O que é uma metanarrativa?

Uma metanarrativa (também chamada de grande narrativa) é uma história ou enredo abrangente que dá contexto, significado e propósito a toda a vida. Uma metanarrativa é o "quadro geral" ou tema abrangente que une todos os temas menores e histórias individuais. Na construção de uma casa, há muitos operários fazendo muitos trabalhos individuais - encanamento, chapa de rocha, trabalho elétrico, telhado, etc. - mas todos esses empreiteiros estão trabalhando para o mesmo fim: concluir uma casa. A planta é o "quadro geral", a metanarrativa que dá sentido ao trabalho de cada empreiteiro. O encanador não está instalando canos em lugar nenhum; ele está envolvido em um esquema maior.

O conceito de uma metanarrativa é semelhante a uma visão de mundo - algo que dá sentido à vida e aos eventos individuais que ocorrem na vida. O marxismo, o freudianismo, o capitalismo de livre mercado e a emancipação iluminista seriam exemplos de metanarrativas, pois cada evento da vida e da história é visto por uma dessas lentes. As visões de mundo religiosas também são metanarrativas. O hinduísmo, o budismo, o islamismo e o cristianismo oferecem metanarrativas para explicar vários eventos da história e do mundo contemporâneo. Uma metanarrativa tem o poder de explicar e se propõe a ser verdadeira para toda a vida.

O termo metanarrativa foi destacado por Jean-François Lyotard em seu livro The Postmodern Condition (A condição pós-moderna), de 1979. Nesse livro, o autor caracteriza a condição pós-moderna como a de um ceticismo crescente em relação a todas as metanarrativas. De fato, os pós-modernos geralmente não aceitam nenhuma história abrangente que dê sentido a toda a vida. Em vez disso, eles se concentram em narrativas pequenas e individuais que dão sentido às suas próprias vidas. Uma metanarrativa fala de uma verdade absoluta e universal. Uma narrativa individual fala do que é "verdadeiro para mim" e "dá sentido à minha vida". O pensamento pós-moderno rejeita as metanarrativas porque rejeita a verdade universal. Os pós-modernos veem uma única narrativa que dá sentido a todas as vidas como uma impossibilidade.

O problema com o pós-modernismo é que ele rapidamente se torna outra metanarrativa. A "verdade" de que não há verdade absoluta é a metanarrativa que dá sentido ao pensador pós-moderno. O relativismo, ironicamente, torna-se o único absoluto garantido.

A Bíblia ensina claramente a existência de uma metanarrativa. Paulo escreve: "[Deus] desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra" (Efésios 1:9-10). Essa passagem fala de uma vontade divina, um propósito, um cronograma, um cumprimento e uma unidade. A encarnação de Cristo ocorreu "quando chegou a plenitude do tempo" (Gálatas 4:4), sugerindo novamente um plano abrangente, uma metanarrativa. O livro inteiro de Hebreus traça temas iniciados no Antigo Testamento até sua realização em Cristo.

O ministério terreno de Cristo fazia parte de um plano que se estendia desde o protoevangelho em Gênesis 3:15. O primeiro sermão de Jesus continha esta declaração: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho" (Marcos 1:15). A referência do Senhor a um tempo previsto que finalmente havia chegado é outra referência à metanarrativa. Todas as profecias da Bíblia indicam a existência de uma metanarrativa (veja Mateus 2:15, 23; 26:56; Lucas 22:37; João 19:28, 36). A história se desenrola como os atos de uma peça de teatro. As luzes sobem e descem em várias cenas, e diferentes personagens pisam no palco, mas há um enredo sempre se movendo em direção à cortina final.

Na Bíblia, temos a metanarrativa ou grande narrativa que dá sentido à nossa vida. Dizem-nos que fomos criados à imagem de Deus e que fomos feitos para viver em comunhão com Ele e uns com os outros. Pecamos e quebramos essa comunhão, mas Deus, em Sua graça, providenciou uma maneira de sermos salvos, perdoados e restaurados. Jesus é Deus nascido na raça humana com o propósito expresso de morrer por nós, para pagar a penalidade por nossos pecados. Após a Sua morte na cruz, Jesus ressuscitou dos mortos. Todos os que confiam nEle para a salvação serão perdoados e renovados. Jesus voltará à Terra um dia para reunir Seus seguidores a Si mesmo. Nesse meio tempo, devemos compartilhar essas boas novas com todos no mundo, pois elas se aplicam a todos e são verdadeiras para todos. Aqueles que vieram a conhecer Cristo reconhecem que essa grande narrativa - essa história abrangente de redenção - dá significado e propósito ao mundo, à história, a toda a vida e a cada indivíduo.