O que é o transcendentalismo?

O transcendentalismo é uma filosofia que diz que nosso conhecimento da realidade vem de uma análise de nossos próprios processos de pensamento, e não de evidências científicas. Segundo o transcendentalista, se Deus existe, Ele pode ser encontrado através da intuição humana. O transcendentalismo é mais comumente associado a uma visão filosófica/religiosa desenvolvida em meados de 1800 por um grupo de intelectuais principalmente unitários e agnósticos na Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, incluindo Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau.

Muito do pensamento transcendental vem do idealismo alemão e dos escritos de Immanuel Kant, o filósofo geralmente visto como o alicerce de toda a filosofia moderna. Kant usou o termo transcendental para descrever aqueles elementos a priori (não analíticos) envolvidos na experiência empírica. Kant não acreditava que esses elementos fossem “espirituais” em nenhum sentido, mas sustentava que eles não se originaram da observação empírica e eram, portanto, em certo sentido, intuitivos.

O transcendentalismo da Nova Inglaterra dos anos 1830-60 sequestrou essencialmente a filosofia de Kant e aplicou seus “transcendentais” às ideias, bem como ao reino fenomenológico. Assim, a intuição foi valorizada como um guia necessário na compreensão de toda a realidade, incluindo a ciência, a filosofia e a religião. Esta ideia veio de Samuel Taylor Coleridge como interpretado pelo Ministro Unitário Frederic Henry Hedge.

Hedge iniciou um grupo que se tornou o Clube Transcendental, originalmente um grupo de discussão para ministros unitários desencantados e alguns outros. Importantes transcendentalistas incluem Emerson, Thoreau, Theodore Parker – que em última análise rejeitou até mesmo uma compreensão unitária do sobrenatural – James Marsh, Caleb Henry e o próprio Hedge. Margaret Fuller também foi influente no movimento por meio de seus esforços de redação, edição e organização.

Definir o transcendentalismo tem sido problemático desde o início. O próprio Emerson teve grande dificuldade em colocá-lo de forma sucinta, reclamando em cartas para sua mãe que as pessoas sempre lhe pediam para defini-lo porque ele era identificado como um transcendentalista. Não ajuda que a única crença verdadeiramente consistente entre os transcendentalistas originais tenha sido a adaptação de Hedge da interpretação de Coleridge de Kant – uma cadeia de ideias já confusa! Um conglomerado de muitas definições diferentes poderia ser resumido a “uma filosofia da intuição como guia para a espiritualidade”.

Alguns transcendentalistas afirmaram ser cristãos; no entanto, a ideia de que uma compreensão humana e intuitiva do “transcendental” pode nos levar à verdade é equivocada. O transcendentalismo entra em conflito direto com o mandamento bíblico de “não se apoiar em seu próprio entendimento” (Provérbios 3:5). Entretanto, os transcendentalistas fizeram mais do que confiar em seus sentimentos. Eles também receberam orientação de poetas românticos como William Wordsworth e dos textos sagrados do hinduísmo. Thoreau, em Walden, falou de como “pela manhã eu banho meu intelecto na estupenda e cosmogônica filosofia do Bhagavad Gita”.

A Bíblia é a verdade (João 17:17). O coração do homem é enganoso (Jeremias 17:9). Aqueles que confiam em sua própria intuição e “bom senso” para conduzi-los à verdade espiritual serão desviados (Isaías 53:6).