O que é reprovação? O que significa ser réprobo?

"Reprovação" é o termo usado para descrever aqueles que, por padrão, permanecem em sua natureza humana caída para pecar e ser eternamente condenados. Pode ser a única consequência possível se, conforme as Escrituras declaram, Deus conheceu e escolheu outros para a vida eterna por meio de Seu Filho unigênito, o Senhor Jesus Cristo (Efésios 1:4-5; Romanos 9:24-25). Em Atos 13:48, lemos: "E todos os que haviam sido destinados para a vida eterna creram." A partir disso, vemos que o decreto de reprovação é resultado da incredulidade ou, melhor, o decreto de reprovação resulta em incredulidade. Alguns teólogos declaram nas Escrituras que Deus conheceu alguns e reprovou outros, antes da Queda de Adão. Isso é chamado de supralapsarianismo, do latim supra que significa "acima" e lapsus, que significa "queda". Outros sustentam que o conhecimento prévio e a reprovação foram decretados para acontecer como consequência da Queda, e isso é chamado de "infralapsarianismo".

A existência do estado de reprovação pode ser deduzida das Escrituras em muitos lugares, como Provérbios 16:4 e Jeremias 6:30, apenas para citar dois. Embora descreva o fato de que Deus rejeitou alguns, há um sentido em que aqueles a quem Ele rejeitou ainda servem aos Seus propósitos, apesar de sua rebelião voluntária. O melhor exemplo é a criação de Faraó no livro do Êxodo. Aqui estava um homem que claramente se recusou a obedecer a Deus, apesar das repetidas petições de Moisés para que os israelitas deixassem a terra do Egito. Mas o que notamos sobre Faraó é que, apesar de sua obstinação voluntária, Deus foi, no entanto, glorificado por meio dele. Lendo Êxodo 9:13-16, observamos que Deus diz que poderia ter destruído todo o Egito e Faraó se não fosse por Seu desejo de demonstrar Seu poder e fazer Seu nome conhecido em toda a terra (Êxodo 14:4,31). Claramente, Deus cumprirá todos os Seus propósitos eternos, tanto por meio daqueles a quem Ele conheceu (Filipenses 2:13) quanto por meio daqueles a quem Ele rejeitou - os réprobos (Romanos 9:22). Em ambos os casos, Deus receberá a maior honra e glória.

Finalmente, a questão que resta é se podemos declarar alguém como réprobo nesta vida. Claramente, não podemos. As doutrinas da graça como propostas por João Calvino são ao mesmo tempo o centro e a própria essência da teologia reformada, mas infelizmente alguns as levaram ao extremo. O hipercalvinismo, por exemplo, ousa declarar que levar o evangelho ao mundo é desnecessário se Deus já decretou quem Ele salvaria ou não salvaria. No entanto, João 3:16 não diria: "Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" se, de fato, tivéssemos conhecimento de tais segredos como aqueles que são réprobos. Nossa responsabilidade é pregar o evangelho a todos os homens em todos os lugares, suplicando-lhes que se reconciliem com Deus (2 Coríntios 5:20).