O que é o batismo de amor?

O "batismo de amor" é mencionado na cultura carismática, e o conceito é promovido pela Igreja Bethel de Redding, Califórnia. A ideia por trás do ensino do "batismo de amor" é que os crentes precisam buscar uma experiência de intimidade com Deus que ultrapasse o conhecimento dEle. Além de sermos batizados com água, e além de sermos batizados pelo Espírito, também devemos ser batizados em amor.

A Bíblia tem muito a dizer sobre o amor, é claro, mas o "batismo de amor" não é mencionado na Bíblia. De acordo com os que ensinam essa doutrina, um "batismo de amor" é uma experiência transformadora na qual o amor de Deus lava o crente, enchendo-o de amor sobrenatural e de um desejo de passar tempo na presença de Jesus. Durante um "batismo de amor", é de se esperar que haja cura física e outros milagres. E, a partir desse momento, a pessoa que for "batizada em amor" exalará amor a todos que encontrar.

Uma autora descreve sua experiência de "batismo de amor": "Uma grande onda após a outra de desejo irresistível tomou conta de mim, apenas para olhar para o rosto de meu amado Mestre. . . . Deixei que meu coração se entregasse a um profundo desejo até que me deitei com uma expectativa alerta, mas tranquila, ouvindo a voz abençoada que eu sabia tão bem que diria: 'Venha'. . . Nunca mais fui a mesma pessoa desde então, pois em meu ser se refletiu um amor tão avassalador pelas almas que eu não sabia o que fazer com ele" [Helm, Kathryn, The Lure of Divine Love (A atração do amor divino), 1929, capítulo XXVIII].

Alguns que ensinam o "batismo de amor" usam os Cânticos de Salomão para visualizar Jesus como um parceiro de casamento a quem devemos abrir o coração e cujo amor devemos experimentar. Dessa forma, o ensino do "batismo de amor" se assemelha ao paradigma nupcial. Outros associam o "batismo de amor" a um movimento de Deus no fim dos tempos que dará início a uma era de manifestações cheias do Espírito que rivalizará com a da igreja primitiva. Dessa forma, a doutrina do "batismo de amor" corresponde ao ensino da chuva tardia.

Se conseguirmos separar o termo batismo de amor de suas conotações carismáticas, podemos dizer que a ideia de ser "imerso no amor de Deus" pode ser uma metáfora válida para viver e andar em amor (veja Efésios 5:2 e 2 João 1:6). O amor é a maior dádiva (1 Coríntios 13:13). Sem ele, não somos nada (versículos 2-3).

O amor uns pelos outros é a marca de que somos discípulos de Cristo (João 13:35). Deus, cuja própria natureza é o amor (1 João 4:8), demonstrou o Seu amor por nós enviando Seu Filho para morrer por nossos pecados (João 3:16; Romanos 5:8).

A Bíblia fala de ser batizado pelo Espírito no Corpo de Cristo - um ato que ocorre no momento da salvação (1 Coríntios 12:13). A Bíblia fala de crentes sendo batizados na água como um sinal de seu compromisso com Cristo e da nova vida nEle (Atos 10:47). Mas a Bíblia não fala em lugar algum de um "batismo de amor" separado, no qual o cristão alcança novos níveis de intimidade com Jesus e sente maiores solavancos de poder. Deus pode realizar a Sua obra transformadora com ou sem experiências emocionais ou pontos de inflexão estimulantes.

Precisamos do amor de Deus? Sem dúvida. Paulo orou para que a igreja "conhecesse esse amor que excede todo o conhecimento" (Efésios 3:19). Será que experimentamos o amor de Deus em "ondas" que nos inundam ou que agitam nosso espírito de forma mística? Não necessariamente. Deus nos disse que o Seu amor é um fruto do Espírito, juntamente com a alegria, a paz, o autocontrole e os demais (Gálatas 5:22-23). Ao nos submetermos ao Espírito, seremos cheios de Seu amor e, então, poderemos amar os outros.

Não há nada de errado em querer "sentir" o amor de Deus. Mas buscar um "batismo de amor" vai além do que a Bíblia ensina. A ideia de que precisamos de outra experiência para obedecer plenamente aos mandamentos de Deus está errada. Já temos "tudo o que precisamos para uma vida piedosa" (2 Pedro 1:3; cf. 1 Coríntios 3:21-22).