Por Que Nem Só de Pão Viverá o Homem?

A frase “nem só de pão viverá o homem, mas de tudo o que sai da boca de Deus” significa que a Palavra de Deus é o sustento fundamental do qual o homem precisa. O poder sustentador de toda a vida não é um pedaço de pão; mas é a palavra que procede da boca de Deus. Alimentar-se da Palavra é mais primordial para a vida do que alimentar-se do nosso pão diário.

A declaração “nem só de pão viverá o homem” é mencionada primeiro na Bíblia no Antigo Testamento. Ela faz parte da exortação aos israelitas no deserto; eles tinham que manter sempre em memória as bênçãos do Senhor durante a peregrinação (Deuteronômio 8:3).

Aqui vale dizer que os israelitas se alimentaram durante sua jornada no deserto pelo maná que lhes foi enviado por ordem de Deus. Isso significa que o alimento que manteve o povo de Israel vivo era fruto do decreto de Deus; era resultado da palavra que saiu de Sua boca. Então na verdade era a palavra de Deus que matinha os filhos de Israel vivos; não o pão diário que vinha pelo maná.

Depois, no Novo Testamento, Senhor Jesus também faz uma citação dessa exortação ao responder Satanás durante a tentação no deserto (Mateus 4:4). Vejamos neste estudo bíblico um pouco mais sobre o significado da frase “nem só de pão viverá o homem”.

Nem só de pão viverá o homem

O capítulo 8 de Deuteronômio traz uma exposição acerca do cuidado de Deus com os israelitas durante os quarenta anos que andaram pelo deserto. Sem a proteção e a provisão divina, facilmente eles teriam sido destruídos. Por causa do ambiente hostil, por exemplo, a fome e a sede eram grandes desafios aos peregrinos. Se Deus não tivesse intervindo, os israelitas certamente teriam morrido de fome e de sede.

Mas os filhos de Israel eram duros e rebeldes. Por vezes eles murmuraram contra Deus e se rebelaram contra a liderança de Moisés. Apesar de todo cuidado divino, eles tentaram a Deus; eles duvidaram de Sua fidelidade e questionaram a Sua presença e provisão.

Então, em certas ocasiões, Deus provou os israelitas com a finalidade de lhes ensinar importantes lições sobre a fé e a confiança n’Ele. Uma dessas ocasiões foi justamente aquela em que Deus alimentou os israelitas com o maná. Por isso o texto bíblico diz: “Ele te humilhou, e te deixou ter fome; e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam; para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor; disso viverá o homem” (Deuteronômio 8:3).

J. MacArthur interpreta esse versículo dizendo que Deus permitiu que os israelitas tivessem fome para que Ele pudesse alimentá-los com o maná e ensinar-lhes a confiar que o Senhor lhes daria a provisão. Isso deveria ser um lembrete para os israelitas sobre a fidelidade de Deus. A exortação “nem só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor” aponta diretamente para a provisão de Deus e para a fidelidade de Sua Palavra.

Quando Jesus foi tentado por Satanás no deserto, o tentador lhe propôs provar que Ele era o Filho de Deus ao transformar pedras em pão. Naquela ocasião Jesus estava com fome, pois havia jejuado por quarenta dias e quarenta noites. Mas Jesus respondeu ao diabo: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.

Mas de toda palavra que sai da boca de Deus

No contexto imediato de Deuteronômio 8:3, “toda a palavra que sai da boca de Deus” provavelmente é uma referência direta à Palavra de Deus que orientou o povo pelo deserto e segundo sua ordem proveu o maná. Mas essa verdade nos leva a um contexto ainda mais amplo do poder da Palavra de Deus revelado em toda Escritura.

Nem só de pão viverá o homem porque o verdadeiro alimento indispensável para vida é “toda a palavra que sai da boca de Deus”. W. Hendriksen observa que a expressão “toda a palavra que sai da boca de Deus” também faz referência à palavra de seu poder. Isso significa que essa expressão é uma indicação do poder criativo e sustentador de Deus.

Como diz o comentarista bíblico, a palavra que sai da boca de Deus “é a onipotência de Deus exercida na criação e na preservação; é a sua palavra de ordem eficaz”. Aqui vale lembrar o que escreveu o salmista: “Pela palavra do Senhor os céus foram feitos” (Salmos 33:6).

Portanto, a palavra do Deus criador e sustentador de todas as coisas é a genuína fonte de sustento da vida. O homem pode ter toda a abundância de pão, mas não é isso que realmente lhe garante a existência. Por isso, “nem só de pão viverá o homem”. Tudo o que temos devemos à palavra de poder que sai da boca de Deus.

J. MacArthur explica outro aspecto importante dessa frase. Ele diz que sendo uma fonte de sustento mais importante que o pão, “a palavra que sai da boca de Deus” nutre nossas necessidades espirituais de uma maneira que nos beneficia eternamente; em vez de simplesmente prover alívio temporário da fome física.

Portanto, enquanto o pão sacia temporariamente a fome física, a palavra que procede da boca de Deus sacia eternamente a fome espiritual. Aquele que deposita totalmente sua confiança no Senhor sabe que jamais será desamparado. Isso porque “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.