Como um cristão deve ver o fascismo?

De acordo com o Merriam-Webster Dictionary, o fascismo é "uma filosofia política, movimento ou regime que exalta a nação e, muitas vezes, a raça acima do indivíduo, e que defende um governo autocrático centralizado, chefiado por um líder ditatorial, uma severa regulamentação econômica e social e a supressão forçada da oposição".

O maior exemplo de fascismo é, obviamente, o nazismo na Alemanha do século XX. Um ditador autocrático (Adolph Hitler) decidiu adotar políticas que colocavam a Alemanha em primeiro lugar a todo custo e que também colocavam a "raça ariana" em primeiro lugar, de modo que outros não arianos (principalmente judeus) e os deficientes fossem exterminados. Nesse processo, os direitos individuais de todos os alemães foram severamente restringidos.

Os cristãos deveriam condenar o que aconteceu na Alemanha nazista e, hoje, todos condenam. No entanto, na época, parece que muitos cristãos (ou pelo menos aqueles que se identificavam como tal) não tiveram problemas em concordar com o programa nazista. Com muita frequência, a causa da nação é, de alguma forma, confundida com a causa de Cristo. Isso aconteceu na Alemanha, em parte, porque era uma nação "cristã" com uma igreja nacional.

Para uma avaliação cristã do fascismo, precisamos examinar cada um dos componentes individuais encontrados na definição acima. O primeiro é o do líder autocrático ou ditador. As Escrituras não condenam os ditadores. De fato, nos tempos antigos, quase todos os líderes eram ditadores. Do Faraó a Nabucodonosor e a César, todos tinham mais ou menos poder supremo em seus reinos. Até mesmo o rei de Israel tinha muito mais poder do que qualquer líder em uma democracia moderna, mas o rei de Israel deveria governar com justiça, de acordo com a Lei, como representante de Deus. De fato, todos os reis devem governar com justiça e serão julgados de acordo com ela (Salmo 82). Embora isso possa ofender a sensibilidade moderna, os ditadores em si não são condenados nas Escrituras. Entretanto, os ditadores autocráticos são um problema se eles se recusarem a ser governados pela lei de Deus e se tornarem uma lei para si mesmos.

Os cristãos nas democracias modernas têm ferramentas para se opor a governantes fora de controle que os cristãos antigos provavelmente nunca imaginaram - voto, liberdade de expressão, direito de reunião, etc. - e essas ferramentas devem ser usadas. É claro que, como diz a definição de fascismo acima, um regime fascista é repressivo, portanto, os direitos individuais geralmente são suprimidos. A chave seria usar esses direitos enquanto eles ainda estão disponíveis para evitar que o fascismo chegue ao poder total.

O segundo componente do fascismo a ser considerado é a exaltação do bem nacional acima dos direitos individuais. As Escrituras não fazem uma avaliação direta dos direitos individuais versus os direitos nacionais. Há sempre um equilíbrio. Às vezes, os homens são chamados para ir à guerra para proteger a nação quando muitos deles prefeririam não ir. Às vezes, um órgão governamental pode confiscar a propriedade privada para o bem público. Nos Estados Unidos, isso não pode ser feito sem o devido processo legal e a indenização pela propriedade. Em um regime fascista, a propriedade privada pode ser confiscada à vontade, mas isso se aplica a muitos regimes totalitários, não apenas aos fascistas. Por outro lado, se os direitos individuais forem absolutizados, o resultado será a anarquia. Deve haver um equilíbrio, e as democracias ocidentais têm conseguido manter esse equilíbrio por meio de um sistema de "freios e contrapesos" entre o governo e o povo e dentro do governo, para que nenhum indivíduo ganhe muito poder.

Os regimes fascistas também costumam exaltar sua própria nação acima de todas as outras nações. Certamente, não há nada de errado em uma nação cuidar de seus próprios interesses, mas quando isso acontece em detrimento de outras nações, é contrário às Escrituras. Filipenses 2:3-4 nos dá o ideal: "Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros." O que é dito aqui sobre o indivíduo também se aplica às nações. Em um regime fascista, o ditador individual muitas vezes se considera a personificação da nação, de modo que pode confundir seu próprio bem pessoal com o da nação e de seu povo.

Biblicamente falando, parece que o aspecto mais odioso do fascismo é a distinção entre "raças" e a exaltação da própria raça acima das outras. Não há base bíblica para essas distinções. Primeiro, biologicamente falando, há apenas uma raça - a raça humana com a classificação científica Homo sapiens. As diferenças que geralmente associamos à raça, como a cor da pele ou o formato dos olhos, são simplesmente variações da espécie. Outras distinções, como alimentação, música e estilo de vestimenta, são resultado de forças culturais. Em última análise, não há diferença real entre as pessoas - todas são feitas à imagem de Deus, todas pecaram e todas devem ser salvas pela fé em Cristo ou serão condenadas perante Deus. O racismo é errado em todos os casos e deve ser combatido pelos cristãos, tanto na igreja quanto na sociedade em geral. Por esse motivo, um cristão não deve participar de organizações fascistas.