Por que Deus nos colocou na Terra em vez de nos levar imediatamente para o céu?

A Bíblia diz que Deus criou a Terra com um propósito, e esse propósito é a Sua glória (Salmo 19:1-2; 50:6; Isaías 6:3; Romanos 11:36). A Terra é propriedade de Deus (Deuteronômio 10:14; Êxodo 9:29; Salmo 24:1; 89:11; 95:4-5; Atos 7:49; Colossenses 1:16-17; 1 Coríntios 10:26; Apocalipse 4:11), e é o lugar onde Ele se dá a conhecer à humanidade: "Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que Deus fez. Por isso, os seres humanos são indesculpáveis" (Romanos 1:20; veja também Salmo 33:5; Isaías 11:9; Jeremias 9:24).

Deus projetou os seres humanos para viver na Terra: "Os céus são os céus do Senhor, mas a terra ele deu aos filhos dos homens" (Salmo 115:16; ver também Atos 17:26). O Senhor nos criou como criaturas terrestres projetadas exclusivamente para viver em um mundo físico: "E Deus os abençoou e lhes disse: — Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a terra e sujeitem-na. Tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra" (Gênesis 1:28). Deus plantou um jardim e colocou a humanidade nele. Tudo em nosso corpo foi projetado para interagir com o reino físico e ser sustentado pela rica produção de plantas e animais na terra (Gênesis 1:26, 29-30; 8:17).

Deus nos coloca nesta Terra para a Sua soberana boa vontade: "Tudo o que agrada ao Senhor, ele o faz, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos" (Salmo 135:6). Para que Ele contornasse a experiência terrena e nos levasse imediatamente para o céu, Deus teria que negar o Seu projeto original e o Seu propósito divino para cumprirmos na Terra.

Um dos propósitos desta vida terrena é que conheçamos a Deus por meio de um relacionamento com Jesus Cristo (João 1:12-13; 3:16; 14:23; 17:3; 1 João 4:9; Romanos 5:10; 1 Coríntios 1:9; Apocalipse 21:3) e O glorifiquemos neste mundo (2 Coríntios 3:18; 4:7-18; Efésios 1:12; 2:10; 3:21; 1 Pedro 4:14). O apóstolo Paulo escreveu: "Porque, aquele que disse: 'Não cometa adultério', também ordenou: 'Não mate.' Ora, se você não comete adultério, porém mata, acaba sendo transgressor da lei. Assim, falem e vivam como pessoas que serão julgadas pela lei da liberdade. Porque o juízo é sem misericórdia sobre quem não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo. Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Será que essa fé pode salvá-lo?" (Tito 2:11-14). Não podemos estar "praticando boas obras" na Terra se Ele nos levar imediatamente para o céu.

Jesus chama os crentes para serem "sal e luz" para um mundo perdido que precisa ouvir sobre a graça de Deus (Mateus 5:13-16). Deus quer que alcancemos outras pessoas a partir de nossos lugares específicos no mundo com as boas novas do evangelho (Mateus 28:18-20; Atos 1:8), e Ele nos coloca exatamente onde quer que estejamos. Ele colocou Paulo e Silas na cadeia para que um carcereiro de Filipos pudesse ouvir o evangelho (Atos 16); levou Pedro a Cesaréia para que um centurião romano pudesse ouvir o evangelho (Atos 10); levou Filipe ao deserto para que um eunuco etíope pudesse ouvir o evangelho (Atos 8).

Outro propósito de nossa vida como crentes aqui na Terra é sermos transformados no caráter de Cristo: "Pois aqueles que Deus de antemão conheceu ele também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" (Romanos 8:29; veja também 2 Coríntios 3:18; 1 João 3:2). Parte dessa transformação espiritual envolve compartilhar o sofrimento de Cristo (Mateus 10:22; Romanos 8:17; 2 Coríntios 4:8-10, 16-18; 5:1-4; 12:9-10; 1 Pedro 4:13, 19).

Após a queda do homem no Jardim do Éden, a Terra mergulhou no pecado e na rebelião contra o seu Criador, e o sofrimento e a dor foram uma consequência. Em última análise, todo o sofrimento humano na Terra é o resultado direto ou indireto do pecado. No entanto, Deus cuidou do problema do pecado, do mal e do sofrimento enviando o Seu Filho para nos salvar (Romanos 6:23; 2 Coríntios 5:21).

Um dia, Deus destruirá esta Terra corrompida (Salmo 102:25-26; Isaías 24:1-6; Mateus 24:35; 2 Pedro 3:10-12). Ele criará uma nova Terra (Isaías 65:17; 2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:1), e os redimidos do Senhor receberão novos corpos celestiais projetados para viver eternamente na Terra recém-recriada de Deus.

O apóstolo Paulo lutou contra o fato de viver na Terra em vez de estar no céu com Jesus. Ele escreveu: "Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se eu continuar vivendo, poderei ainda fazer algum trabalho frutífero. Assim, não sei o que devo escolher. Estou cercado pelos dois lados, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por causa de vocês, é mais necessário que eu continue a viver" (Filipenses 1:21-24). Paulo exortou os outros crentes a continuarem vivendo "de modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo até aí para vê-los ou estando ausente, eu ouça a respeito de vocês que estão firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé do evangelho; e que em nada se sentem intimidados pelos adversários. Pois o que para eles é prova evidente de perdição para vocês é sinal de salvação, e isto da parte de Deus" (Filipenses 1:27-28).

Nossa existência no planeta Terra sempre fez parte do plano de Deus. Embora esse não seja o nosso lar eterno, é o destino escolhido por Deus para nós até o dia em que a nossa morte (ou o arrebatamento) nos coloque frente a frente com Jesus.