O que é o agostinianismo?

O agostinianismo é o sistema de teologia baseado nos ensinamentos de Agostinho (AD 354–430), também conhecido como Santo Agostinho ou Agostinho de Hipona (no norte da África), um dos pais da Igreja Nicena. Ele é reverenciado como o “Doutor da Igreja” de acordo com o catolicismo romano. Agostinho é também considerado pelos protestantes evangélicos como tendo compreendido e ensinado corretamente as doutrinas bíblicas da depravação do homem e da soberania da graça de Deus na salvação. São essas duas doutrinas — total depravação e soberania divina — que as pessoas geralmente têm em mente quando se referem ao "agostinianismo". Às vezes, o termo agostinianismo é usado como um sinônimo para calvinismo.

Reformadores protestantes como Martinho Lutero, Ulrich Zwingli e João Calvino encontraram muito do seu agrado no agostinianismo, porque o acharam bíblico. Como o calvinismo, o agostinianismo afirma que, devido à Queda, a humanidade é incapaz de evitar o pecado. Sua natureza foi dominada pelo pecado a ponto de o homem não ter verdadeiro livre-arbítrio; em vez disso, ele está em escravidão ao pecado. Apenas um ato de Deus pode libertá-lo. Isso corresponde à doutrina calvinista da total depravação e está de acordo com as palavras de Jesus em João 6:44: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia."

O agostinianismo também ensina que ninguém pode ser salvo à parte da graça de Deus. De fato, a graça é necessária para o desempenho de qualquer ato justo, incluindo o exercício da fé. Sem essa graça salvadora, nenhum pecador jamais pode tomar uma decisão por Cristo. Em concordância com o “I” de TULIP do calvinismo (irresistible grace em inglês), o agostinianismo ensina que a graça é irresistível e efetiva. Ou seja, todo receptor da graça de Deus virá à fé em Cristo. Como Jesus disse: "E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum de todos os que me deu" (João 6:39).

Além disso, de acordo com o agostinianismo, a graça salvadora é dada àqueles que Deus predestinou antes da "fundação do mundo" (Efésios 1:4-5). Esta predestinação, novamente em sincronia com o calvinismo, não está enraizada na presciência ou onisciência de Deus. Em outras palavras, Deus não "olhou pela história" para ver a escolha que um pecador faria e o elegeu com base nesse conhecimento. No agostinianismo, a escolha é completamente de Deus.

O agostinianismo estava em desacordo com o pelagianismo, que negava o pecado original e ensinava que o homem era completamente livre para escolher o bem ou o mal por si mesmo, à parte da graça. Pelágio era um monge britânico que viveu ao mesmo tempo que Agostinho, e suas doutrinas foram condenadas como heréticas nos Concílios de Cartago em AD 407 e 416 e pelo Terceiro Concílio Ecumênico de Éfeso em AD 431. O agostinianismo foi então reconhecido como uma expressão da ortodoxia cristã na igreja ocidental e muito mais tarde tornou-se uma grande influência na doutrina dos reformadores.