Não é falta de amor dizer a alguém que ele está pecando?

Falar sobre pecado é algo comumente mal visto hoje em dia. Até mesmo muitos pastores evitam fazer declarações que possam ser vistas como remotamente condenatórias ou reprovadoras. A sabedoria convencional é que é cruel ou desamoroso - e, portanto, ímpio - se posicionar contra certas atividades. Entretanto, o que é socialmente aceitável nem sempre é biblicamente aceitável, e a questão de amar alguém não tem nada a ver com o fato de o comportamento dessa pessoa ser ou não aceitável para Deus.

Sim, Deus ama a todos e, como todos são pecadores, Deus ama os pecadores. Deus ama o mundo inteiro (João 3:16), mas isso não significa que Ele aprova o pecado. Um bom pai ama seus filhos, mas isso não significa que ele os deixa fazer tudo o que querem. Quando um filho mente para sua mãe, ela ainda pode amá-lo, mas não precisa aprovar a mentira e pode, com amor, corrigi-lo.

É perfeitamente possível amar alguém e, ao mesmo tempo, apontar seus erros. De fato, o amor às vezes exige que apontemos um erro. Se um parente está se envolvendo com drogas ilícitas, a atitude mais amorosa não seria confrontar o uso de drogas e oferecer ajuda? Se um amigo casado está flertando com alguém que não é seu cônjuge, o que é mais amoroso - fazer vista grossa e esperar pelo melhor ou alertar o amigo sobre as consequências iminentes? O pecado destrói (Tiago 1:15), e o amor tenta evitar a destruição. "O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade" (1 Coríntios 13:6).

É importante definir o amor corretamente. Se por "amor" alguém quer dizer "aplaudir um estilo de vida pecaminoso", "ignorar o pecado" ou "professar que as ações não importam", então essa é uma visão errônea do amor. Biblicamente, o amor é fazer o que é melhor para alguém, independentemente do custo. Portanto, o amor é verdadeiro. O engano não pode trazer o "melhor" para ninguém.

Jesus demonstrou o equilíbrio perfeito entre a verdade e a graça (João 1:14). Ele personificou ambas. Jesus sempre falava o que era exata e inequivocamente verdadeiro, e repreendia aqueles que se opunham à verdade com severas repreensões (veja Mateus 23:33). Mas Jesus só tinha palavras de conforto e graça para aqueles que se aproximavam Dele em arrependimento, independentemente do pecado que tivessem cometido (ver Lucas 7:48). Não podemos ignorar a verdade e chamá-la de "graça", assim como não podemos ignorar a graça e chamá-la de "verdade". A verdade é que Deus julgará o pecado; a graça é que Deus nos salva do pecado.

Podemos e devemos amar os pecadores que não se arrependem e aqueles que se recusam a reconhecer seu pecado. Devemos querer o melhor para eles e fazer o bem a eles. E devemos lhes dizer a verdade sobre seu pecado, juntamente com a mensagem da graça de Deus em Cristo - o pecado pode ser perdoado e os corações podem ser renovados.

Em tudo isso, é importante permitir que a Bíblia (e somente a Bíblia) defina o pecado e a justiça. Se a Bíblia diz que algo é pecado, então nenhuma pressão da sociedade, sabedoria mundana ou experiência pessoal deve nos fazer dizer algo diferente. A verdade é a verdade, não importa o que alguém diga ou como alguém se sinta.

É igualmente importante comunicar a verdade em amor (Efésios 4:15) e buscar um equilíbrio cristão entre a verdade e a graça. Além disso, é importante abordar todas as situações com um espírito de humildade e perdão. "O amor cobre uma multidão de pecados" (1 Pedro 4:8). Não precisamos apontar todos os pecados nem criticar todas as ações.

Paulo, que frequentemente se encontrava em turbilhões sociais e religiosos, disse isso muito bem: "O servo do Senhor não deve andar metido em brigas, mas deve ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem a ele, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem a verdade" (2 Timóteo 2:24-25). Ao instruirmos outras pessoas sobre a verdade, façamos isso gentilmente e com bondade para com todos.