Qual é a autoridade do crente?

A autoridade do crente se baseia no mandato do crente de servir ao Senhor. Quando estamos na vontade de Deus, podemos nos mover com a confiança de que estamos fazendo o que é certo e de que o poder do Espírito Santo está agindo dentro de nós e por meio de nós. Alguns ministérios enfatizam a autoridade do crente em uma extensão doentia e antibíblica. É melhor lembrar a mansidão para a qual fomos chamados (Tito 3:1-2; Tiago 3:13). Até mesmo Paulo, que como apóstolo tinha autoridade genuína sobre a igreja, nem sempre exercia sua autoridade: "Pois bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo para ordenar a você o que convém ser feito, prefiro, no entanto, pedir em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus" (Filemom 1:8-9).

Antes de começarmos a enumerar as coisas que estão sob a autoridade do crente, devemos reconhecer que, antes de mais nada, o crente está sob autoridade. "Deus [é] o bendito e único Governador, o Rei dos reis e Senhor dos senhores" (1 Timóteo 6:15). E nosso Senhor Jesus nos lembra: "Assim também vocês, depois de terem feito tudo o que lhes foi ordenado, digam: 'Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer'" (Lucas 17:10). A vida do crente é de total dependência de Deus, conforme o modelo do Filho do Homem (veja Lucas 22:42 e João 5:30).

Deus designou autoridades menores neste mundo para governar sob Ele. Os pais têm autoridade sobre seus filhos (Efésios 6:1). Os maridos têm autoridade sobre suas esposas (Efésios 5:22-24). Os reis têm autoridade sobre seus súditos (Romanos 13:1-7). Os apóstolos tinham autoridade sobre a igreja (Atos 4:34-35; Filemom 1:3).

Algumas pessoas usam a Grande Comissão para ensinar a autoridade do crente: "Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: — Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos" (Mateus 28:18-20). Mas a autoridade na passagem pertence claramente a Jesus. Ele reivindica "toda autoridade" e depois diz àqueles que estão sob Sua autoridade o que fazer. Com base na Grande Comissão, a única "autoridade" que os crentes possuem é a autoridade para ir a todo o mundo, a autoridade para fazer discípulos, a autoridade para batizar em nome do Deus Triúno e a autoridade para ensinar os mandamentos de Jesus. No exercício dessa autoridade, o crente está simplesmente obedecendo a ordens.

Além da autoridade para compartilhar o evangelho, a autoridade do crente inclui o direito de ser chamado de filho de Deus (João 1:12) e a autoridade para "aproximar-se do trono da graça de Deus com confiança" (Hebreus 4:16). Em todas as coisas, lembramos que Cristo é o Senhor. "Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor" (2 Coríntios 10:17).

Alguns cristãos se confundem com relação à autoridade do crente porque tiram os versículos do contexto. Mateus 10:1, por exemplo, diz: "Tendo Jesus chamado os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre espíritos imundos para os expulsar e para curar todo tipo de doenças e enfermidades." Algumas pessoas reivindicam autoridade sobre demônios e doenças com base nesse versículo, ignorando o fato de que Jesus estava falando a um grupo específico de pessoas ("seus doze discípulos") para um período específico do ministério. Outros afirmam que possuem dons apostólicos, reivindicando para si a mesma autoridade de Pedro ou Paulo. Algumas pessoas reivindicam autoridade para o crente com base nas promessas do Antigo Testamento a Josué (Josué 1:3), Gideão (Juízes 6:23) ou Israel (Deuteronômio 8:18; Malaquias 3:10) - mais uma vez, tirando versículos do contexto. Outros crentes reivindicam autoridade com base em Marcos 16:17-18, embora essa parte do evangelho de Marcos seja um acréscimo tardio e não original.

Paulo exortou Tito a ensinar a Escritura com ousadia e autoridade (Tito 2:15). Quando os crentes servem uns aos outros e ao Senhor, devem fazê-lo com confiança e com a autoridade que advém do fato de saberem que estão fazendo a obra de Deus: "Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus lhe dá, para que, em todas as coisas, Deus seja glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio para todo o sempre. Amém!" (1 Pedro 4:11).

A autoridade do crente vem de Deus e da Palavra de Deus. Como somos embaixadores de Deus, podemos falar com Sua autoridade ao compartilharmos Sua Palavra, apelando ao mundo em nome de Cristo (2 Coríntios 5:20). Empunhamos a espada do Espírito, uma arma poderosa forjada por Deus para o nosso uso (Efésios 6:17).