão de que a reforma os ajudaria transformou-se numa grandedesilusão. Os protestantes do norte da Europa fecharam-lhe as portas e iniciaramum período de perseguição intimidadora, que visava apenas fazerem parar de crescer.Não adiantou. Continuaram a crescer. Foi Lutero, em 1525, que desencadeou uma perseguiçãoem massa. Essa perseguição atravessou as fronteriras da Alemanha e o apelido "anabatista"tornou-se um sinônimo de morte. O historiador Dickens relata sobre esse fato escrevendoum comentário de Bullinger, um escritor luterano contemporâneo de Lutero: "Portoda a parte, tanto a católicos como a protestantes, estes sangrentos sucessos -referindo-se à chacina causada por Lutero - serviram de aviso. Deus abriu os olhosdos dirigentes, e de futuro ninguém poderá acreditar num anabatista, mesmo nos quese dizem inocentes."
Bullinger deixa claro o que Lutero fez aos anabatistas no dia 25 de Junho de 1535na cidade de Munster ao chamar o ato de "sangrentos sucessos". Sua ironiaem comentar o caso mostra que o reformador tinha pleno apoio de seus seguidores.Além do que a opinião de Bullinger foi certeira no que se refere ao futuro difícilque os anabatistas teriam pela frente. Após a chacina, até o ano de 1566, tantocatólicos como protestantes buscaram tenazmente a destruição das igrejas anabatistas.
Assustados, os anabatistas começaram a deixar de usar este apelido. Sabiam que asimples identificação como anabatista bastava-lhe para ser morto. A partir de 1533,tanto católicos como protestantes resolveram que iriam exterminar o anabatismo.Por isso, eles se refugiaram pelos Países Baixos e já não podiam pregar publicamente.Na busca pela sobrevivência espalharam-se como uma denominação organizada. Algunspastores, tentando evitar o martírio, mudavam-se de lugar e de nome também. Os pastoresmais famosos eram os mais procurados. Foi o caso de João de Leida, que fugindo deMunster, instalou-se em Basiléia. Lá, gozando de uma certa liberdade, trocou seunome para David Joris, e pregava na clandestinidade. Considerado o mais famigeradode todos os anabatistas, depois de morto, seu corpo é retirado do túmulo e queimadojunto com seu livro "Wonderboek".
O que aconteceu a João de Leida foi a realidade de milhares de anabatistas do mesmoperíodo. Mas tinha um problema. Mudavam de lugar e de nome, porém, como mudar deSenhor? Como não rebatizar os católicos e protestantes que eram convertidos na clandestinidade?Por onde iam, acabavam sendo descobertos pelo fato de batizarem por imersão os seusmembros. Foi assim que seus inimigos começaram a chamá-los de "batizadores"ou "batistas".
Earle Cairns, em seu livro O Cristianismo Através dos Séculos, página 248,afirma que: "os anabatistas são os ancestrais diretos das igrejas menonitase batistas hoje espalhadas pelo mundo."
O RESGATE DOS ANABATISTAS
Com a dispersãodos anabatistas, muitos acabaram em lugares longínquos. Foi preciso haver um "resgate"dos membros dispersos. Muitos anabatistas foram encontrados e resgatados às fileirasda fé pela ação itinerante de pastores que viajavam por toda a Europa em busca dasovelhas dispersas. Veja o relato de Dickens:
"Sabe-se que,durante estes anos (de 1536 a 1561), Menon Simon viaja infatigavelmente atravésda Alemanha e dos Países Baixos, confirmando e estendendo os grupos que haviam conseguidoescapar à perseguição... O pintor de Vitrais David Joris (morto em 1556) tornou-setambém um outro organizador itinerante. Foi finalmente obrigado a fugir para Basiléia,onde, escondido durante largos anos, conseguiu evitar a fogueira."
Assim fica claro que, após a perseguição desencadeada de 1533, os anabatistas quese dispersaram foram reagrupados por pastores itinerantes. Os resgatados por MenonSimon - nem todos - acabaram sendo conhecidos por menonitas, e existem como denominaçãoaté hoje. Os que foram resgatados por David Joris, e muitos outros pastores anabatistas,ficaram sendo conhecidos como "batistas".
A ÉPOCA DA MUDANÇA OFICIAL DO APELIDO ANABATISTA PARABATISTA
A épocaexata da mudança do apelido anabatista para batista está entre os anos de 1533 atéo ano de 1638. Temos relatos de que o nome batista era usado já no século XVI, etambém que o apelido anabatista ainda foi usado no século XVII. Para se ter umaidéia clara sobre esse assunto basta o estudante lembrar que David Joris, que morreuem 1556, agrupava os anabatistas em torno do nome "batista". Mas por outrolado, a primeira Igreja Batista dos Estados Unidos, em Rhode Island, antes de serchamada de batista era formada por crentes "anabatistas", isso no anode 1638.
Relatos oficiais dos batistas norte-americanos nos informam que: Nos Estados Unidos,na província de Rhode Island, foram fundadas as duas primeiras igrejas batistasda América. Uma em 1638 e a outra em 1639. A primeira em Newport e a segunda emProvidence. A primeira, quando foi fundada em 1638 pelo pastor John Clark, foi conhecidacomo "Igreja Anabatista". Já em 1648, talvez pela tendência que todasas igrejas anabatistas tomavam, eles já tinham mudado o nome para "Igreja Batista".A segunda igreja, de Providence, é na verdade filha da primeira. Roger Williams,um de seus memoráveis fundadores, foi batizado por John Clark em 1638. Assim, aautoridade da ministração do batismo dos batistas americanos foi concedida diretamentede autênticos pastores anabatistas e que depois foram conhecidos como batistas.
Também na Inglaterra, a primeira igreja tida oficialmente como "batista",foi formada por membros que receberam o batismo dos anabatistas resgatados por MenonSimons. O nome do primeiro pastor desta igreja é Tomaz Hellys, convertido em 1612.
Portanto, a partir de 1612 na Inglaterra e de 1638 nos Estados Unidos, já estavadefinitivamente caído o prefixo "ana" dos anabatistas. Ficou somente araiz da palavra, "batistas", apelido este que o precursor de Jesus jálevava por seu costume de batizar crentes arrependidos de seus pecados.
CAPÍTULO IX
[Oinício de] a história dos batistas coincide com o final da história anabatista doséculo XVI. Na verdade, é uma clara continuação das igrejas fiéis desde os temposapostólicos até hoje. Escritores há que, movidos de inveja, e até mesmo de uma certaignorância do caso, e outros, batistas, que não se importam com a origem de suadenominação, desejam dar aos batistas um começo no século XVII. Para tanto distorcema história de algumas igrejas batistas, principalmente da Inglaterra, usando oraJohn Smith, ora Tomas Hellys como fundadores do movimento. Sinto em informar aosque concordam com essa ideia que estão errados ou mal intencionados a respeito daorigem e história dos batistas.
A ORIGEM DOS BATISTAS
Podíamossimplificar e dizer que os batistas se originaram com os apóstolos. E é a pura verdade,pois, os apóstolos foram batistas, ou seja, batizavam [as pessoas que tinhamcrido biblicamente, depois tinham pedido o batismo]. Mas os batistas têm sua origemnas igrejas antes denominadas de "anabatistas". É uma continuação do apelido.A única coisa que muda é o prefixo "ana", e este não caiu de uma horapara outra, foi um processo que levou quase cem anos para acontecer. A prova dissoé a declaração do bispo Hosius, no concílio de Trento que chamou os anabatistasde "batistas", já em 1554. E nos Estados Unidos, a Igreja Anabatista deNewport foi fundada em 1639, e dez anos depois mudaria seu nome para igreja batistade Newport. Portanto, são 85 anos de transição de um nome para o outro.
O fundador da Igreja Batista foi Jesus Cristo. Continuada pelos apóstolos ela teveuma grande ruptura em 225, quando as igrejas infiéis precisaram ser excluídas -que eram os católicos romanos e ortodoxos. Outra ruptura veio em 313, quando muitasigrejas fiéis aceitaram se unir com o Estado. Foram os batistas massacrados pelasigrejas infiéis durante treze séculos, tendo como apelido mais comum o epíteto de"anabatistas". No século XVII ela tem novo apelido, que é o de batista.Continuou sendo perseguida e só teve paz no século XVIII. Foi a partir dessa épocaque ela realmente conseguiu uma certa liberdade e cresceu, chegando hoje a milhõesde adeptos espalhados em mais de duzentos países. Foi a primeira denominação a lançarum missionário na era moderna com Willyan Carey. Foi a primeira denominação a requererliberdade religiosa para todas as denominações. É e continuará sendo uma igrejaque segue princípios puramente bíblicos, os mesmos princípios dos seus antepassadosanabatistas, os quais herdaram os princípios das igrejas apostólicas.
A DECLARAÇÃO DE ESCRITORES NÃO BATISTAS SOBRE SUA ORIGEM
O CardealHosius, católico, 1554, presidente do Concilio de Trento, escreveu: (Orchard's Historyof Baptists, seção 12, parte 30, página 364): "Não fosse o fato de terem os batistassido penosamente atormentados e apunhalados durante os doze últimos séculos e elesseriam mais numerosos mesmo que todos os que vieram da Reforma".
Notem que a data é de 1554, ou seja, quase setenta anos a menos que os escritoreserrados afirmam [ter sido] o início da primeira igreja batista. Este bispo já chamavaos anabatistas de batistas, e para ser bem sincero, é mesma coisa na prática religiosa.Sou batista porque? Porque batizo todas as pessoas que desejam fazer parte de umaigreja batista. Eles eram anabatistas porque? Porque rebatizavam os católicos. Nãoé de fato a mesma coisa?
Outra coisa interessante dessa declaração (e é preciso lembrar que foi o presidentede um concílio católico que durou de 1545 até 1563) foi o fato de Hosius mencionara data de quanto tempo eles já haviam sido perseguidos, ou seja, doze séculos antesdesta data. Então, 1554, menos 1200 anos, é igual a 324, data do início da perseguiçãodas igrejas fiéis (ou anabatistas) pelas igrejas infiéis ou erradas (os católicos).
Note que ele não diz a data da origem dos batistas. Diz a data da origem da perseguiçãoque eles sofreram. A data, como já dissemos, está primeiramente em Jesus, e depoisna exclusão das igrejas infiéis em 225.
O bispo Hosius também faz uma diferença clara entre "batistas" e os que"vieram da Reforma". Hosius sabia muito bem que os batistas não eram reformistasnem protestantes. Eram a igreja original, não poluída, não dividida, a verdadeiraigreja do Nosso Senhor Jesus Cristo.
Moshein,um dos maiores escritores da história luterana, testifica (Eccl. Hist. Cent. 16,secção 3, parte 2, capítulo III. Fuller Church History B.4): "Antes de se levantarem Luteroe Calvino, estavam ocultas, em quase todos os países da Europa, pessoas que seguiamtenazmente os princípios dos modernos Batistas Holandeses".
"Vasto númerodessa gente, em quase todos os países da Europa, preferiam perecer miseravelmentepor afogamento, fogueira ou decapitação, do que renunciar às opiniões que abraçaram...É realmente verdade que muitos anabatistas foram mortos, não por serem maus cidadãos,nem membros malfazejos da sociedade civil, mas apenas por serem hereges incuráveis,condenados pelas antigas leis canônicas. Pois o erro de batismo de adultos era,naquela época, considerado uma ofensa terrível"
Esta declaração é muito útil porque vem de um autêntico protestante. Já que muitosgostam de afirmar que os batistas são protestantes, esse protestante, um luterano,está afirmando que os batistas já existiam antes de se levantarem Lutero e Calvino.
Enciclopédiade Endinburg (autor presbiteriano). "Nossos leitores percebem agora que osbatistas são a mesma seita dos cristãos que antes foram descritos como Anabatistas.Realmente parece ter sido o seu princípio dominante desde o tempo de Tertulianoaté o presente".
Apesar de chamar os batistas de "seita", este presbiteriano, querendo[nós] uma veracidade de datas em sua narração da origem dos batistas, não pode negarde onde eles surgiram, ou seja, das igrejas anabatistas. Ele é firme em afirmarque "são a mesma seita", para nós, a mesma igreja. Além do que ele garanteque já havia anabatistas nos dias de Tertuliano (160-230 d.C.). Essa é a data queeste tratado dá para o aparecimento do primeiro grupo de anabatistas - os montanistas,em cerca de 160 (ver [nossa] página 11, sobre os montanistas).
Sir IsaqueNewton, 1710, escreveu. "Os batistas são o único corpo de cristãos que nunca tiveramsimilitudes com Roma".
Este anglicano, um grande inventor, nada tem a ver com a história da religião. Oque vale a pena ressaltar é a data de sua declaração e a firmeza em que ele separaos batistas como a única igreja que não saiu de Roma. Nessa época havia mais cincodenominações reconhecidas: Luteranos, Anglicanos, Congregacionais, Presbiterianose Ortodoxos.
Não existe dúvida. Os batistas são a continuação das igrejas fiéis (ou anabatistas)que excluíram as igrejas infiéis (ou católicas) em 225. Sua origem é esta. Somenteos opositores, e os batistas ecumênicos, serão contrários a esta tão grande realidade.
EnciclopédiaBritanica Barsa, relata: "Esse nome é uma forma abreviada da palavra anabatista. É umnome dado pelos seus adversários às várias seitas que negavam a validade dos batismodas crianças".
PERSEGUIÇÃO AOS BATISTAS
A históriados batistas é toda regada com o sangue dos seus mártires. Da mesma forma que seusantepassados, os mártires que que seguiram logo após os apóstolos, osanabatistas sofreram nas mãos do judeus e do império, que os colocou nas prisõese nas arenas para serem engolidos pelos leões. E [tal como] seus antecessores, osanabatistas, sofreram toda sorte de atrocidades e torturas nas mãos dos católicos,também os batistas sofreram horrores nas mãos dos católicos e protestantes por umlongo período de tempo. Onde uma igreja batista era descoberta ou estabelecida,logo vinha a perseguição, e com ela a morte dos batistas.
A Perseguiçãona Inglaterra
Até o ano de 1534 a Inglaterra foi um país católico. A partir desta data, lideradospelo rei Henrique VIII, os ingleses passaram a ser protestantes, mais precisamentepertencentes à Igreja da Inglaterra, conhecida como Episcopal ou Anglicana. Os temploscatólicos tornaram-se templos anglicanos. Padres foram muitas vezes transformadosem pastores. O batismo foi o mesmo dos católicos, infantil e por aspersão. Os batistas,vendo tanta coisa errada, nunca aceitaram a igreja anglicana como uma igreja deJesus. Seus pastores batizavam todos os que vinham do catolicismo ou do anglicanismo.Isso pareceu ruim aos olhos do rei e dos pastores anglicanos. Por isso ficou resolvidopelos anglicanos que os batistas precisavam morrer.
Muitos pastores e membros das igrejas batistas foram cruelmente mortos pela igrejaanglicana. De 1534 até 1688 a igreja anglicana comandou o ato de intolerância contraas igrejas batistas. Foi nesta época que viveu John Bunyan. Neste período a perseguiçãoera geral. As igrejas batistas não tinham o direito legal de existir, e quando descobertas,eram fechadas e destruídas. Não é por um acaso que muitas igrejas batistas, tantona Inglaterra como no País de Gales, mudavam-se inteiramente para a América do Norte.
A partir de 1688 foi permitido aos batistas realizarem seus cultos publicamente,sem é claro, atormentar a igreja anglicana. Isso era coisa impossível aos batistas.Como pregar Jesus sem mostrar o pecado? Como ensinar a Bíblia sem mostrar o erro?O ensinamento da Bíblia, foi, muitas vezes, o fator principal das perseguições contraos pastores batistas. Apesar dessa tolerância, era negado aos batistas o direitode ter acesso a cargos públicos, bem como ao parlamento. Somente em 1818 foram osbatistas munidos deste direito. Mesmo assim não eram considerados válidos o registrode nascimento (pois negavam dar suas criancinhas ao batismo anglicano), e o registrode casamento (pois não casavam-se diante de um pastor anglicano e numa igreja anglicana).A intolerância do registro de nascimento só foi revogada em 1836, e a de casamentoem 1844. Porém ainda não podiam ser aceitos nas Universidades de Cambridge e Oxford.Até este tempo os filhos dos dissidentes não possuíam o direito de acesso a nenhumadas grandes instituições. O ato de libertação veio somente no ano de 1854.
Alguns escritores tem revelado ao mundo um pouco das atrocidades sofridas pelosbatistas nas mãos dos católicos e dos protestantes da Inglaterra.
O Missionário W.C. Taylor relata no Manual das Igrejas Batistas, pg 149-151,que: "Desdeo século XII até o século XVII, muitos batistas sofreram perseguição e morte pormeio da fogueira, do afogamento, da decapitação, além de outros métodos, que algumasvezes importavam em torturas desumanas. E isso sofreram [tanto] dos papistas comodos protestantes..."
Escreve Brande que: "No ano de 1538, trinta e um batistas, que haviam fugido da Inglaterra,foram executados em Delf, na Holanda; os homens foram decapitados, e as mulheresforam afogadas (History of Reformers pg 303)..."
O bispo Latimer declara que: "Os batistas que foram queimados em diferentes partesdo reino, seguiam para a morte intrepidamente, sem qualquer temor, durante o tempode Henrique VIII. (Neals History of Puritans, V. III, pg 356)..."
O Dr. Featley, um dos seus mais figadais inimigos, escreveu a respeito deles, em1633: "Essaseita, entre outras, até agora tem presumido da paciência do Estado, a ponto deorganizar convenções semanais, rebatizar centenas de homens e mulheres juntos, demadrugada, em riachos, e em alguns braços do Tâmisa e noutros lugares, imergindo-oscompletamente. Têm imprimido diversos panfletos em defesa de sua heresia; sim, etem desafiado alguns de nossos pregadores a disputa. (Eng. Bapt. JubileeMemor. Benedicts Hist. Baptist, pg 304)."
Das muitas histórias de pastores e igrejas batistas perseguidos na Inglaterra duranteos anos de 1534 a 1688, há uma que até hoje tem comovido o mundo todo. É a históriado pastor John Bunyan, ganho para Cristo após o árduo trabalho de sua esposa (umabatista), que lhe trazia a Bíblia e livros para ler. Em 1653 ele batizado foi pelaIgreja de Bedford. Desde então sua vida é um exemplo de fé e firmeza nas tribulações.O relato abaixo foi extraído do livro "A História das Religiões",de Cherles Francis Pother, páginas 468-469, de 1944:
"Pregava haviajá quatro anos quando Carlos II subiu ao trono na Inglaterra e restaurou o episcopalismo.Os pregadores puritanos teriam de conformar-se ou suspender os sermões. John Bunyanrecusou-se a obedecer, sendo condenado a doze anos de prisão. Lograria a solturaem qualquer tempo desde que se comprometesse a não mais pregar, mas dizia com desassombroque, uma vez livre, pregaria na primeira oportunidade. Não o demoveu fome da esposae dos filhos, sendo um deles uma menina, cega. Conseguiu ganhar algum dinheiro nacadeia fabricando cadarço compridos de fio de linho de pontas rematadas, os quaiseram vendidos por sua filhinha cega.
Até na prisão Bunyan pregava aos companheiros. Tinha consigo apenas dois livros:Livro dos Mártires, de Fox, e a Bíblia. Veio então grande inspiração e escreveuO Peregrino. Promulgada a declaração de indulgencias, foi Bunyan posto em liberdade,e logo depois eleito pastor de sua velha igreja. Três anos depois a declaração foirenovada, voltando Bunyan para a prisão por ser pastor não conformista".
John Bunyan não foi o único. Simplesmente é o mais conhecido. Antes de Bunyan muitosbatistas padeceram o martírio. Tomas Hellys por exemplo, apenas três anos após afundação da Igreja Batista de Spitalfields, em 1612, foi martirizado a mandato dosbispos anglicanos em 1615. John Smith, outro fundador de igrejas batistas, e umautêntico anabatista por ter sido batizado na época em que as igrejas batistas aindaeram chamadas por esse epíteto, foi martirizado em 1612, apenas três anos após dafundação de sua primeira igreja. Edward Wightman, de Burton-sobre-o-Tento, condenadopelo bispo de Coventry, foi queimado em Litchfield, a 11 de Abril de 1612. Estessão alguns dos muitos casos de pastores ou membros batistas mortos por católicose protestantes.
A Perseguiçãona Nova Inglaterra (Estados Unidos).
Como as perseguições na Inglaterra estavam aumentando no período de 1534 a 1688,foi o jeito de muitos anabatistas-batistas deixarem este país e rumarem para osEstados Unidos. Viam na América uma nova Canaã. E acertaram. Muitos pastores pregavama emigração em massa. Igrejas inteiras foram transferidas da Inglaterra e do Paísde Gales para os Estados Unidos.
O primeiro grupo de batistas a emigrarem ainda eram conhecidos como anabatistas.Veja o relato do livro "A História das Religiões" página 489:
"Um outro grupocorreu para Providence, logo nos primórdios da existência deste centro, não só foibem acolhido por Roger Williams, como logrou sua adesão. Este grupo era o dos Anabatistas,ou, como são mais conhecidos, batistas".
Provavelmente esse grupo veio junto com os puritanos do Mayflower em 1620. Mas,descobertos pelos puritanos de Boston, foram expulsos de lá em pleno inverno rigorosode 1638. Negavam-se a entregar suas crianças para o batismo infantil dos presbiterianose dos congregacionalistas. Encontraram em Roade Island um abrigo para sua fé. Formaramuma igreja anabatista em Newport neste mesmo ano. No ano seguinte fundaram uma igrejabatista em Providence. Tinham como pastor John Clark, um homem de princípios e verdadeirobaluarte da fé. Também é desta igreja o conhecido Obadias Holmes, que foi o sucessorde John Clark no ministério. O pastor J.M. Carrol, no seu livro O Rasto de Sangue,página 47, assim narra as perseguições sofridas por Holmes e seus companheiros dianteda Igreja Congregacional em Massachussets Bay:
"Com respeitoàs perseguições em algumas das colônias americanas vamos mencionar alguns exemplos.De certa feita, estava enfermo um dos membros da Igreja de John Clark. A famíliamorava na Colônia e um pregador visitante de nome Crandall e um leigo de nome ObadiasHolmes, foram visitar a família enferma. Enquanto eles estavam realizando um cultode oração com a família doente, um oficial ou oficiais da colônia prenderam-nose mais tarde foram apresentados perante o tribunal para serem processados. Tambémestá dito na história que para arranjar uma acusação mais forte contra eles, foramlevados para uma reunião religiosa da Igreja Congregacional, tendo as mãos amarradas.A acusação deles foi a de não tirarem seus chapéus num serviço religioso.
Todos foram processados e condenados. O governador Endicott está presente. Zangadodisse a Clark, durante o julgamento: - Tendes negado o batismo infantil (isto nãoera acusação contra eles). - Mereceis morrer. Não quero um traste deste na minhajurisdição. Como pena deviam pagar uma multa ou serem açoitados. A multa de Crandall(o visitante) foi de cinco libras; A pena de Clark foi de 20 libras; A multa deHolmes (os registros dizem que ele foi congregacional antes de se tornar um batista)foi de 30 libras. As multas de Clark e Crandall foram pagas por amigos. Holmes recusouigual obséquio alegando que não havia errado, razão porque foi bastante chicoteado.Os arquivos dizem que ele se despira até a cintura e que foi açoitado (com chicotetipo especial) até que o sangue lhe cobriu as costas, descendo pelas pernas atélhe encher os sapatos! "
O Dr. J.M. Carrol ainda relata outra história de perseguições sofridas pelos batistasna América, e desta feita o perseguido é o pastor Jaime Ireland, página 49:
"A Virgíniafoi o segundo lugar no mundo onde a liberdade religiosa foi adotada, seguindo aRhode Island. Mas isto foi um século mais tarde. Antes disto, cerca de trinta pregadoresem tempos diferentes foram presos, tendo como única acusação contra si o fato depregarem o Evangelho do Filho de Deus. Jayme Ireland é um exemplo. Ele foi preso...Depois disto os seus inimigos tentaram matá-lo a pólvora. Tendo falhado neste primeiroesforço quiseram sufocá-lo até a morte, usando enxofre, que ardia sob as janelasda prisão. Tendo falhado outra vez, tentaram envenená-lo com o auxílio de um médico.Tudo falhou. E Ireland continuou a pregar para o seu povo das janelas da prisão.Um muro foi construído em redor da cela para impedir que o povo o visse ou fossevisto por ele, mas esta dificuldade foi vencida. O povo amarrou um lenço à pontade uma comprida vara a qual era levantada para mostrar a Ireland que todos estavamreunidos. As pregações continuaram."
Hoje os Estados Unidos é o país mais evangelizado do mundo. Os batistas são o maiorcorpo denominacional do país, com milhões e milhões de adeptos esparramados em todocanto das terras americanas. Mas nem sempre foi assim. A liberdade aos batistassó veio em plena pujança no século XVIII. O Dr. J.M. Carrol traça um exemplo decomo o Estado da Virgínia chegou a dar liberdade religiosa aos batistas, página49:
"Em Virginiafoi promulgada uma lei dando permissão aos municípios de terem um pastor batista,mas somente um. O pastor poderia pregar uma só vez de dois em dois meses. Mais tardeesta lei foi modificada permitindo a pregação uma vez cada mês. Mais ainda assimem um só lugar do Município e um único sermão naquele dia mas nunca pregado à noite.Outras leis foram passadas não somente na Virgínia, mas em outros lugares, proibindoqualquer trabalho missionário".
Hoje muitos desprezam o sentido denominacional dos batistas. Eles se esquecem quese hoje a Bíblia pode ser lida com liberdade é fruto de um laborioso trabalho depersistência dos batistas, sim, daqueles pastores que deram seu sangue para podermosreceber a Bíblia, o livre direito de culto e o correto ensino das escrituras. Dependessede Calvino e Lutero estaríamos presos às correntes da escravidão protestante quevarreu o norte da Europa. Dependesse do catolicismo estaríamos presos às correntesda escravidão e idolatria que sempre habitou no Sul da Europa e de lá foi transportadapara as Américas.
O TRABALHO MISSIONÁRIO DOS BATISTAS
Não podemoschamar a vinda dos batistas ingleses para a América como uma obra missionária. Podemoschamá-la de uma emigração. Dois fatores contribuíram para uma demora de uma organizaçãomissionária dos batistas.
- Primeiro, que a Inglaterra era um país com grande influência no mundo. Aparentementeisso poderia ajudar na obra missionária dos batistas. Mas é só nas aparências. Suainfluência podia ajudar os anglicanos e posteriormente os metodistas. Já os batistasnão impunham a sua fé a ninguém. Aos batistas importava propor e não impor o evangelhoaos países conquistados pelos ingleses. Devido a antipatia dos morados nativos pelosingleses as missões tipo da dos batistas eram muito difíceis.
- O segundo fator era a pobreza que pairava nas igrejas batistas. Com seus direitoscivis cassados, a maioria dos seus membros era gente pobre e humilde.
Mesmo assim, enfrentando todos estes obstáculos, cabe aos batistas o troféu de serema primeira denominação cristã a enviar um missionário na Era Moderna.
MISSÕES BATISTAS NA ÍNDIA
No finaldo século XVIII, o elemento humano usado por Deus para o início da obra missionáriafoi um jovem pastor chamado Willyan Carey. Ele foi mencionado no livro InstituiçõesReligiosas, pg 103, onde se lê: "Os batistas ingleses foram os primeiros, como WillyanCarey, a organizar, em 1792, missões em países não cristãos (África, China, Índia)por intermédio da Baptist Missionary Sociat". Era ele sapateiro de profissão, mascomo tinha intensa curiosidade intelectual, extraordinária vontade de pregar, logose tornou conhecido das igrejas e foi ordenado ao ministério batista. Como as igrejasque pastoreavam eram pobres e não podiam dar sustento integral, permaneceu durantealgum tempo como sapateiro. Junto à sua banca de sapateiro tinha mapas, por elemesmo confeccionados, em que fitava constantemente os países do mundo até onde oevangelho não tinha chegado. Sentia profundo amor no coração pelos pagãos que estavammorrendo sem Cristo. Finalmente conseguiu transmitir suas preocupações a diversoscolegas de ministério, e assim foi fundada, em 1791, uma sociedade missionária.
Willyan Carey foi nomeado missionário, juntamente com John Thomas, e, em 1793, seguirampara a Índia. A ida de Carey para as Índias não agradou os comerciantes ingleses[nas Índias]. Estes não viam com bons olhos a obra dos missionários, porque temiamque, convertendo-se ao cristianismo, os nativos se tornassem menos fáceis de serexplorados. A Companhia das Índias tudo fez para prejudicar os missionários e, finalmente,conseguiu um decreto pelo qual não era permitido mais o embarque de missionáriosda Inglaterra para a Índia. Nada impedia, entretanto, que os candidatos a obra missionáriaembarcassem para a América e de lá, para a Índia. Foi o que fizeram. Na América,entretanto, enquanto esperavam navios que os levassem à Índia, punham-se em contatocom as igrejas batistas norte-americanas, e esse contato incentivou a realizaçãode um trabalho missionário próprio dessas igrejas.
MISSÕES BATISTAS NA BIRMÂNIA
As Índiasnão foram o único alvo missionário dos batistas. William Ward, companheiro de Carey,encontrou com um missionário Congregacionalista no navio para as Índias. Admiradoda fé de Willyan, o missionário Adoniram Judson e sua esposa Ana, converteram-see foram batizados. Naquele tempo, a maioria dos batistas faziam a coisa certa, davammuita consideração à forma, ao desígnio, ao candidato, e ao administrante de umbatismo. Coisa semelhante aconteceu com outro pastor congregacionalista, LutherRice, que também no navio converteu-se juntamente com Adoniram e foi batizado. Assim,em 1813, Adoniram foi para a Índia, e seguiu um pouco além para a Birmânia, ondese tornou um grande missionário. Sua história pode ser encontrada em livros como"Ana de Ava", uma autobiografia do trabalho feito pela sua própria esposa.Adoniram Judson, além de missionário foi também um homem "das letras".Fez um dicionário birmanes e traduziu a Bíblia para esse idioma.
A UNIÃO DAS IGREJAS BATISTAS EM PROL DAS MISSÕES
Luter Ricevoltou aos Estados Unidos, onde pediu ajuda das igrejas batistas da América parase sustentar. Seu pedido foi prontamente atendido, e o maravilhoso trabalho desempenhadopor Judson e Rice fizeram que as igrejas batistas se organizassem numa Associaçãopara poderem melhor atender às necessidades dos missionários, como também para aformação de novos missionários americanos. Essa associação foi denominada ConvençãoGeral da Denominação Batista nos Estados Unidos para Missões no Estrangeiro. Nãopodemos confundi-la com as atuais convenções batistas hoje existentes nos EstadosUnidos. Esta missão tinha um sentido puramente missionário. Visava os missionários.Era uma coisa simples e quando deixou de existir (foi substituída por outra) contavacom 99 missionários no estrangeiro e 82 igrejas organizadas.
A Sociedade fundada por Willyan Carey não era exatamente uma cooperativa de igrejas.Era uma sociedade onde pessoas se juntavam para mandar missionários. A de Careytinha doze pessoas quando foi fundada.
O TRABALHO MISSIONÁRIO BATISTA NOS DIAS ATUAIS
Atualmenteexistem várias convenções e missões batistas organizadas em prol da evangelizaçãodos perdidos. A maior de todas é a Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos.Todas elas têm desempenhado um papel importante em abrir novos trabalhos batistapelo mundo. Para poderem melhor se organizarem e melhor organizarem seus trabalhosfoi formada a Aliança Batista Mundial em 1905. A intenção inicial era a de ligaras igrejas batistas numa cooperativa de igrejas que juntam-se para realizarem trabalhosmissionários e outras atividades adjacentes.
Porém a existência da Aliança Batista Mundial é uma faca de dois gumes. Por um ladoé bom, pois dá oportunidade de convenções se unirem e juntarem forças para trabalhosmais complicados. Também é bom para que cada convenção ou missão se conheça melhor.A Bíblia diz que é melhor serem dois do que um, e uma liga de três não se quebratão facilmente. Muitos trabalhos missionários, em lugares estratégicos, têm sidoabertos e sustentados pela Aliança. Não podemos deixar de dizer o quanto isso émaravilhoso diante dos olhos de Deus. Por outro lado, causa um certo temor. Muitosbatistas errados estão infiltrados nesta Aliança. Não dá para saber quem é quem.Outro fator negativo é que o trabalho algumas vezes é direcionado para o lado ecumênico,o que faz o nome Batista estar ajuntado com outras denominações erradas e antibíblicas.Outro lado ruim é a visão missionária da Aliança. Muitas vezes, na intenção de formarorganizações para-eclesiásticas, o trabalho missionário fica em segundo plano.
Afora as convenções e missões existentes, os batistas têm o privilégio de teremmuitos pastores independentes. São missionários enviados por igrejas não filiadasa uma missão ou convenção. Não são poucos no Brasil, e estão espalhados em diversospontos do mundo. A forma mais original dos batistas estão bem exemplificados nocomportamento e nas igrejas edificadas por estes pastores. O fruto destes é um frutopermanente, e Deus tem certamente um plano especial para esta forma primitiva deser cristão, e quem sabe o resgate da denominação num futuro próximo. Da mesma formaque as muitas convenções se gabam de ter grandes homens que trabalharam para o Senhor,os independentes muito mais, pois, cada missionário independente tem que ser homemde muita coragem e de muita fé no Senhor Jesus.
CAPÍTULO X.A
Como dissemos, a história das igrejas erradas diferemmuito da história das igrejas fiéis. Assim como os fiéis que foram apelidados de"anabatistas", elas também tiveram um apelido. Foram conhecidos por Católicos.
O Catolicismo Original
Em nosso país se conhece apenas o catolicismo romano. No entanto ele não é o úniconem primeiro. O catolicismo primitivo foi uma organização eclesiástica a qual pertenciamvárias igrejas. Estas igrejas estavam espalhadas por todo o Império Romano. Apósa morte dos apóstolos muitas igrejas sofreram a influência maligna do paganismo.Seus membros, instigados pelos falsos pastores, foram vítimas de ensinamentos erradosa respeito da autoridade de Cristo sobre Sua igreja e também a respeito de comose chegar até o céu. Tais pastores desviaram grandes igrejas sendo que muitas delasum dia foram grandes baluartes da fé. A própria igreja de Roma é um exemplo. O apóstoloPaulo chegou a escrever uma carta a esta igreja. Porém, devido ao mau uso do púlpito,os falsos pastores desviaram completamente o rebanho; [portanto,] devido a teremaceitado heresias, estas igrejas foram excluídas pelas igrejas fiéis em 225.
Igreja Católica significa "Igreja Universal".E, apesar deste apelido ter sido usado pela primeira vez em 170 pelo bispo de Cártago,referindo-se a todas as igrejas cristãs, ela não tinha a idealização que tem hoje.Este nome começou a ganhar força a partir de 313 quando as igrejas erradas aceitaramser servas do imperador. Aí sim ficou decidido que a igreja tinha que ser Universal.Tornou-se tão Universal que quem não pertencesse a ela seria punido com a morte.Este pensamento fez com que estas igrejas enchessem suas fileiras de pessoas nãoconvertidas. Em algumas épocas a conversão chegou a ser nacional e não pessoal.Se o rei do país se tornasse católico ele obrigava todo seu povo a ser católicotambém. O evangelho a partir de 313 deixou de ser proposto para ser imposto sobretodos os moradores do Império Romano.
O catolicismo original contava com cinco patriarcados (ou igrejas mais importantes).Eram eles: Jerusalém, Roma, Constantinopla, Antioquia e Alexandria. Estas cincoigrejas brigavam entre si para ver qual delas teria a primazia sobre as demais.Esse quadro começou a mudar com o advento do islamismo [depois do ano 600 A.D.].A nova religião praticamente destruiu a importância de três patriarcados: Jerusalém,Antioquia e Alexandria. Isso polarizou o catolicismo em duas grandes correntes.A corrente grega reunia sob sua autoridade as igrejas do Oriente e foram lideradaspela igreja de Constantinopla. Já a corrente latina reunia sob a sua autoridadeas igrejas do ocidente e foram lideradas pela igreja de Roma. Essas duas igrejasforam rivais até o século IX. Nesse tempo o catolicismo se dividiu.
A Divisão do Catolicismo
No ano de 869 os bispos de Roma e Constantinopla tiveram um grande atrito entreeles. No final da confusão os pastores de Roma e Constantinopla se excomungarammutuamente. Desde este dia estas duas igrejas se separaram e até hoje existem doistipos de Catolicismo. O Catolicismo Oriental - representado pelas igrejas de ritogrego - também chamado de Igreja Ortodoxa Grega; e o Catolicismo Ocidental - representadopelas igrejas de rito latino - também conhecido como Igreja Católica ApostólicaRomana.
Algumas Diferenças dos Dois Catolicismos
A infalibilidade papal e a supremacia universal da jurisdição de Roma constituema diferença essencial, que a igreja ortodoxa não admite, pois ferem a Santa Escritura;
A Sagrada Escritura e a santa tradição representam o mesmo valor como fonte de revelação,segundo a igreja ortodoxa. A romana, no entanto, considera a tradição mais importanteque a sagrada escritura.
A virgem Maria, igual às demais criaturas, foi concebida em estado de pecado original.A igreja romana, em 1854, proclamou o dogma de fé na Imaculada conceição da VirgemMaria [isto é, que ela foi concebida sem pecado original].
Os sacerdotes ortodoxos podem optar livremente entre o celibato e o matrimônio.
A Igreja Ortodoxa só admite ícones nos templos e o batismo é por imersão - mas éinfantil. [um ícone é uma pintura plana (não um objeto tridimensional) deJesus, Maria, ou outro santos]
Na Igreja ortodoxa não existem as devoções ao sagrado coração de Jesus, Corpus Christi,Via Crucis, Rosário, Cristo Rei, Imaculada Conceição, Coração de Maria entre outras.
Na igreja ortodoxa o chefe principal é chamado de Patriarca e ele deve-se submetera decisão do Santo Sínodo Ecumênico, que compõe todos os patriarcas chefes das IgrejasAutônomas.
Na Igreja Romana o chefe principal é chamado de Papa e a ele se submetem todasas igrejas.
A igreja Ortodoxa segue o ritmo do Catolicismo original compondo-se de diversasigrejas autônomas e nacionais (Ex. Igreja da Rússia, Igreja da Armênia, Igreja Copta).Já a igreja Romana considera-se uma igreja Una, sendo ela mãe e não igual a todasas outras igrejas.
A Igreja Católica Realmente Precisava serExcluída em 225?
Pode parecer maldade das igrejas fiéis o fato de terem excluídos de sua comunhãoas igrejas erradas em 225. Mas os fatos que se sucederam mostraram que as igrejasfiéis realmente tinham razão.
A primeira razão está no espírito que movia [asigrejas erradas]. Não era o espírito de Deus. Seus pastores geralmente eram homenscruéis e sanguinários. Os papas foram os maiores perseguidores das igrejas fiéisque o mundo conheceu. Por mais de 1300 anos perseguiram e mataram cruelmente osmembros das igrejas fiéis. Com a introdução do batismo infantil seus membros acabaramtodos sendo cristãos sem precisarem se converter de seus pecados.
Na questão doutrinária os erros aumentam ainda mais. Os dois primeiros erros --formação da hierarquia e salvação pelo batismo -- logo foram seguidos por muitosoutros. Para que os bárbaros, acostumados com os cultos às imagens, pudessem realmenteser atendidos pela igreja Católica, muitos lideres eclesiásticos entenderam sernecessário materializar a liturgia. Surgiu a idolatria. A veneração de anjos, santos,relíquia, imagens e estátuas foi uma conseqüência lógica deste procedimento. Ospagãos, acostumados à veneração de seus heróis, quando vinham para a igreja católica,pareceu-lhes natural substituir os seus heróis pelos santos e lhes dar um statusde semi-divindade. Não tardou e em 590 já veneravam até relíquias, cadáveres, dentes,cabelos ou ossos dos considerados "santos". Ações de graças ou procissõesde penitência tornaram-se parte do culto a partir de 313. A oficialização do batismoinfantil foi feita a partir de 370. Em 471 foi promulgado o dogma de que Maria émãe de Deus. Assim, por volta de 590 se desenvolveu rapidamente a veneração aela. A doutrina da Imaculada Conceição só apareceu em 1854, e de sua miraculosaassunção em 1950.
A cada ano que passa estas igrejas tornam-se cada vez mais longe das escrituras.Apesar de existir muita gente boa em suas fileiras é impossível alguém que cumpracerto suas doutrinas chegar ao céu. Não se pode servir a dois senhores.
A ORIGEM DAS IGREJAS PROTESTANTES
No séculoXVI, por volta de 1500, a igreja Católica Romana passou por uma crise interna queresultou na dissidência de quase metade de seus fiéis. Essa dissidência foi chamadade "Reforma Protestante". Foi dessa reforma que surgiram as Igrejas Luterana,Presbiteriana, Anglicana e a Reformada da Holanda. Todas essas igrejas foram reformadaspor padres ou com a ajuda de padres. Os mesmos já não agüentavam tanta heresia eopressão que vinha do Catolicismo Romano. Certos [extremos] absurdos tais como mariolatria,purgatório, adoração de santos e imagens e as indulgências, eram erros tão graves,que mesmo um católico bem informado não pode suportar.
A ORIGEM DA IGREJA LUTERANA
A primeiraigreja protestante a surgir foi a Igreja Luterana. Esta igreja leva o nome e ascaracterísticas de seu fundador, [o frade agostiniano] Martinho Lutero. Lutero eraum homem muito inteligente, porém agressivo. Não concordava com a venda de indulgênciase outras heresias da igreja de Roma. Contudo, nunca quis abandoná-la. Sua vontadeera reformá-la.
Em 1512, Lutero começou a pregar contra a salvação pelas obras. Fez muitas conferênciasconfirmando que o justo iria viver da fé. E nisso ele tinha razão. Em vários sermõesele condenou a prática da venda da indulgência. Em 31 de Outubro de 1517 ouviram-sefortes marteladas na porta da Igreja de Wittenberg. Era Lutero condenando o PapaLeão X e seus legados numa bula de 95 teses. Entre estas teses, algumas eram especialmentedesafiadoras:
"Os pregadores de indulgências erram quando declaram que o perdão do Papa livrao pecador da penitência e assegura-lhe perdão".
"Os que se julgam seguros da salvação pelas cartas do Papa, serão amaldiçoadoseternamente , e na companhia de seus mestres.
"Por que o Papa não esvazia o purgatório pelo amor?"
Devido a essa bula Lutero foi excomungado pelo Papa em 1519. Mas, apoiado pelosimperadores regionais e pelo povo de muitas cidades alemãs, Lutero levou a afincosuas ideias. Ao meio de muita confusão e guerras ele conseguiu reformar a igrejacatólica na Alemanha em 1521. Essa igreja foi chamada de Luterana.
Seus seguidores foram chamados de luteranos. Na Alemanha e em alguns outros paísesdo norte europeu ela se tornou a religião oficial do pais. A maioria das igrejascatólicas que existiam nesses países - contanto os fiéis, prédios e padres - simplesmentese tornaram luteranos. Geralmente as freiras se casaram com ex-padres. O termo missafoi conservado. As formas litúrgicas de dirigir a missa quase não mudou. O batismoinfantil era uma lei que devia ser cumprida. A hierarquia continuava a mesma, sendoo primeiro chefe da igreja Luterana o próprio Lutero.
A igreja luterana matou e perseguiu os batistas na Alemanha e em todos os paísesem que ela se tornou a igreja oficial do país. No ano de 1525, Lutero ordenou amorte de mais de cem mil anabatistas no sul da Alemanha. Seu ódio aos batistas estavafundamentado no fato que estes, por obedecerem a Bíblia, nunca o aceitaram comoum servo de Deus.
A ORIGEM DA IGREJA ANGLICANA
Em 1531,o rei da Inglaterra, Henrique VIII, queria se divorciar de sua esposa para se casarcom outra mulher. O Papa não autorizou o feito. Essa recusa aborreceu o rei, e entãoele, que chegou a ser inimigo da reforma proclamada de Lutero, reformou a IgrejaCatólica na Inglaterra. Essa nova Igreja foi chamada de Anglicana (ou Episcopal).No princípio, a única coisa que diferia da Igreja Católica era o fato de não terpapa. Depois, com o passar do tempo, os anglicanos adotaram muitos princípios deCalvino.
Assim como os luteranos e os presbiterianos, ela usa o erro do batismo infantil.Também possui uma hierarquia quase igual à do catolicismo. Devido às conquistasda Inglaterra sobre muitos países, essa igreja foi muito favorecida. Está representadaem quase todos os países do mundo e é muito forte onde a Inglaterra mantém o seucontrole. A igreja Anglicana tem muitas filhas. A mais conhecida em nosso país éa Igreja Metodista.
A Igreja Anglicana tornou-se tão intolerante para com os batistas como foi o catolicismo.No País de Gales havia um grande número de batistas e, por causa da perseguição,quase todos tiveram que fugir para a América. A perseguição dos anglicanos aos batistasdurou até o ano de 1688. Grandes pastores como Tomas Hellys e John Bunyan fizeramhistória devido a perseguição que o anglicanismo lhes moveu.
A ORIGEM DA IGREJA PRESBITERIANA
A IgrejaPresbiteriana foi fundada por João Calvino [que havia estudado para ser padre].Ele foi um grande teólogo no sentido teórico, porém, um péssimo executor no sentidoprático. Assim como Lutero, ele buscava uma reforma dentro da Igreja Católica. Nãoo conseguindo, acabou se rebelando, e, em 1541 formou uma igreja na cidade de Genebra,Suíça. Essa igreja no princípio não tinha um nome definido, mas João Knox(ex-padre católico), um grande seguidor das ideias de Calvino, chamou-a de PRESBITERIANA.
Nesta cidade de Genebra, Calvino impôs as suas ordenanças eclesiásticas. Eram leisextremamente rígidas e severas. Ali o evangelho não era pregado mas ordenado [imposto]aos cidadãos. Proibiu as diversões, as festas, os enfeites e as críticas ao seugoverno. Aqueles que eram considerados infratores recebiam duros castigos, inclusivea morte na fogueira. Agindo dessa forma ele queimou feiticeiros, humanistas e batistas.Sua cidade era tão santa que, na hora de casar ,ele não quis uma membra de sua igreja.Casou-se com a viúva de um pastor anabatista.
Como foi dito sua teologia era apenas teórica. Calvino teve verdadeiro ódio pelosbatistas, pois os mesmos não aceitarem sua igreja como sendo uma igreja biblicamentecorreta. Os batistas viam na igreja Presbiteriana alguns erros que não podiam serdeixados de lado.
- O primeiro era o batismo infantil.
- O segundo consistia dela ter se tornado uma religião do Estado [a oficial, aúnica permitida no país, sustentada pelo governo, e que, sempre que possível,governava o governo].
- O terceiro foi a formação de uma hierarquia esquematizada em presbitérios.
A Igreja Presbiteriana é a religião oficial da Escócia e está bem organizadaem muitos países do mundo inteiro. Hoje ela divide-se principalmente em IgrejasNacionais (Exemplo: Igreja Presbiteriana do Brasil), as Independentes, e as Renovadas.
A ORIGEM DA IGREJA METODISTA
Muito próximodo século XVIII nasceram três meninos na Inglaterra. Eram eles: John Wesley, CarlosWesley e George Whitefield. Estes três se tornaram pais e fundadores de um movimentoque mais tarde foi conhecido como metodismo.
John Wesley se tornou pastor anglicano em 1728. Apesar disso, só recebeu Jesus [comoSalvador pessoal e como Senhor absoluto] em 1738, ou seja, dez anos após a sua ordenaçãoao pastorado. Em 1739 ele foi ser capelão nos EUA. Na viagem de navio, como umatempestade lhes sobreveio, teve medo de morrer. Acabou notando que havia no navioum grupo de pessoas que não temiam a morte. Esse grupo cantava e orava alegrementeno momento da tempestade. Essas pessoas eram os Irmãos Morávios (os mesmos que receberama influência dos paulicianos no século XII). John aprendeu muito com esse grupoe, provavelmente, foi por eles batizado.
Neste mesmo ano John encontrou-se com George Whitefield. George convidou-o paraparticipar de uma pregação ao ar livre. Carlos também se juntou ao grupo. Assimos três iniciaram um reavivamento na Igreja Anglicana. John Wesley nunca rompeucom a igreja da Inglaterra. Ele não queria formar uma nova religião. Contra suavontade, no ano de 1784, formou-se a Igreja Metodista na cidade de Baltimore, nosEUA.
Os metodistas nunca perseguiram os batistas. Na verdade, o seu começo está ligadoa pessoas que realmente tiveram uma transformação em suas vidas. O erro desta igrejaé que conservaram o sistema Episcopal da Igreja Anglicana e o costume de batizarcrianças.
CAPÍTULO X.B
A ORIGEM DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA
A IgrejaAdventista tem duas origens distintas. A primeira está ligada ao nome ADVENTISTA.Não era para ser uma nova igreja, mas era uma crença na segunda vinda de Cristopregada pelo pastor Guilherme Miller. A segunda está ligada ao nome Sétimo Dia,totalmente contrária a fé de Miller e implantado por uma mulher chamada Ellen G.White.
A crença do adventismo foi iniciada em 1818, por Guilherme Miller, um fazendeiroamericano. Sua família foi toda batista. Havia entre seus primos alguns que erampastores batistas. Mesmo assim desviou-se em 1810, e só regressou depois de terservido o exército em 1814. Ao receber Jesus [como Salvador pessoal e comoSenhor absoluto], mergulhou ele num profundo exame da Bíblia. Atraíram-no particularmenteas passagens de Daniel e do Apocalipse, levando-o a investigar a data mais prováveldo fim do mundo.
Já em 1818, fixara Miller a data do fim do mundo (ou advento, de onde vem o nomeadventistas), para o ano de 1843. Diz ter ouvido uma voz interior que lhe insistiu:"Vá e di-lo ao mundo". Desde então, ajudado por muitas igrejas batistas,metodistas e congregacionais, proclamava o ADVENTO. Pregou o advento durante dezanos por toda a costa oriental dos EUA. Muitos de seus ouvintes começaram a pregartambém. Assim o advento se espalhou como uma febre epidêmica.
Pessoas houve que começaram a preparar o vestuário para o dia da ascensão. Passandoo ano de 1843 sem o fim do mundo, o profeta Miller marcou-o para o dia 21 de Marçode 1844. Neste dia, milhares de pessoas, vestidas de branco, passaram a noite todaesperando Jesus. Foram decepcionados. Miller descobriu que estava errado. Voltouà sua congregação e pediu desculpas por tão grave erro. Até voltou a ser um pastorbatista. Infelizmente, o mesmo não se deu com alguns de seus seguidores, que, apartir de 1844, formaram o movimento do ADVENTISMO.
De 1844 a 1860, os seguidores de Miller, sendo uma boa porcentagem deles batistasexcluídos, foram conhecidos apenas como adventistas. Continuaram na insistênciapor datas. Quase uma por ano até o ano de 1877.
Entre os fiéis seguidores de Miller estava a senhora Ellen G. White, que, depoisde ver fracassadas outras tentativas de marcação de datas, afirmou ter tido visõesdos céus que lhe revelara toda a verdade. Afirmava ela que o santuário de Daniel8:13-14, está no céu e não na terra.
13 Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele tal quefalava: Até quando durará a visão do sacrifício contínuo, e da transgressão desoladora, para que sejam entregues osantuário e o exército, a fim de serem pisados ?14 E ele me disse: Até duas mile trezentas tardes e manhãs; então o santuário será purificado.
Cristoteria vindo em 22 de Outubro de 1844 a esse santuário celestial. A próxima visãode Ellen foi sobre a guarda do sábado, de onde surgiu o complemento do nome Adventistado Sétimo Dia. Diz a Sra. White que teve uma visão onde havia uma arca no céu enela estavam escritos os dez mandamentos. Dos mandamentos se destacava o quarto,porque se apresentava dentro de um círculo de luz. Entendeu ela que esse mandamentoprecisava receber maior atenção que os outros. Sua mensagem foi aceita pelos membrosdo adventismo e foi assim que surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
A ORIGEM DOS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
Esta seitafoi formada por um homem que sentia verdadeiro ódio pelas comunidades cristãs. Seunome era Charles Taze Russel, nascido na Pensilvânia em 1852. De origem presbiteriana,passou pela igreja Congregacional e se tornou membro da nova seita, a dos adventistasdo sétimo dia. Durante muito tempo foi um verdadeiro fã do adventismo. Tomando oseu próprio caminho, começou a fazer estudos bíblicos semanais com um grupo compostoinclusive de pessoas de outras igrejas evangélicas. Não demorou muito, lançou suaprópria profecia, em nítida semelhança ao fundador do adventismo: "A segundavinda de Cristo se daria em 1914".
Logo começou a discordar de muitos pontos doutrinários dos adventistas e, em 1872,reunindo alguns simpatizantes de suas ideias, começou a organizar o movimento quehoje é conhecido como "Testemunhas de Jeová". Antes desse nome tiverammuitos outros. Somente entre os anos de 1917 a 1926, mudaram suas doutrinas nadamenos que 148 vezes. Negam que Jesus é Deus. Dizem que o Espírito Santo não é umapessoa inteligente. Jesus seria o arcanjo Miguel [portanto, criado por Deus,não eterno, não criador]. Não existe inferno, além de muitas outras heresias quesó eles mesmos para acreditar. Pior: como tudo que é errado, tendem a crescer cadavez mais.
CAPÍTULO X.C
OS PENTECOSTAIS
[Segundoalguns pentecosttais,] as primeiras manifestações pentecostais podem remontar atéao século XVIII, quando o metodismo foi implantado. Wesley, ao comentar algumaspessoas que entraram em êxtase em um de seus cultos comentou: "Essas manifestaçõespodem ou não ser verdadeiras".
A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO
O primeirogrupo de pentecostais era constituído de pessoas que antes eram membos de igrejasHoliness [Santidade] Wesleyanas - um grupo de metodistas - e, em muitos casos, depessoas que, por terem se renovado, tinham saído, tinham deixado suas igrejas (batistas,metodistas, presbiterianas). O primeiro grupo enfatizava o falar em línguas estranhascomo [indispensável] evidência do Batismo no Espírito Santo. Em termos de data,foi provavelmente a abertura do Bethel Bible College em Topeka, Kansas, dirigidopor Charles Parhan, em outubro de 1900.
Em primeiro de Janeiro de 1901 os alunos deste colégio estavam estudando a obrado Espírito Santo, e uma das alunas, Agnes Osman, pediu aos seus colegas que lheimpusessem as mãos para que ela recebesse o Espírito. Ela falou em línguas, e maistarde, outros estudantes falaram em línguas também.
Parhan abriu outra escola em 1905, na cidade de Houston, Texas. Foi de lá que WilliamJ. Seimor, um aluno negro, ao receber o mesmo dom, tornou-se mais tarde o líderde uma missão no número 312 da Rua Azusa em Los Angeles, no ano de 1906. Falar emlínguas se tornou comum nessa missão. Pessoas que vinham visitá-la tiveram experiênciassimilares e levaram a mensagem para outros países. Pode-se dizer que a Missão darua Azusa é a mãe do pentecostalismo mundial. Essa missão chamava-se "MISSÃOAPOSTÓLICA DA FÉ". Este nome durou até 1914 quando foi mudado para "ASSEMBLÉIADE DEUS".
Muitos jovens pregadores e aspirantes a pregadores iam ter com William J. Seimorpara receber os dons. Foi assim que Gunnar Vingren e Daniel Berg, os fundadoresda Assembléia de Deus no Brasil, tornaram-se pentecostais em 1908,
Em 1907, um pastor chamado William H. Durhan, recebeu de Seimor os dons. Durhanabriu sua própria missão também em Los Angeles. Ficava na North Ave, 943. Foi nestamissão que Louis Francescon, futuro fundador da Congregação Cristã do Brasil, recebeuos seus dons.
OS PENTECOSTAIS NO BRASIL
O pentecostalismono Brasil se divide em três grupos distintos que surgiram em três épocas diferentes.São eles:
- Os pentecostais históricos que surgiram na primeira década deste século (Assembléiae Cristã).
- Os pentecostais da segunda Geração, surgidos a partir da década de 50 (Quadrangular,Brasil para Cristo, Casa da Benção, Deus é Amor); e
- Os neopentecostais, surgidos a partir da década de setenta, sendo a principala Universal do Reino de Deus.
A ORIGEM DA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL
A CongregaçãoCristã foi a primeira igreja pentecostal a se instalar no Brasil. Foi fundada noBrasil pelo missionário Louis Francescon, um italiano nascido em Cavasso Novo, Udine.Veio para os EUA em 1890. Lá se tornou presbiteriano em 1891. Nessa igreja chegoua ser diácono e, na ausência do pastor, causou distúrbios à fé presbiteriana, indo-sebatizar por imersão juntamente com outros 18 membros. Um irmão de sua igreja batizou-osem 1903, mesmo não sendo ordenado para o ato. Em 1907 recebeu os dons na Igrejade William H. Durhan. Nesta mesma igreja foi-lhe revelado que deveria pregar à colôniaitaliana, o que fez com presteza.
Francescon visitou a Argentina em setembro de 1909 e em janeiro de 1910. Chegouao Brasil em março de 1910 na cidade de São Paulo. Através de um contato diretofoi parar em Santo Antônio da Platina, Paraná, onde organizou sua primeira igrejano Brasil com colonos italianos. Foram onze ao todo. O crescimento desta igrejafoi tímido até o meado dos anos 50. A partir desta data cresce expressivamente.No Sul e Sudeste do pais, muitas igrejas do interior que professavam a fé presbiterianaforam alvos de renovação por parte dos adeptos da Congregação.
Interessante é notar o dom de línguas que possuía. Em seu diário ele diz que porsuas mãos muitas pessoas conseguiram estes dons. Mas acaba entrando em contradiçãona página 23 do mesmo. Lá ele diz: "Outra dificuldade que encontrei foi nãoconhecer uma palavra do idioma portuguesa, se achar sem dinheiro, e doente".E o dom de línguas que possuía, servia para que?
A ORIGEM DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL
Em 19 deNovembro de 1910 chegaram ao Brasil dois pastores. O primeiro era Gunnar Vingren,um ex-pastor batista que fora excluído do ministério pela Igreja Batista de Michigan.O segundo era Daniel Berg que também fora excluído da comunhão batista. Depois dereceberem os dons de William Seimor, e para atender a um sonho de um irmão chamadoAdolf Uldin, vieram para o Brasil.
Chegando em Belém de Pará se apresentaram a Eurico Nelson, um missionário batistano Amazonas. Identificando-se como batistas, ofereceram-se para ajudar no trabalhoe pediram hospedagem. Como não tinham carta de recomendação, e nem podiam ter poiseram excluídos, o missionário deixou-os usar o porão da igreja como casa.
Logo depois Eurico Nelson precisou viajar para o sul. Essa viagem deu oportunidadepara que os dois recém chegados pedissem ingresso na igreja, declarando-se membrosde uma igreja nos Estados Unidos. Vingren declarou sua condição de pastor e a igrejarecebeu-os com alegria. Como não sabiam falar português e nem os membros inglês- com exceção de um - tudo ficou muito fácil. Nota-se uma certa desonestidade emcomo eles conseguiram a entrada na igreja. Primeiro que não falaram que eram membrosexcluídos. Depois, porque não esperaram a volta do pastor titular que, naquele tempo,tinha que fazer a viagem de Belém de Pará ao Sul de navio, e levaria meses paravoltar.
Os dois foram mais desonestos ainda quando começaram a fazer cultos no porão daigreja. Só alguns membros eram convidados e as reuniões começavam após o términodos cultos regulares da igreja. Nessas reuniões havia estranhas línguas e estranhosruídos. Alguns membros da igreja começaram a adotar as ideias dos falsos irmãos.Aumentando o número e chegando ao ponto de haver manifestações pentecostais numareunião de oração da igreja, o evangelista Raimundo Nobre convocou, com o apoioda maioria dos diáconos, uma sessão extraordinária, e os adeptos de Vingren e Bergforam excluídos. Ao todo foram treze pessoas excluídas. (dezenove segundo o MP 06-96).No meio deles estava o moderador da Igreja, substituto direto de Eurico Nelson,José Plácito da Costa, homem culto e o provável tradutor das mensagens pentecostaisnas reuniões do porão. A igreja contava com 170 membros, assim, é estranho que ohistoriador pentecostal, Emilio Conde, diga que a minoria excluiu a maioria.
Vingren e Berg não pararam por aí. Continuaram a fazer o trabalho de proselitismodentro das igrejas batistas. Percorreram o Brasil inteiro na busca de novas renovações.Pode-se dizer que em muitos casos foram bem sucedidos. O próprio Vingren afirmaem seu diário que: "Por onde íamos, buscávamos nas igrejas e nas casas dosbatistas infundir o novo batismo". Este novo batismo constituía de doar aoscrentes já convertidos o dom de línguas.
Nisso Vingren também entra em contradição na questão dos dons de língua. Ele considerava-seo doador do dons de línguas a muitos crentes. Pois bem. Na página 34 de seu diárioele relata: "Agora, com esforço começamos a estudar a língua, e durante essetempo participamos dos cultos da Igreja Batista. Por não termos dinheiro para pagaras aulas, Daniel teve de conseguir um emprego na fundição. Ali ele trabalhava dedia, enquanto eu estudava o idioma. Depois eu lhe ensinava de noite o que aprenderade dia. Assim, com esforço aprendemos o português." Esse foi o mesmo erro deFrancescon. Que dom era esse que não foi usado para o fim que a Bíblia deixou, pois,em Atos 2, diz que as línguas faladas pelos apóstolos coincidia com a necessidadede cada ouvinte; os romanos ouviram [palavras pronunciadas] em Latim. Os gregosouviram [palavras pronunciadas] em grego. E nenhum dos apóstolos teve que entrarna escola para aprender idioma nenhum. Em 1911 os dois fundaram a Missão de Fé Apostólicaque, posteriormente, mudou de nome para Assembléia de Deus. Cresceram muito apósa década de 50 e são hoje o maior grupo de pentecostais no Brasil, chegando a maisde três milhões de adeptos.
A ORIGEM DOS PENTECOSTAIS DA SEGUNDA GERAÇÃO
A partirde 1950 multiplicou-se o número de denominações pentecostais. Esse fato deve-seprincipalmente às incentivadas cruzadas nacionais de evangelização que percorreramtodo o país. Usavam-se tendas como templos improvisados e grandes anúncios nas rádiosda época. Esse período é conhecido como a segunda geração de pentecostais.
Foi assim que nasceu a IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR. Ela foi fundada no Brasilpelo missionário americano Harold Williams em 1953 na cidade de São Paulo. Foi inovadoraem alguns pontos cruciais do pentecostalismo. Não eram tão intransigentes no usoda roupa e do cabelo como os membros da Assembleia de Deus e os membros daCongregação Cristã do Brasil. Seus cultos eram ainda mais desorganizados que o deseus antecessores. Deixando a recomendação de Paulo em I Tm 2:8-13, atropelaramas escrituras e ordenam mulheres para o ministério, dando a estas o título de pastoras.Seus templos estão situados principalmente no Sul e Sudeste do país.
8 Desejo, pois, os varões orarem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nemquestionamentos.9 Do mesmo modo, também aspiro as mulheres ataviarem a si mesmas em vestido decoroso, com pudor e sobriedade-autocontrole, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestuário caro,10 Mas, sim, (como convém a mulheres que estão professando o temor- a- Deus) através deboas obras.11 A mulher aprenda em silêncio, em toda a sujeição.12 Ademais, não permito mulherensinar, nem usar de autoridade sobre varão, mas , sim, estar em silêncio,.13 Porque primeiramente foiformado Adão, depois Eva,
A febre do pentecostalismo estava a toda nessa época. Em 1956 o ex-pastor assembleianoe depois quadrangular, Manuel de Melo, iniciou uma divisão nestas duas igrejas.Dessa divisão surgiu a IGREJA "O BRASIL PARA CRISTO". Esta igreja foium pouco mais rígida que a quadrangular e um pouco menos exigente que a Assembléia.Seu crescimento foi espantoso. Na época áurea de Manuel de Melo ele chegou a ordenarmais de trezentos pastores num só dia (a maioria ex-presbíteros da Assembléia deDeus). Chegaram a ter o maior templo protestante no Brasil na cidade de São Paulo.Seus programas de rádio eram largamente ouvidos em todo o país. Chegaram a ter maisde um milhão de membros. Na última pesquisa feita o número foi de 197.000. Com amorte do missionário o trabalho deixou de ter o crescimento expressivo que marcouo seu início. Tem perdido muitos membros para as divisões das assembléias e paraos neopentecostais.
As igrejas pentecostais continuaram a rachar. Em 1960 surgiu a IGREJA NOVA VIDAno Rio de Janeiro. O missionário David Martins Miranda, que tem origem assembleiana,deixou-a e fundou a IGREJA DEUS É AMOR em 1962. Esta igreja ainda está em ascensão[numérica]. Cresce muito entre a população mais carente do país. O fato de seu fundadore líder ainda estar vivo ajuda muito à sua propagação. Seus programas de rádio têmgrande audiência na camada mais pobre, e principalmente, nos moradores da zona rural.Muito parelha a esta igreja em doutrinas e costumes a IGREJA "SÓ O SENHOR ÉDEUS", que tem como fundador o missionário Miranda Leal ( Que dizem ser primode Davi Miranda). Esta igreja que tem a sua sede em Maringá, no Paraná, e seus templos,quando construídos por Miranda Leal, tem a forma de uma Arca, como a de Noé. Em1964 surge A CASA DA BENÇÃO, fundada pelo missionário Doriel de Oliveira. É quaseinexpressiva nas cidade de pequeno porte, mas é bem representada nos grandes centros.Esta igreja até hoje costuma usar tendas improvisadas como templos para iniciarseus trabalhos.
OS NEOPENTECOSTAIS
Neopentecostalismoé o nome que se dá aos pentecostais da terceira geração. São assim chamados porquediferem muito dos pentecostais históricos e dos da segunda geração. Realmente, éum novo pentecostalismo. Não se apegam a questão de roupas, de televisão, de costumes,e têm um jeito diferente de falar sobre Deus. Dualizam o mundo espiritual dividindo-oentre Deus e o Diabo. Para eles o mundo está completamente tomado por demônios,e é sua função expulsá-los. Pregam a prosperidade como meio de vida. Pobreza é coisade Satanás. Doença só existe em quem não acredita em Deus e sua origem é o demônio.Seus cultos são sempre emotivos objetivando uma libertação do mundo satânico. Emmuitos pontos pode-se dizer que suas doutrinas são bem parecidas com as doutrinasdas religiões orientais, tais como Seicho-No-Ê, induísmo e budismo. Para eles ocrente não pode sentir dor, ser pobre ou estar fraco.
Este movimento começou no início da década de setenta. Seu crescimento deve-se muitoaos programas de rádio e televisão, os quais, devido ao anúncio de curas e milagres,tiveram uma grande audiência. Seus ouvintes e telespectadores geralmente são recrutadospara dentro de suas igrejas. O sistema de testemunho é forte, e isso certamenteencoraja outros a tomar o mesmo caminho.
No Brasil a maior igreja neopentecostal é a UNIVERSAL DO REINO DE DEUS (IURD). Jáconta com mais de dois mil templos em todo o Brasil e é a terceira maior igrejaevangélica do país, ficando atrás apenas da Assembléia e da Congregação Cristã.Fundada em 1977 pelo bispo Edir Macedo, tem procurado estabelecer um sistema episcopalcomo o católico. Possui um forte esquema de comunicação (rádio, televisão,jornal, internet), que é sem dúvida o fator de peso na divulgação e crescimentode seus trabalhos.
Depois da Universal, a maior igreja neopentecostal no Brasil é a IGREJA INTERNACIONALDA GRAÇA. Esta igreja foi fundada em 1980 pelo missionário R. R. Soares no Rio deJaneiro. Na intenção de imitar o trabalho de Kenneth Hagen (um dos maiores apresentadoresde igrejas televisionadas dos EUA), Soares investe muito na apresentação de seusprogramas [na televisão]. Outra Igreja forte no ramo neopentecostal é a RENASCEREM CRISTO, que trabalha principalmente com a camada alta da sociedade. Há poucotempo quase comprou uma rede de Televisão. A tendência é crescer. Seu fundador seauto declarou "apóstolo".
AS DIVISÕES DO PENTECOSTALISMO
O pentecostalismoé um mal.
- Primeiro, porque causa divisão.
- Segundo, porque causa confusão.
Só no Brasil são mais de duas mil denominações registradas em cartório como autênticaspentecostais. Por exemplo: A Assembléia nasceu em 1910. Só que hoje existem diversasAssembléias e todas nascidas de um racha dentro de outra Assembléia. A CongregaçãoCristã é uma renovação da igreja presbiteriana. Mas hoje já existe a CongregaçãoCristã Renovada. Esse tipo de comportamento só serve para causar confusão. O métodode aceitar membros de qualquer outra igreja, sem saber qual era sua vida na suaigreja de origem, faz com que prevaleça a desordem e a descrença denominacional.
Os pentecostais alegam que o aparecimento do Espírito Santo dentro das igrejas surgiucomo resposta de Deus ao modernismo teológico (MP pg 04, 06-96). Quer dizer queo Espírito Santo tinha sumido das igrejas por quase dois mil anos? Poucos sabem,quando afirmam uma coisa dessas, que quando os pentecostais estavam renovando ostrabalhos batistas no começo do século, estes mesmo "crentes frios", estavamdando suas vidas em campos missionários de todo o mundo. Antes de dividir as igrejasde Jesus seria bom que lessem Provérbios 6:19.
A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.
OS BATISTAS RENOVADOS
A renovaçãodas Igrejas Batistas no Brasil como denominação começou no ano de 1958. Desde estadata até o ano de 1965, quando realmente houve a divisão, muitas reuniões foramfeitas no intuito de evitar o racha nas igrejas batistas de todo Brasil.
O iniciador do movimento divisório nas igrejas batistas do Brasil foi um pastorda Igreja Batista de Vitória da Conquista chamado José Rego do Nascimento. Era umgrande orador e logo conseguiu fazer fileiras e conquistar algumas pessoas de nomepara o seu movimento. Foi o caso do pastor Enéias Tognini, pastor da Igreja Batistade Perdizes. Essa união de forças levou o caso a ser analisado várias vezes. Houvemuitas reuniões de um comitê organizado para este fim, formado por 11 membros, buscandouma solução conciliadora para a questão pentecostal dentro das igrejas batistas.A decisão estabeleceu que: "A atuação do Espírito Santo na vida dos crentesse faz através de um processo chamado santificação progressiva; que manifestaçõesemotivas, por mais sinceras que sejam, não podem ser apresentadas como um padrãoa ser seguido por todos; que a ênfase dada a doutrina do batismo no Espírito Santotem causado reuniões barulhentas, carregadas de emocionalismo e provocado manifestaçõesde orgulho espiritual, bem como proselitismo de crentes que não adotam tais idéias."Isso aconteceu em 1963.
Em 1965, ao realizar-se a Convenção em Niterói, com 3.035 mensageiros, as preocupaçõesmaiores era a grande Campanha de Evangelização marcada para o mesmo ano. No plenáriomais uma vez surgiu o problema da renovação. O presidente, vendo que isso atrapalhariaa campanha, pediu que a questão fosse resolvida no ano seguinte. Porém a intransigênciados reavivalistas foi tanta, que precisou ser resolvida naquela convenção. Decidiu-seentão por excluir da comunhão as igrejas renovadas. Só naquele ano mais de trezentasigrejas se rebelaram e tiveram que ser excluídas. Juntas, formaram uma convençãoa qual denominaram CONVENÇÃO BATISTA NACIONAL. Assim, pela primeira vez, houve umadivisão entre os batistas brasileiros como um grupo.
OS CARISMÁTICOS
O movimentopentecostal iniciado em 1900 por Parhan conseguiu invadir todas as denominaçõesantigas (batistas, presbiterianas, congregacionais, metodistas, etc.). Até entãofalar em línguas era para os pregadores pentecostais uma resposta de Deus condenandoas denominações tradicionais. Todos os grupos renovados que saiam de suas igrejasoriginais condenavam os que não aceitavam o pentecostalismo. De repente o mundopentecostal teve uma surpresa. Essa surpresa foi a chegada dos pentecostais católicos,ou CARISMÁTICOS.
No início de 1960, explodiu a mania carismática nas antigas denominações Episcopaisda Califórnia. Seu líder principal foi Dennis Bennet de Van Nuys. Um discípulo dele,Jean Stone, espalhou o seu ensino através da revista Trinity entre os anos de 1961-66.Por esse mesmo período, Larry Christensen liderou o avivamento carismático entreas igrejas luteranas nos E.U.A.
Em 1967, foi a vez da Igreja Católica Romana formar seu grupo de carismáticos. Tudocomeçou num retiro de universitários na Universidade [católica] de Duquesne, Pittsburgh.Houve muitos que falaram em línguas naquele retiro. O primeiro grande líder doscarismáticos Católicos parece ter sido Ralph Keifer. Em fevereiro de 1967, ele levoua mensagem carismática para a Universidade [católica] de Notre Dame [SouthBend, Indiana],e muitos alunos e professores falaram em línguas.
De princípio, tanto os pastores pentecostais como padres católicos condenaram omais novo movimento pentecostal. Na verdade, os padres até tinham uma certa razão,pois [pentecostalismo] era um ensino totalmente contrário as doutrinas do Vaticano.Já os pastores pentecostais condenavam [os carismáticos, católicos] mais por ciúme,afinal, a grande vantagem de falar em línguas, que foi a bandeira dos pentecostaispor mais de seis décadas, estava agora na boca dos idólatras católicos. A diferençados carismáticos com os pentecostais é:
- Primeiro que carismáticos se renovam e permanecem nas suas próprias congregações,enquanto os pentecostais históricos dividiam as igrejas.
- Os carismáticos usualmente pertenciam à classe média, são separatistas, urbanizados,de tendência ecumênica e pluralistas em sua teologia. As igrejas pentecostais clássicaseram originalmente constituídas de operários e eram barulhentas em seus cultos.Na questão de barulho os carismáticos atuais já alcançaram seus primos pentecostaisclássicos.
- Os carismáticos são idólatras e os pentecostais não.
No demais, são bem parecidos.
Os carismáticos católicos só conseguiram o agrado do Papa - não o aval - em 1975.Neste ano o movimento reuniu dez mil carismáticos em Roma. Num pronunciamento ecumênicoo Papa Paulo falou simpaticamente à assembléia. Foi uma vitória ao movimento carismático.De princípio, João Paulo II não aprovou muito o movimento. Mas atualmente ele éfavorável, principalmente porque os carismáticos já se organizaram em quase todoo mundo, e, no Brasil, que é o maior país Católico do mundo, o movimento está esparramadoem quase todas as suas paróquias. Para dizer com mais sinceridade, é o movimentocarismático que está conseguindo deter o movimentos pentecostal e neopentecostalna América Latina, que aliás, é o grande reduto católico do mundo.
A grande pergunta é:
- Estavam certos os pentecostais em condenar o movimento tradicional?
- Que dizer de uma pessoa que acredita em purgatório, santos e imagens, cultos aosmortos, adoração de Maria, entre outras barbaridades, falar em línguas também?
É preciso ter muito cuidado quando falamos desse assunto. Mais uma coisa é certa.O pentecostalismo só causou divisão nas igrejas. No princípio, quando as igrejassão rachadas, sempre fica a mágoa e a rixa dos grupos divididos. E isso eu possoafirmar com certeza, que tudo que divide o corpo de Cristo não é do agrado de Deus.
Se você desejasaber mais sobre a origem das igrejas cristãs escreva para:
Autor: Pastor Gilberto Stefano
Igreja Batista da Fé,
Rua Jamil Dib Lufti, nr. 165
Jardim Santa Clara
17500-000 Marília, São Paulo
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
He is a cross pendant.
He is engraved with a unique Number.
He will mail it out from Jerusalem.
He will be sent to your Side.
Emmanuel
Bible Verses About Welcoming ImmigrantsEmbracing the StrangerAs we journey through life, we often encounter individuals who are not of our nationality......
Who We AreWhat We EelieveWhat We Do
2025 by iamachristian.org,Inc All rights reserved.