O que significa o fato de Deus ser um fogo consumidor?

Deus é identificado pela primeira vez como um "fogo consumidor" em Deuteronômio 4:24 e 9:3. O escritor aos Hebreus reitera, alertando os hebreus a adorarem a Deus com reverência e temor "porque o nosso Deus é um fogo consumidor". Não há nada de misterioso nas palavras hebraicas e gregas traduzidas como "fogo consumidor". Elas significam exatamente isso: um fogo que consome ou destrói totalmente. Como, então, um Deus amoroso e misericordioso pode ser também um fogo consumidor que destrói totalmente?

Nas duas passagens de Deuteronômio em que Deus é chamado de fogo consumidor, Moisés fala primeiro para advertir os israelitas contra a idolatria (Deuteronômio 4:23-25) porque Deus é um "Deus zeloso" e não compartilhará Sua glória com ídolos sem valor. Esse comportamento provoca nEle uma ira justa que é justificada quando Sua santidade é desrespeitada. Em Deuteronômio 9:3, Moisés novamente se refere a Deus como um fogo consumidor (ou devorador) que iria à frente dos israelitas para a Terra Prometida, destruindo e subjugando seus inimigos diante deles. Aqui, novamente, vemos a ira de Deus contra aqueles que se opõem a Ele retratada como um fogo que consome e destrói totalmente qualquer coisa em Seu caminho.

Há vários incidentes em que a ira, o julgamento, a santidade ou o poder de Deus são demonstrados pelo fogo do céu. Os filhos de Arão, Abiú e Nadabe, foram destruídos pelo fogo quando ofereceram um sacrifício profano, "fogo estranho", no tabernáculo, um sinal de sua desconsideração pela santidade absoluta de Deus e pela necessidade de honrá-Lo com temor solene e santo. O confronto entre Elias e os profetas de Baal no Monte Carmelo é outro exemplo do fogo consumidor de Deus. Os profetas de Baal invocaram seu deus durante todo o dia para que chovesse fogo do céu, sem sucesso. Então Elias construiu um altar de pedras, cavou uma vala ao redor dele, colocou o sacrifício em cima da madeira e pediu que a água fosse derramada sobre o sacrifício três vezes. Elias invocou a Deus, e Deus enviou fogo do céu, consumindo completamente o sacrifício, a madeira e as pedras, e lambeu a água da vala. Em seguida, Sua ira se voltou contra os falsos profetas, e todos eles foram mortos. Ao profetizar a destruição dos assírios, que resistiram ao Deus vivo e verdadeiro e guerrearam contra Seu povo, Isaías se refere à língua do Senhor como um fogo consumidor e "o Senhor... fará ver o abaixamento do seu braço, com indignação de ira, e labareda de fogo consumidor" (Isaías 30:27-30).

A santidade de Deus é a razão de Ele ser um fogo consumidor, que queima tudo o que é profano. A santidade de Deus é a parte de Sua natureza que mais O separa do homem pecador. Os ímpios, escreve Isaías, tremem diante dEle: "Quem de nós pode habitar com o fogo consumidor? Quem de nós pode habitar com o fogo eterno?" Isaías responde a isso dizendo que somente os justos podem suportar o fogo consumidor da ira de Deus contra o pecado, porque o pecado é uma ofensa à santidade de Deus. Mas Isaías também nos assegura que nenhuma quantidade de nossa própria justiça é suficiente (Isaías 64:6).

Felizmente, Deus providenciou a justiça de que precisamos ao enviar Jesus Cristo para morrer na cruz pelos pecados de todos que acreditassem nEle. Nesse único ato, Cristo atenuou a ira de Deus, trocando Sua perfeita justiça pelo nosso pecado. "Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21). Toda a ira de Deus foi derramada sobre Jesus, para que aqueles que pertencem a Ele não tivessem que sofrer o mesmo destino que os assírios. "Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (Hebreus 10:31), mas não precisamos temer o fogo consumidor da ira de Deus se estivermos cobertos pelo sangue purificador de Cristo.