O que é Israel espiritual?

A frase Israel espiritual é usada em dois contextos principais. O primeiro é como referência a todo o corpo de crentes cristãos, em distinção ao povo político ou racial de Israel. Israel espiritual também é às vezes usado para sugerir conceitos relacionados à teologia da substituição, na qual as promessas direcionadas a Israel agora são dadas à Igreja.

Gálatas 6:16 se refere ao “Israel de Deus”. Dado quão frequentemente Paulo despreza divisões étnicas ou nacionais nesta mesma carta (Gálatas 3:26; 4:5–7; 6:15), é improvável que ele encoraje tais divisões aqui. Em vez disso, ele se refere aos leitores como sendo semelhantes a Isaque: eles são os “filhos da promessa” (Gálatas 4:28). Paulo tem um grupo espiritual em mente em Gálatas 6:16, não um étnico. Esta referência a Israel espiritual é clara o suficiente, mas nem toda referência de Paulo a Israel é espiritual por natureza. Algumas, como Romanos 9:4, são nacionais e literais. O contexto é a chave.

Existem outros lugares no Novo Testamento que sugerem um “Israel espiritual”, do fato de refletirem termos usados no Antigo Testamento para se referir aos israelitas. Primeira Pedro 2:9 usa a mesma terminologia que Êxodo 19:5–6 ao se referir aos cristãos. Gálatas 3:29 usa o termo herdeiros, assim como faz Isaías 65:9. Todos os cristãos são “concidadãos” e membros da casa de Deus, de acordo com Efésios 2:12–13. Romanos 10:12 também diz o mesmo — não há preferência nacional no que diz respeito à salvação. Assim como nos tornamos “filhos de Abraão” pela fé (Gálatas 3:7), podemos ser considerados “Israel espiritual” ao receber Cristo. No sentido de que etnia e política não têm relação com a salvação, o termo Israel espiritual não apresenta problemas significativos.

A teologia da substituição, por outro lado, usa o conceito de um “Israel espiritual” de maneira diferente. A teologia da substituição ensina essencialmente que a igreja substituiu Israel no plano de Deus e que as muitas promessas que Deus fez a Israel são cumpridas na Igreja — profecias do Antigo Testamento são alegorizadas para torná-las aplicáveis à igreja. A teologia da substituição apresenta grandes problemas teológicos, porque a Escritura diz que Deus não se esqueceu ou mudou Suas promessas a Israel (ver Romanos 11:1–2, 11, 23, 26, 29). Ensinar que promove um “Israel espiritual”, no sentido de que a Igreja é o foco das promessas proféticas de Deus para Israel, não é biblicamente válido.