O fato de a teologia dispensacional ser um desenvolvimento recente argumenta contra sua legitimidade?

Embora certos aspectos da teologia dispensacional tenham estado presentes ao longo da história da igreja, o sistema da teologia dispensacional não foi formalizado até John Nelson Darby começar a ensiná-lo em meados do século XIX. A teologia dispensacional se tornou popular nos dias de Cyrus Scofield com a publicação da Bíblia de Referência Scofield no início dos anos 1900.

A melhor parte da sabedoria diz que, se alguém é a primeira pessoa em 2.000 anos de história da igreja a pensar em algo, deve ser seriamente questionada. Afinal, se é uma doutrina verdadeira e importante, certamente Deus a teria revelado a alguém muito mais cedo na história da igreja. Quais são as implicações deste princípio para a teologia dispensacional? A teologia dispensacional deveria ser rejeitada porque é nova?

Há dois pontos-chave a considerar. Em primeiro lugar, embora uma nova doutrina seja vista com ceticismo, a novidade por si só não é motivo suficiente para a rejeição. Todo sistema de teologia era novo quando foi entendido e organizado pela primeira vez. O único teste verdadeiro de uma doutrina é se é bíblica ou não. Está ensinada na Bíblia (2 Timóteo 3:16–17)? Contradiz algum ensinamento claro das Escrituras (Salmo 119:160; João 17:17)? O acordo com a Palavra de Deus é o único padrão à prova de falhas pelo qual avaliar uma doutrina. A teologia dispensacional deve se sustentar ou cair comparando-a com as Escrituras. Sua novidade não deve ser o fator determinante em sua avaliação.

Em segundo lugar, enquanto a teologia dispensacional como um sistema organizado é nova, os seus conceitos não são. O ensino de um reino milenar literal pode ser encontrado já em "O Pastor de Hermas", escrito no meio do século II d.C. A crença na existência de uma distinção entre Israel e a igreja no programa de Deus para as eras não se tornou proeminente até que Israel se tornou novamente uma nação em 1948. Afinal, como pode haver uma distinção entre Israel e a igreja se não existe tal coisa como Israel? Mas, mesmo com isso em mente, havia crentes que rejeitavam a ideia de que a igreja substituiu Israel antes de Israel se tornar uma nação novamente.

O único aspecto significativo da teologia dispensacional que tem pouco ou nenhum apoio na história da igreja é o conceito do arrebatamento pré-tribulacional. Embora alguns vejam indícios de uma crença em um arrebatamento pré-tribulacional em "O Pastor de Hermas", definitivamente não havia ninguém defendendo explicitamente o conceito até o século XIX. Este fato deve fazer todos os intérpretes da Bíblia, sejam eles dispensacionalistas ou não, examinarem a questão de perto. Mas, novamente, a relativa novidade de um determinado ensinamento não é a questão central. A pergunta sempre tem que ser: é bíblico?

Se a teologia dispensacional é verdadeira, por que Deus esperou tanto tempo antes de revelá-la? Talvez Deus quisesse que outras doutrinas mais importantes fossem desenvolvidas primeiro. Talvez Deus tenha escolhido revelar a teologia dispensacional nos séculos recentes pelo fato de que o fim dos tempos está se aproximando. O "porquê" não pode ser explicitamente respondido, biblicamente. O ponto-chave é este - a teologia dispensacional como um todo, e cada uma de suas doutrinas centrais, devem ser avaliadas usando as Escrituras. Ela deve ser aceita ou rejeitada com base em estar ou não de acordo com a Palavra de Deus.