O que são filactérios?

Os filactérios, às vezes chamados de tefilin, são pequenas caixas quadradas de couro contendo partes das Escrituras usadas pelos judeus conservadores e ortodoxos durante os serviços de oração. Os filactérios são usados em pares - um filactério é amarrado no braço esquerdo e outro é amarrado na testa dos homens judeus durante as orações matinais dos dias de semana. A palavra filactério vem de uma palavra grega que significa "salvaguarda, proteção ou amuleto".

O filactério preso ao braço é chamado de shel yad e tem apenas um compartimento; o da testa, com quatro compartimentos, é chamado de shel rosh. A letra shin (ש) é impressa em ambos os lados do filactério da cabeça. Várias regras determinam o comprimento e a largura das tiras de conexão, a amarração dos nós para prender os filactérios e a cor das caixas (preto). Dentro de cada filactério há quatro passagens do Antigo Testamento: Êxodo 13:1-10, 11-16; Deuteronômio 6:4-9; 11:13-21. Os versículos devem ser escritos com tinta preta em pergaminho especialmente preparado para esse fim, usando a pele de um animal limpo. Outras regras especificam o tipo de instrumento de escrita a ser usado, o número de linhas impressas dedicadas a cada versículo, a disposição dos pedaços de pergaminho em cada compartimento, etc.

O uso de filactérios é baseado em alguns mandamentos de Deuteronômio. Foi dito a Israel que amasse a Deus e guardasse Seus mandamentos. Na verdade, eles deveriam "amarrar [os mandamentos] como sinal na mão e como faixa na testa" (Deuteronômio 6:8). Mais tarde, Deus lhes diz: "Colocai estas minhas palavras no coração e na alma; prendei-as como um sinal na mão, como faixas na vossa testa" (Deuteronômio 11:18). Consideramos que a redação desses mandamentos é figurativa: tudo o que fazemos (com a mão) e tudo o que pensamos (com a cabeça) deve ser guiado pela autoridade da Palavra de Deus. Mas, em algum momento - possivelmente já no século IV a.C. -, os rabinos judeus começaram a aplicar esse versículo literalmente, e iniciou-se a prática de amarrar filactérios nos braços e na cabeça.

Os filactérios são mencionados no Novo Testamento. Jesus, ao advertir Seus discípulos sobre a hipocrisia dos mestres e fariseus, disse: "Praticam todas as suas obras para serem vistos pelos homens, alargam seus filactérios e aumentam as franjas de seus mantos" (Mateus 23:5). Os líderes religiosos da época de Jesus haviam se desviado da intenção de Deus na Lei. Os filactérios estavam sendo feitos maiores com o único propósito de chamar a atenção para quem os usava - quanto maior o filactério, mais piedade ele supostamente demonstrava. Ironicamente, o próprio mandamento de honrar a Palavra de Deus estava sendo usado para desonrar a Palavra.

Jesus ensinou que Deus não está tão preocupado com os ornamentos externos da religião quanto está com a verdadeira natureza do coração. Ele ressaltou que era possível usar grandes filactérios contendo a Palavra de Deus e, ao mesmo tempo, desobedecer à Palavra de Deus. Da mesma forma, na igreja atual, é possível usar uma cruz, pagar o dízimo, levantar a mão e citar um credo - tudo isso sem reconhecer verdadeiramente o Senhor em nosso coração. Deus conhece a verdade de nossa condição espiritual. "Tu pois, ó SENHOR dos Exércitos, que pões à prova o justo e vês os pensamentos e o coração..." (Jeremias 20:12). Que possamos dizer com o salmista: "Guardei a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti" (Salmo 119:11).