Um cristão deve comemorar feriados?

Em nenhum lugar a Bíblia instrui os cristãos a comemorar feriados. Dias como o Dia de Ação de Graças, Dia dos Namorados, Dia da Memória, Dia do Trabalho, Dia da Independência, aniversários, etc., não são mencionados nas Escrituras. A Bíblia nem mesmo exige a celebração do Natal ou da Páscoa. A falta de qualquer ordem ou precedente bíblico com relação à comemoração dos feriados modernos levou algumas pessoas a se absterem de comemorar esses dias, mesmo os feriados considerados cristãos.

Os únicos feriados mencionados nas Escrituras são os dias de festa judaicos: Páscoa (Marcos 14:12), Pães Ázimos (Levítico 23:6), Primícias (Levítico 23:10; 1 Coríntios 15:20), Pentecostes (Levítico 23:15; Atos 2:1), Trombetas (Levítico 23:24), Dia da Expiação (Levítico 23:27) e Tabernáculos (Levítico 23:34). A origem do festival de Purim é detalhada em Ester 9:18-32, e João 10:22-23 menciona a Festa da Dedicação (ou Hanukkah). Muitos estudiosos acreditam que a festa mencionada em João 5:1 é o Purim, embora não tenha nome. O Antigo Testamento também menciona o festival da Lua Nova, que marcava a consagração a Deus de cada novo mês do ano. Os festivais da Lua Nova envolviam sacrifícios, o toque de trombetas (Números 10:10), a suspensão de todo trabalho e comércio (Neemias 10:31) e festas sociais ou familiares (1 Samuel 20:5). Nenhum desses feriados, embora "bíblicos" no sentido de que estão na Bíblia, são obrigatórios para os cristãos. Jesus Cristo veio para cumprir a lei (Mateus 5:17) e estabelecer uma nova aliança (Lucas 22:20), e as festas judaicas encontram seu cumprimento nEle.

Embora não haja nenhuma ordem na Bíblia para que os cristãos do Novo Testamento comemorem feriados, também não há nenhuma proibição de fazê-lo. A Bíblia nunca fala contra a comemoração de feriados. A Bíblia nunca fala contra a celebração de feriados. Com base apenas nesse fato, é permitido que os cristãos comemorem feriados.

Alguns cristãos evitam comemorar feriados porque muitos dos feriados comemorados hoje em dia - mesmo aqueles normalmente rotulados como feriados "cristãos" - são de origem questionável. É verdade que a celebração cristã de certos feriados pode representar uma recuperação de celebrações pagãs - um antigo feriado pagão foi "redimido" para a glória de Deus, imbuído de um novo significado e adornado com diferentes tradições destinadas a adorar o Senhor. Alguns cristãos não conseguem ignorar as associações pagãs históricas desses feriados; outros se conformam com a história e louvam a Deus pela oportunidade moderna de magnificar o nome de Deus.

Alguns feriados são mais claramente compatíveis com o cristianismo do que outros. O Natal e a Páscoa, é claro, são celebrações cristãs do nascimento e da ressurreição de Jesus. O Dia de Ação de Graças promove o ideal bíblico da gratidão. Esses feriados dão aos cristãos muitos motivos para comemorar. Outros feriados, como o Halloween e o Dia da Marmota, são um pouco mais difíceis de associar às crenças bíblicas.

Os cristãos que tentam decidir se comemoram ou não um feriado devem considerar algumas coisas: a) O feriado promove, de alguma forma, falsa doutrina, superstição ou imoralidade (Gálatas 5:19-23)? b) Podemos agradecer a Deus pelo que observamos em um feriado (1 Tessalonicenses 5:16-18)? c) A celebração do feriado prejudicará nosso testemunho cristão (Filipenses 2:15)? d) Existe uma maneira de "resgatar" elementos do feriado e usá-los para glorificar a Deus (1 Coríntios 10:31)? Ao fazer todas essas perguntas, devemos orar a Deus, pedindo-Lhe orientação (Tiago 1:5).

No final das contas, a celebração de feriados é uma questão de consciência. Romanos 14:4-6a deixa isso claro: "Quem é você para julgar o servo alheio? Para o seu próprio dono é que ele está em pé ou cai; mas ficará em pé, porque o Senhor é poderoso para o manter em pé. Alguns pensam que certos dias são mais importantes do que os demais, mas outros pensam que todos os dias são iguais. Cada um tenha opinião bem-definida em sua própria mente. Quem pensa que certos dias são mais importantes faz isso para o Senhor. Quem come de tudo faz isso para o Senhor, porque dá graças a Deus." Podemos extrair vários princípios dessa passagem:

1) Os cristãos podem ter discordâncias sinceras sobre a observância dos feriados, e essas discordâncias não devem ser uma fonte de conflito.

2) Cada um de nós deve prestar contas a Deus por nossas próprias ações.

3) Não temos o direito de julgar outro crente no que diz respeito à celebração de feriados.

4) Em qualquer dia que consideremos "especial", nossa observância deve ser "para o Senhor".